CAPITULO IV




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Joilson de Assis


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CAPÍTULO V










Não precisamos ser perfeito para sermos felizes, precisamos apenas amar; pois o amor torna perfeito todo defeito e o olhar de quem ama afugenta qualquer fungo na alma. É o amor quem nos ensina o prazer do proporcionar e não somente o prazer de obter, obter, todo amor gera assistencialismo, é uma incrível vontade de prestarmos assistência a pessoa escolhida pelo nosso coração. Com o sexo possuímos o corpo da pessoa amada, mas com o amor a alma e o espírito são doados para gerarem vida transcendental. Quem poderá ser feliz sem amar e ser amado mesmo que seja por um cachorro, um gato. A alma humana NECESSITA de amor para sobreviver neste mundo seco de ganâncias e ambições. Não existe maior combinação do que o amor, é uma verdadeira harmonia entre o conceder e o compartilhar, o receber e o doar. É a incrível necessidade de se doar, de ser útil, de fazer feliz a pessoa amada.



É a incrível força do inexplicável, pois a simplicidade do amor torna espetacular todas as coisas simples.




Ser pai é Imitar Deus, pois ele é pai e cuida de todos os seus filhos mesmo em imperfeição. O tempo passou e Mercien a querida e meiga índia teve o nosso filho na mata do forte velho. A felicidade não tem medida que possa medi nem metro que possa demarcá-la em intenção. É uma união do nosso espírito com o universo das estrelas. Mercien segurando o meu filho com aqueles lábios levemente avermelhados e carnudos devido a gravidez. Existem segundos que nos marcam por milênios! Cuidamos da criança por algum tempo no forte velho depois levamos ela para a família de Mercien na baía da traição por causa dos ataques dos caboclos aos soldados e moradores da região. Coloquei o nome da criança Hanson Soares de Goa Hopper e Mercien colocou o nome Luz do amanhecer em sua língua tupy.





Deixamos a criança com parentes dela que também estava amamentando. Mercien não queria deixar seu filho, mas não queria deixar o seu amor, imagino o conflito no coração da pequenina índia potiguara. Mas se os pais não se amarem como o filho se sentirá seguro; é o amor a principal segurança.




Politicamente falando a situação estava piorando para os Holandeses e alguns já falavam em uma retirada em massa. Os caboclos Vassalos estavam causando várias baixas entre os Holandeses e os banqueiros exigiam seus empréstimos pagos. A Holanda tinha iniciado o movimento capitalista no Brasil, mas a multidão de caboclos, mamelucos dava aos portugueses um número muito grande de homens dispostos a lutarem contra os que chamavam de invasores. O sentimento de posse era utilizado para gerar soldados dispostos a lutarem e a morrerem por suas terras.





Os nativos Tabajaras geravam muita força para os lusitanos tendo apenas como oposição os fieis potiguaras, e os nativos, bravos índios Cariris. Em Alagoas os nativos cariris e outros ainda sustentavam a luta armada dando vantagem ao nosso exército e os nativos mistos demonstram certa simpatia a nossa causa. O Brasil para os Holandeses começou como um namoro que se namora só por namorar, mas com o passar do tempo se tornou uma grande paixão, daquelas que não se abre mão. As operações secretas no forte de Santa Catarina alimentaram muito e baús misteriosos eram trazidos e escondidos. Será que seria suprimentos de guerra? Paulo Linge o responsável pela região apertava as tropas como se quisessem dela o impossível, tomar a cidade de nossa senhora das neves (João Pessoa), principalmente o forte de Santo Antônio e são Francisco (Igrejas). Discussões havia nas reuniões de oficiais e os que eram contra este suicídio eram desprezados.



Paulo Linge - Precisamos tomar a cidade de nossa senhora das neves para assegurar nossa estabilidade na região.




Capitão Adrian - Senhor nós não temos forças para invadir uma cidade tão fortificada, é um suicídio!




Paulo Linge - Vocês são uns fracos. Vamos reunir o máximo de potiguaras para este fim, eles enfrentaram os tabajaras depois tomaremos a cidade por cima dos cadáveres.
Van Soares - Senhor não podemos fazer isto com os potiguara.





Paulo Linge - Você está defendendo o povo gentil da sua amada, mas Deus não aprova esta sua união.




Van Soares - Então Deus aprova a sua ambição particular.



Paulo Linge - O quê? O conselho geral saberá deste seu insulto e pecado.



Van Soares - Pecado é trocar o amor pelas ambições de tesouros enterrados.



Com esta frase Paulo Linge se descontrolou, pois tocou em sua ferida e em seu tesouro escondido no convento São Francisco. Mas ele estava preso pelo apoio de Potyassur a minha pessoa e temia perder o apoio dos principais potiguara. Linge demos trava-se descontrolado e falava loucamente pois não era a pele dele que estava em jogo. Tínhamos que lutai por banqueiros gordos e fartos de juros que não queriam perder nenhum centavo de seus milhares de florins. O Governo holandês sempre teve uma boa intenção com o Brasil mas os queiros tornaram o nosso domínio indesejável entre os Brasileiros. Soldados novos e nativos foram enviados a mim na igreja de nossa senhora da Guia para ser treinados no pátio existente no lado sul da mesma. Eu deveria treina-los para combater e em breve seriam utilizados nos combates em Recife e Alagoas, Vendo aqueles nativos e jovens treinando fiquei pensando que muitos enviam milhares para a morte em nome de suas ideologias furadas, mas não comprometem nem um dedo para defender o que é seu.


Por que eu deveria arriscar a minha pele peIo bolso dos outros? Mas na vida existem forças que não fomos controlar somente obedecê-Ias ou fugir delas. A idéia de abandonarmos o Brasil soava em minha mente com repúdio e os reverendos eram totalmente contra a esta idéia por causa da evangelização. Os nativos nobres da terra dominada ofereceu a Linge 9 mil Florins para abandonar as terras da Paraíba parte do Recife e Rio Grande do Norte. Esta oferta balançou as idéia de Linge que ficou de pensar.




Treinamos exaustivamente na igreja da Guia e várias vezes nos preparamos para viajarmos de navios, mas a ordem final não vinham. Os portugueses tinham infiltrado vários espias em nosso meio e cada passo que planejamos foi delatado. A situação estava ficando muito tensa a cada mês que passava. Meu maior medo era deixar Mercien, mas eu estava disposto a deixar a farda e passar a viver como um caboclo qualquer só para ficar perto do meu amor.




Treinamos muito e fomos de navio ao Recife para encontramos Vassalos escondidos nas matas que estavam queimando canaviais e fomos recebidos a tiros. Eles pareciam que estavam recebendo apoio bélico de Portugal mesmo a coroa Portuguesa demonstrando sinais de negociação. A luta foi terrível e Potiassur esteve sempre ao meu lado, era um sogro e guerreiro maravilhoso. Os caboclos traziam a força dos índios e a sagacidade dos brancos e negros dando bastante trabalho ao nosso exército. A situação em Recife parecia muito grave. Nativos, tropas, canhões subiam da Bahia e eram guardados em meio a densa mata. Os índios Tabajaras davam a força necessária a o exercito dos Vassalos, mas os Potiguaras agiam como verdadeiros anjos de guarda eles lutavam pelos nobres sem ter nenhuma possibilidade de ser um, lutam pela nobreza sem nem mesmo ela saber o seu nome, morrem por uma causa que nem mesmo sabe qual é, assim é o povo. Eles, os potiguaras eram os verdadeiros heróis em todas as batalhas que travávamos. Nenhum combate era feito sem o braço forte dos potiguaras, mas em nosso sistema eles foram os menos favorecidos, pouquíssimos empréstimos foram dados a eles, porém a paixão deles pelos holandeses era confortadora. Era bom saber que potiassur estava ao meu lado sempre com o facão que dei a ele. A região do Recife era uma bomba pronta para explodir.





Depois de muitos combates voltamos para casa e pensei comigo que a melhor coisa que uma viagem pode nos proporcionar é à volta. Tivemos muitas baixas principalmente entre os nativos causando um clamor e choro nas nativas que procuravam seus filhos, esposos e percebi que tanto um riso quanto uma lágrima não tem nacionalidade, cultura. Nós que fatiamos parte do corpo de oficiais sabíamos que a situação não era boa e uma retirada já era cogitada. Mas onde ficaria a memória de tantos índios e soldados mortos nos combates? Seriam em vão todas as mortes e dores que sofreram aqueles que sonharam morar nesta terra? Os pastores Calvinistas queriam evangeliza os nativos, mas a revolta estava crescendo através de Vidal de negreiros e Henrique Dias. No forte comandado pelo Coronel Hautjn o responsável pela região Paulo Linge chorou ao ver tantos feridos. É, na verdade governará o homem com suas qualidades e com seus defeitos e aonde houver acertos dos homens haverá erros seus. Não existe ninguém totalmente bom nem ninguém totalmente mau, na alma do homem o bem e o mal se intercalam. Paulo Linge teve muitos erros, mas havia em seu coração muitas qualidades, o fato era que estávamos sendo vítimas de unia situa¬ção muito difícil, pois no mundo lidamos com forças que não conseguimos controlar que vão desde da política até a própria força da natureza.





Tivemos um tempo para nos recuperarmos de tantas dores, mas a tensão estava constantemente no ar. Como de costume fui visitar o meu Amigo Frei Domingues da ilha da restin¬ga e com alegria fui recebido. Ao chegar junto com a minha ama Da índia Mercien o frei fez um bom lanche para nós.




Frei - Eu poderia rezar uma missa pra vocês dois? Van Soares - Sim. Por que não?
Frei - Estou com este estranho desejo de rezar uma missa Para Deus na presença de vocês. Quero cantar um hino de minha autoria e depois almoçaremos juntos!
Aquele velho frei fez suas orações, cantou vários hinos inclusive um hinos de sua Autoria. Almoçamos juntos e ele fez questão de nos servir com muita alegria; parecia que ele estava se despedindo.





Frei - Van Soares, se eu morrer lembre-se de me enterrar na encosta daquela pedra. Lembre-se que na morte há incríveis tesouros!





Eu não compreendi o que aquele frei disse, talvez ele estivesse entrando no clima dos enigmas dos Sonhos. Voltei ao forte velho g minha cabana de palhas, mas que era mais confortável do que um imenso palácio, pois nela havia amor. Reuniões constantes eram realizadas no forte de Santa Catarina e vários planos eram realizados e depois desfeitos devido ao tempo e as impossibilidades. Reverendos Calvinistas também vinham nos ensinar a palavra de Deus e alguns destes sempre soltar uma palavra contra a minha situação irregular temos que ver a limitação do coração humano que se prende a parte de uma idéia pensando que através dela compreenderá o todo. Eu era protestante, mas ao mesmo tempo ouvia o Frei Domingues pois este fazia de sua simpatia a melhor forma de pregar o evangelho. Como pregaremos a alegria utilizando a tristeza e a severidade? Alguns pregam a verdade de Deus como se fosse mentira e o alívio de Deus como se fosse dores.


De fato que Jesus não pertence a nenhuma religião apesar de apoiar muitos religiosos que trabalham em seu nome. No Calvinismo encontrei muitas ações radicais e o sistório que ele trazia investigava pecados no povo que eles mesmos declaravam que foram feitos para pecar. Alguns destes calvinistas amplificavam o poder e o controle de Deus, mas esquecia da sua bondade para com todos os homens inclusive o pobre que muitos desprezavam dizendo que Deus os abandonou toda religião tem seus exageros, pois todas são imperfeitas como os homens que as compõe.




Chegamos ao ponto de temer até o barulho da mata ao vento forte. A terra estava seca e cheia de pragas, as plantações estavam infestadas de lagartas e fungos que atingiam a cana de açúcar, matéria prima do açúcar e fonte de renda do império. Notícias más eram trazidas constantemente pelos combatentes feridos e o forte dos três reis magos foi tomado por Lusitanos e caboclos raivosos. Sá Recife os Vassalos matam em ataques repentinos demonstrando que perderam o medo de nossa milícia e em Alagoas a situação é a mesma. O povo de lagoas gostava de nosso domínio, mas a proximidade com a Bahia fazia os fortes lã existentes alvos de constantes ataques. A situação estava ficando insuportável.


O acordo não saía e enquanto isto os combates ceiavam a centenas de combatentes jovens que poderia ser úteis a império produzindo vida e riqueza. Na guerra notamos que o homem é a principal das feras e raivosa esta descontrolada em ambições. Tanto lugar, tanta vida, mas alguns querem só pra si. A coroa Holandesa queria desenvolver o lugar banhado pelo Sanhauá e o Paraíba, mas o medo de perder tudo atrasava tudo, todo investimento estava retardado. A inércia è o marasmo é a pior das mortes. Mas a memória do rico já morto faz mais do que a vida do pobre, pois não tem força de ação, produção. Mas estávamos dispostos para defender a Baía que chamávamos de Baía dos Holandeses.




Em uma quarta feira muito quente nos reunimos no Forte da família, Santa Catarina (A Santa da Família) ou Margarida como Mauricio de Nassau o chamava. O oficial:
Blaembeer queria nos declarar uma ação que se fazia necessária. Blaenbeer - temos que atacar os revoltosos nos engenhos Inho bim e Santo André. Francisco Somes Muniz e outros conspiram contra nós e preparam tropas para nos abater pouco a pouco. Eles devem muito a coroa Holandesa ao grupo dos dezenove, temos que nos preparar e atacá-los secretamente.



Capitão Adrien - Senhor quais seriam as metas deste ataque.
Oficial Blaenbeer - temos que ataca-los secretamente destruir o inimigo, prender ou matar Gomes e sua família. Eles estão em desvantagem bélica e nos números de soldados temos que fazer isto companheiros se não quisermos ver o inimigo em nosso quintal.




Foram reunidos trezentos guerreiros Potiguaras e trezentos soldados Batavos. O calor estava insuportável, mas nuvem de uma pesada chuva se aproximava da região. Fomos até os engenhos alvos prontos para destruir o inimigo. Na caminhada paramos para descansar um pouco antes de entrarmos em ação e adormeci.



Homem misterioso - Ah, há, há, há veja a águia neerlandesa como voa muito bem.
Então olhei e uma águia voava rapidamente pelos céus com uma autoridade incrível. Ela era bonita grande e tinha um aspecto de ágil, feroz e imbatível. Como voava bem aqueIa águia! O homem misterioso que me mostrou a águia nearlansa voar era tua caboclo de meia idade, com um único dente em sua boca com aparência de pobre ou desprovido do cotidiano. No meu sonho a águia voara muito altos quando de repente nuvens escuras surgiam como uma grande tempestade. Ao tentar voar acima das nuvens a águia ver um ninho de cobras e tenta antes de retira-se levar um almoço consigo. Enquanto a águia desça até o seu almoço uma terrível chuva caiu sobre ela daquelas que mal dá pra ver os objetos a frente. Chuva e relâmpagos atrapalham a águia feroz que cai no chão molhado sendo levada pela enxurrada. As águas levam a águia porte nearlandesa.




Soldado - Senhor Van Soares levante-se, tá na hora de ir...



Então levantamos acampamento e partimos para o nosso destino. Quando se caminha para a batalha se caminha para enfrentar a morte. Basta uma desculpa para que o sacerdote do mal atinja o combatente e o leve, mas a fé nos faz duvidar deste momento. Segundo o velho Marujo Saltes não ter medo da morte é uma excelente estratégia para não morrer em combate. Eu confiava em Deus e não tinha medo do mal nem da cara de nenhum combatente. A fé é a força de quem o tem! Já tinha enfrentado muitos combates sempre tendo ao meu lado o forte Potyassur. Mas até quando a sorte continuaria ao nosso lado?




Capitão Adrien - Atenção homens estamos próximos do engenho inhobim nossos primeiro alvo. Atenção, vamos chegar de vez e procurar os nossos alvos. Os nobres deverão ser pegos vivos ou mortos e quem passar pela frente deve ser morto.



Van Soares - Senhor vai chover muito sinta o vento da chuva ela poderá nos atrapalhar.




Enquanto eu falava relâmpagos dispararam no céu iluminando todo o solo e trovões abalavam a terra.



Van Soares - Senhor é melhor retrair e esperar a chuva parar então atacaremos com toda força.



Capitão Adrien - é, sim. Vamos retrair para dentro da mata e quando a chuva parar atacaremos.




Mas enquanto o Capitão Adrian Falava a chuva começou intensa e os cães da casa latiram muito o que alertou alguns caboclos que vieram fora ver o porque de tanto alvoroço entre os animais.



Caboclos - Vês alguma coisa?



- Mão.



- Estes cães parece que estão loucos.



- Carma Manoé tem alguma coisa no mato. Veja!



A tensão foi grande, não podíamos no mexer do lugar onde estávamos até a mata e os cães estava loucos com o nosso cheiro. Eles olharam tendo em suas mãos armas e como se nada tivesse visto entraram no engenho e fecharam a grande porta.




Van Soares - Eles não nos viram vamos senhor.



Capitão Adrien – Espere!



Existiam comentários que Rabelinho ou um filho deste revolucionário estava naquela fazenda. Rabelinho era procurado pelos Holandeses a muito tempo e existia um prêmio por sua delata? Alguns achavam que ele tinha sido morto outros tinham a certeza que ele estava infiltrado entre estes revolucionários vassalos. A violência era característica típica deste indivíduo que alguns tinham como herói. Não sabíamos quem estava dentro da casa se eram apenas fazendeiros ou guerreiros ferozes. Esta tudo muito calmo apesar da terrível chuva que caia acendo correr água por todos os lados.




Van Soares - Os cães estão latindo dentro da casa grande e da senzala, mas ninguém há em movimento fora. Será por causa da imensa chuva.
Capitão Adrien - Está calmo demais.





Van Soares - Vamos senhor a tropa está congelando.




Capitão Adrian - Cuidado se protejam!!!




De todas as brechas e buracos existentes naqueles imóveis de origem portuguesa vieram tiros que de imediato derrubaram a muitos de nossa tropa. Estávamos com seiscentos homens, mas de uma única vem muitos destes caíram ao solo.



Capitão Adrien - Ataquem, ataquem agora, vamos!




Van Soares - Vamos homens, vamos!



Antes que aqueles homens carregassem suas armas atacamos fortemente, mas a guerra tem suas surpresas recebemos outra salva de tiros que feriu outro tanto que estava a atacar. Mas em meio a gritos e a moribundos continuamos atacando e ao arrombar as portas recebemos tiros, flechas e até um canhão estourou em cima de nossa tropa. O Capitão Adrian parecia não acreditar, mas aquela casa grande estava lotada de guerreiros armados com facões, foices, espadas, paus e armas de fogo. A luta foi ferrenha e homens rolavam pelo chão em meio à lama e a chuva que mal deixava que enxergássemos direito. Nativos com nativos, caboclos com brancos parecia que o inferno tinha se levantado naquele lugar.




Van Soares - Potiassur por aqui traga os homens.
Entramos na parte do moinho de cana, e negros nos atacaram ferozmente e a luta foi horrível. Realmente a guerra é uma insanidade coletiva aonde os seus participantes pareciam com sede de sangue. Camisas molhadas, sujas de lama. Enquanto os combates eram travados relâmpagos fazia o dia escuro era uma clarão assustador trovões berravam nos céus e homem berravam de raiva e dor. O terreno da grande fazenda, antes utilizados para secar feijão e milho, para festas agora havia uma estranha dança da morte. A surpresa do inimigo e o tempo nos atrapalharam e muitas baixas começaram a acontecer.



Capitão Adrian - Retirada agora!



Como retirar uma tropa em pleno combate? Mas as perdas eram grandes e o terreiro estava cheio de mortos.



Van Soares - Fará a mata soldados, vamos.




A retirada foi lenta e debaixo de fogo cruzado, os inimigos não nos deixaram reagrupar e na retirada não acompanharam. Viemos com muitos homens o suficiente para duas investidas, mas na primeira quase a metade caíram. Caboclos bravos nos seguiram pela mata e no meio das árvores o combate continuou ferrenho.
Van Soares - Se protejam nas árvores!




Os tiros saiam do meio do mato e parecíamos alvos fáceis. Repentinamente saiam índios, portugueses e caboclos de dentro do mato atacando como se não permitissem a nossa retirada.





Van Soares - Resistam homens, protejam o capitão vamos!



Estamos no lugar errado, no dia errado em tempo errado e o pior pensávamos que estávamos certos e preparados. Lutamos bravamente, mas o inimigo era mais feroz e sangue com lama dava cor ao chão daquele lugar. Na luta que travávamos me debati com quatro caboclos bravos armados de facões e espadas e pensei que seria o meu fila. É, poderia ser o meu fim, mas eu não temeria aqueles homens para morrer com honra que é a maior medalha do militar, todos os quatro vieram sobre me e quando não mais estava os suportando veio o meu braço forte de guerra Potyassur com seu famoso facão cortador. Braços de dois daqueles homens voaram pelo ar através da força de Potyassur. Dois a dois estava melhor para nós. Mas enquanto eu e potyassur lutávamos distraído um daqueles que foram feridos com sua espada velha e enferrujada atingiu Potyassur no lado esquerdo dos rins e mesmo ferido Potyassur cortou a cabeça dele, mas foi atingido por que ele lutava. Potyassur cai levando os dois conseguem como um verdadeiro herói.




Van Soares - Potyassur, Potyassur meu Deus.




Pena que ele não falava fluentemente a minha língua, mas o seu olhar final era de amor e companheirismo. Potyassur inspirou como um grande guerreiro companheiro e fiel em todos combates como todo o seu povo fui com o nosso povo Holandês. O combate me chamava e eu tinha que deixar Potyassur naquele solo repleto de inimigos.
Van Soares - Adeus grande amigo, pois os verdadeiros amigos não são aqueles das festas, mas aqueles que combatem as guerras que temos ao nosso lado. Adeus Potyassur!
Capitão Adrian - vamos debandar agora. Cada um por si!




Então corremos pela mata tentando nos proteger do inimigo feroz mas eles continuaram a nos perseguir impiedosamente. Separados para proteger-se nos tomamos mais vulnerável e foram mortos mais soldados e índios.




Corremos pela mata desesperados, cansado, exausto e feridos. Quando corremos o medo que nos leva a isto aumenta e por dentro de buracos e barrancos tentávamos nos esconder na imensa fuga. Me senti um covarde e estava surpreso com as minhas reações. São as maiores surpresas da vida não estão nas situações que passamos, mas nas reações que temos a elas que vem dos instintos pois não há sobre a terra nenhum homem que não se contradiga. Somos muito mais que as nossas brilhantes idéias somos um poço de instintos e sentimentos que não sabemos de onde vem e porque são produzidos, uma das tropas mais elitizadas do mundo correndo desesperada de um exército composto de caboclos e índios. O erro deles em reproduzir com os Índios parecia ser o acerto de suas vidas e quem estava dando a vitória aos Portugueses não era o seu Estado falido de Lisboa, nem suas armas ou generais, mas índios, caboclos e mamelucos que muita das vezes nem mesmo sabiam quem eram os seus pais ou o sobrenome da família que veio. Existem alguns erros que são acertos e existe alguns acertos que são erros terríveis e só com o tempo perceberemos isto.



Estávamos humilhados, famintos, tristes e a chuva não parava. As inundações arrastavam alguns de nós e na loucura da fuga não conseguíamos salvá-lo em meio a forte correnteza d´água. Corremos para casa, pois o cão ferido sempre volta para casa mesmo que seja para morrer seguro. No caminho do desespero voltamos passando por rios super cheios. Tínhamos que atravessar o rio Sanhauá para alcançarmos Cabedelo e o forte de Santa Catarina. De longe contemplamos uma cena assustadora os rios Sanhauá e Paraíba estavam era uma cheia monstruosa e paus, árvores, animais e até casas eram trazidas pelas águas em plena ferocidade.




Van Soares - Meus Deus o que é isto?





A chuva tinha sido muito forte e houvera uma cheia do rio anormal a tudo que vimos antes até os índios que nos acompanhavam ficaram assustados. Ilhas com a Restinga, a ilha da Santa e outras estavam cobertas por água e suas árvores arrastadas Para a Baía dos holandeses. (Baía entre Cabedelo, Lucena e forte velho) De longe e do alto próximo ao Atalaia víamos o estrago das águas e até o forte de Santa Catarina estava debaixo d´água e seus ferreiros fora em lugar seguro. Lembrei-me de Mercien que permanecia no forte velho na nossa velha cabana de Palha. O frei Domingues na ilha da restinga será que estava vivo?




Soldado - Senhor Van Soares veja.



Era ela que de longe me viu e veio ao meu encontro por dentro do mato. Não dava mais para ser sutil com um amor tão grande, é a mesma coisa que esconder um imenso incêndio. Corri até ela esquecendo-me da hierarquia e dos homens que comigo vinham.
Capitão Adrian - Homens vocês estão livres para socorrerem suas famílias. Se quiserem vim conosco para forte venha se não quiserem, vão correr suas famílias!
Todos se dispersaram e correram para socorrer suas famílias e na ladeira que desce do Atalaia eu corria desesperado para ver o meu amor Mercien. Van Soares - Mercien meu amor, Mercien.





Corremos um para o outro como se quiséssemos entrar um no outro e como sedentos de amor nos abraçamos carinhosamente. Que morena linda era Mercien seus cabelos pretos pareciam tear um brilho especial que molhados cheiravam e brilhavam mais. Ah, como eu a beijei! Nada melhor do que o cheiro daquela que amamos e o simples toque dela l suficiente para que entremos em pleno delírio.



Van Soares - Mercien, cadê o frei, você o viu?




Ela disse em sua língua que não e a ilha foi tomada por água quase por completa. Não deu pra ninguém ir até lá até naquele momento. Aonde ficávamos próximo a praia do forte velho estava inundado e naquele dia a chuva durou sem dar uma, trégua • Nos não podíamos chegar até o forte de Santa Catarina, era perigoso demais e havia uma lenda entre os nativos de um peixe gigante que havia naquele lugar que arrastava as pessoas para as profundezas das águas. Em um acampamento improvisado Mercien Chorou a tristeza de ter perdido o seu pai.

Ouvindo o meu choro e gemido enquanto a aqueço em meus braços percebi como eu amava aquela pequenina índia e não me imaginava sem aqueles braços finos e frágeis a me segurar. Cansada de chorar ela adormeceu em meus braços cortados pelas facas e facões dos caboclos bravos. Como dependia de Mercien para manter a minha sanidade neste mundo louco de ganâncias e ódios, àquela índia potiguara pequenina e frágil era o sustentáculo de minha alma e até o seu hálito de mulher era um perfume para mim. Ela trazia da inundação os meus objetos como se eles fossem parte de minha vida e da dela também. Naquela noite chuvosa eu decidi que depois de alguns meses eu iria deixar a farda e me isolar no interior entre os nativos para me proteger até do meu próprio povo.




Com Mercien deitada em m eu peito dormi e pela manhã cedo fui acordado pela sinfonia celeste dos pássaros e o sol estava nascendo entre as nuvens. A tempestade tinha ido embora, pois não existe tempestade na vida que dure para sempre.
Van Soares - Mercien vamos embora, vamos!!



Quem ama não precisa entrar no corpo do outro para ter um orgasmo ele precisa só estar perto, sentir o cheiro para ter em seu coração o prazer das mais perfeitas relações sexuais, um orgasmo na alma e no espírito.




Van Soares - Mercien você faz parte do meu céu e sem você este céu não terá lua e estrelas. São seus olhos que me guiam do caminho e sob a luz do teu olhar nascem as minhas maiores realizações; não da pra viver sem você, pois sem você viver não é viver, e é só um existir vazio. Mercien Você é saudável para minha alma.
Eu sabia que ela não entendia nada do que eu falava, mas quem disse que o amor necessita de entendimento? Palavras são primitivas ao amor, pois ele se comunica através de olhares, suores, telepatia algo transcendental e inexplicável. É um fenômeno entre o divino e a humano, estranho a carne e ao espírito, algo insano que equilibra a gente, um contraditório que ordena. Prometi a me mesmo que depois de alguns meses eu iria deixar a farda e servir ao amor e não aos banqueiros. Deixei Mercien com os demais nativos e fui até o forte ao apresentar. Peguei a barcassa para o forte, mas a correnteza ainda estava perigosa e arrastou a minha barcassa em um redemoinho bem no meio da baía dos Holandeses entre Lucena e o Porte de Santa Catarina. Pedi a Deus que não me deixasse morrer naquela correnteza terrível e file me atendeu, cheguei com muita dificuldade do outro lado.




Chegando ao forte estava aquela confusão, pois a casa da própria estava molhada e as armas tinham sido afetada pela lama. A ponte que descia cobrindo o lago ao redor do forte tinha sido danificada e todos estavam em alvoroço. Depois da tormenta houveram muitas reuniões abrasadas. Em um delas o reverendo falou muito mal contra mim.
Reverendo - Estamos perdendo força em muitos territórios e nossas tropas estão tendo horríveis baixas. Sabe por quê? Porque o pecado este entre os nossos oficiais, Eles piscam com as índias e Deus nos castiga! Veja o caso de Van Soares, um oficial da nação de Jesus Cristo com uma nativa Potiguara e ainda diz que é casado. Se estivéssemos na frança o Sistório Calvinista o condenaria a morte, mas porque tememos os Potiguaras não fazemos isto, por este motivo sofremos!




Van Soares - Me desculpe reverendo, mas não são os senhores mesmo que acreditais na predestinação e dizem que Deus controla tudo, este meu amor não seria providenciado por ele?



Reverendo - São você é um pecador



Van Soares - Todos nós sabemo que a lei sem a misericórdia é a pura hipocrisia...


Reverendo - Calvino condena este tipo de casamento.




Van Soares - A Bíblia condena a morte e o assassinato e Salvá-no condenou duas pessoas a morte por não aceitar os seus ensinos predestinatários. Em que ele é melhor do que eu Reverendo?



A briga foi feia e parecia com um campo de batalha dentro daqueles que pertencia a minha própria religião. Muitos deixaram de ser pecadores, mas não deixaram de ser ignorantes e nécios agindo loucamente em cima de uma verdade que supõe conhecerem profundamente. Eles não queriam ser bons homens, mas divinos. Na verdade Divino e infalível só Deus, estes pregavam um perdão total da pessoa antes de pertencer a sua religião, mas depois que voei participava , bastava um erro ou um suposto erro para condená-lo á morte como pecador que na verdade todos são. Todas as religiões cometeram erros pois são compostas de homens mas eu não iria permitir que esta religiosidade desenfreada me separasse de Mercien meu grande amor.



A situação estava tão difícil que eles não tinham tempo de investirem suas justiças contra mim tínhamos que nos proteger de todas as formas e utilizar cada soldado e oficial. Os Lusitanos tinha experimentado o gosto da vitória e visto os cadáveres de índios e soldados holandeses ao chão, nisto prevíamos ataques constantes e foi o que aconteceu a diversos lugares e caravanas, endo ordenado uma patrulha constante nos territórios. Foi me ordenado a fazer a referida patrulha, mas era quase um suicídio. Aquele reverendo me chamando de pecador enquanto eu nas patrulhas salvo a pele dele; como são hipócritas os homens. Mas era o meu dever e enquanto eu estivesse na farda eu iria cumprir valorosamente.




Depois da vitória dos Lusitanos contra nossa tropa na fazenda Inhobim de Francisco Gomes Muniz veio até o forte de Santa Catarina um negociador e ofereceu oficialmente a Paulo Linge e seus oficiais 15 mil florins para que se retirassem as tropas holandesas da Paraíba. Como já existia esta informação no ar e a situação estava muito feia pra nós Paulo Linge resolvem aceitar a proposta que foi algo inédito que perturbou a todos que ali estavam. O reverendo não aceitou que linge entregasse aos Lusitanos tantos sonhos que havíamos sonhado e nesta hora vi um homem que eu estava sem gostar, a em simpatizar tornar um aliado de minha causa. Nunca devemos desrespeitar alguém que achamos que é o nosso inimigo, pois a vida pode colocá-lo ao nosso lado como algum aliado. A reunião foi tensa e Paulo Linge mandou enforcar o homem que representava os Lusitanos no próprio forte na presença de todos. Cada vez mais surgiam inimigos e muitos combates vieram por este ato de enforcamento.
Como entregar algo que custou sangue e passou a fazer parte dos nossos sonhos, da nossa história? É mesmo que arrancar um pedaço de nós! E os mortos como ficariam se a cada um deles se tornassem nulas e inúteis? Queres matar um homem? então mates seus sonhos! Pois quando os sonhos acabam só resta pesadelos horríveis e eram estes que minha alma temia. O sonho que tínhamos de defender a bandeira Holandesa, seu interesses políticos e religiosos passaram a ser pesadelos devido a inutilidade que a entrega dos territórios produziriam de todas as nossas ações. O Mal não é necessário para que o bem se manifeste logo o mal é a causa mais inútil que existe no universo.




Preocupado com o frei Domingues mandei um grupo de soldados procurá-lo por toda restinga imediatamente.



Soldados - Com licença Oficial Van Soares. Procuramos por toda ilha senhor e nada. As águas da enxurrada lavou toda ilha e até árvores foram arrancadas pela brava correnteza d1água. Procuramos por todos os lugares senhor e nada encontramos « Ninguém o viu e seus pertences foram arrastados para a baía senhor.
Procuramos novamente por todos os lugares prováveis de encontrarmos o corpo do velho frei, mas nada encontramos.




Soldados- Senhor será que o grande peixe que os índios falam o carregou? Todos tem medo deste grande peixe, dizem que ele até vira barcassa.



Van Soares- Lenda ou verdade continuem procurando.




Durantes dias- esperamos algum sinal de seu corpo, mas nada apareceu. Novamente eu teria que dizer adeus a um amigo irmão. Em minha barcassa com a desculpa que iria pescar eu o procurava em uma busca solitária e me lembrava de seus últimos dias. Lembrei-me da missa que ele realizou para mim e Mercien e do mistério que ele falou acerca da riqueza ao lugar de morte e aonde ele me falou acerca de seu enterro. Será que haveria um tesouro onde ele mandou que eu o enterrasse? Só olhando, mas as investida dos vassalos me impedia de investigar as palavras do velho frei. Mas eu sabia que naquela ilha existia vários tesouros enterrados e submersos, tesouros de Carmelitas, franciscanos, Jesuítas, e dos dominadores espanhóis, portugueses, holandeses e até de índios Cariris e Potiguaras.






JOILSONDEASSIS
ESCRITORJOILSONDEASSIS

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