INICIO DO LIVRO BAÍA DOS HOLANDES DRAMA INICIAL

seja bem vindos este livro é um viagem astral tida por joilsondeassis retrata fatos historicos romantizados em forma de Radio novela dramatizada partes de um sonho partes da historia dos holandeses em 1625 a 1655 obrigado por assistir basta clicar no link abaixo e toda historia em forma de radio novela vai tocar preste atenção você se emocionará livro lançado nanet em 20 01 2010 as 15 horas CLIC AQUI NESTE LINK EESCUTE EM FORMA DE RADIO NOVELA C L I C A Q U I https://drive.google.com/file/d/10eXt1ssCc3P9-ZVI4IeMUHk-kr-c0Yru/view?usp=sharing C L I C A Q U I Para Assistir no original clic aqui neste video quando abrir confieme e seguro AQUI NO ORIGINAL NA RADIO NOVELA SÓ O SOM VOCE VAI GOSTAR CLIC AQUI PARA OUVIS COMPLETO https://drive.google.com/file/d/10eXt1ssCc3P9-ZVI4IeMUHk-kr-c0Yru/view?usp=sharing H I S T O R I A D O S H O L A N D E S E S N O B R A S I L ESCRITOR JOILSON DE ASSIS ÍNDICE AO LADO DIREITO DA TELA ATENÇÃO! Para aumentar as letras deste livro basta segurar a tecla ( CTRL )do seu computador e mexer com o rotor( botão rotativo ) de seu mause e todo o texto se ampliará. experimente ! As letras ficarão do tamanho que você desejar. A HISTÓRIA DE VAN SOARES DE GOA HOPPER Capitão Adrian - Não sabemos o que está havendo, mas não vamos permitir este domínio. Temos que retirar os nossos pertences do forte. Vamos, vamos tragam o canhão! Van Soares- Senhor eles não tomaram posse totalmente do forte, mas possuem um grande número de nativos com eles. São muitos senhor! Capitão Adrian- Tá com medo Van Soares? Eu morrerei se for preciso, mas tirarei os meus pertences enterrados no forte. Vamos, vamos. Enquanto o Capitão Adrian e sua tropa avançam rumo a fortaleza de Santa Catarina uma multidão armada constituída na sua maioria de Índios Tabajaras com alguns oficiais Portugueses saiu ao seu encontro dispostos a lutarem. Possivelmente esta tropa lusitana tenha vindo da cidade de nossa Senhora das neves do forte templo de Santo Antônio assim que souberam da rendição dos holandeses em Recife. Mas o Capitão tinha todos os seus pertences enterrados em uma sala do forte e não iria abrir mão de levá-lo consigo. Van Soares - Senhor são muitos. Cap. Adrian - Atirem neles com o canhão, atirem agora. Van Soares - Preparem o canhão e fogo! A Turba armada de foices e armas de fogo se aproxima tendo a frente um lusitano como líder. A Tropa Holandesa prepara o canhão enquanto as duas tropas se analisam e vagarosamente se aproximam. Van Soares- Eu disse atirem agora! Mas enquanto os soldados acertam a mira o que assusta a tropa adversária o fogo que é colocado na cavidade superior e traseira do canhão não fazia com que todo o canhão explodisse. O Fogo era colocado, mas o fogo saia pela culatra sem disparar toda a pólvora existente no interior de todo canhão. Porém mesmo com este problema o tamanho e a possibilidade dele ser acionado mantinham a macha do inimigo lusitano vagarosa e cuidadosa. Do lado sul da rua da antiga igreja estava os Holandeses com seu enorme canhão e vindo do lado norte os lusitanos dispostos a defender o forte abandonado. Van Soares- Eu disse fogo na culatra, fogo, agora enquanto estão longe. Enquanto o imediato do Capitão Adrian gritava com os soldados embaraçados com o canhão o seu grande amor,a índia Potiguara a qual ele chamava de Mercien chegou alvoroçada segurando em seu braço direito o chamando à fugir daquele confronto. Ele não sabia falar direito a sua língua tupy, mas entendia perfeitamente o que ela queria. Ela estava em pânico e queria que ele desertasse evitando aquele confronto, pois a guerra estava perdida. Van Soares - Não vou Mercien. Eu não sou covarde, não vou abandonar o meu capitão. Mercien - Vamos, vamos, está perdida a guerra, perdida, vamos! A índia insistia para que Van Soares abandonasse aquele confronto e quase em desespero puxava seu braço na frente de todos. A tensão aumentava, os lusitanos confiantes se aproximam com a moral de vencedores como se declarassem abertamente que não tinham medo. Van Soares - Saia daqui Mercien, vá embora por favor. Mercien - Vamos, vamos tá perdida a guerra, tá perdida. Van Soares - Vá embora, por favor, depois nós nos encontramos. Aqui é perigoso, muito perigoso vá agora, não atrapalhe. Agarrada ao braço de seu soldado branco que tanto amava a índia Mercien chorava e as lagrimas caiam em sua linda boca morena querendo salvar o seu amor estrangeiro. Cap. Adrian- Van mande esta nativa ir embora e preparem para o confronto. Van Soares - Preparem as armas para o confronto! As armas foram apontada enquanto alguns soldados ainda tentavam fazer o canhão disparar sob o grito de Van Soares que insistia no uso do canhão até para igualar as forças, que para os Holandeses, estava muito desigual. A munição não era suficiente para derrubar nem um quarto daquela turba e insistir no combate era algo quase suicida. Apesar da tensão ninguém ainda tinha disparado nenhum tiro com a turba que vinha da direção norte para o sul. Os olhares se cruzam e o capitão ordena a retirada da índia Mercien, mas ela se agarra ao seu amor desesperadamente. Mercien - Não, não. Vamos Van, vamos comigo essa guerra não é sua. Van Soares- Eu não sou covarde, não deixarei o meu capitão. Os combatentes se preparam e no ar já começava ter um cheiro de morte. A turba raivosa se aproxima a uma distância perigos e Van já não ouve mais os desesperados chamados de sua amada índia. O Líder Lusitano a frente dos Tabajaras e caboclos que trazia puxou a sua arma de cintura e apontou em direção aos Holandeses e dá o primeiro tiro. O som daquele tiro parecia o eco do inferno é repentinamente a índia Mercien caiu segurando o braço de Van Soares enquanto os tiros estouram de ambos os lados. Em meio a fumaça de pólvora Van Soares socorre a sua amada que definha. Van Soares - Mercien por favor, Mercien, Mercien por amor de Deus fale comigo. Com seus olhos pretos Mercien olha profundamente para o seu amado branco, o homem que mais amara em toda sua vida. Como se quisesse guardar a última imagem da vida, Mercien gravava cada expressão enquanto Van Soares chorava profundamente agarrado ao seu corpo pequenino e delicado de nativa. Van Soares- Mercien fale comigo por favor Mercien! Mercien- Van Soares de Goa Hopper eu ... eu ... te ... amo muito meu amor. Van Soares - Mercien não, não Mercien meu Deus! Mercien a índia amada morre nos braços de seu grande amor e como se quisesse permanecer o observando manteve os olhos abertos mesmo depois do último suspiro. Enquanto o desesperado Van Soares de Goa segura o corpo de sua amada em lágrimas as duas turmas se enfrentam a distância com tiros como se os dois grupos estivessem em uma espécie de observação respeitosa. Van Soares de Goa - Mercien!!!!!!!! O grito de Van Soares ecoou mais alto do que os tiros que estavam sendo disparados, a mata, os bichos e as pedras ouviram o som do desespero que assustou até os irados combatentes. Van Soares repousa delicadamente o corpo de sua amada índia cor de canela da índia e puxa sua espada e um punhal que recebera de seu pai e em uma loucura repentina levanta-se e parte em direção ao oficial lusitano cego a tudo e a todos em um ato de plena insanidade. Suas pernas parecem correr sem preocupar se haveria vida depois daquela maratona. Seus amigos sem saber o que deveriam fazer o acompanharam atirando e recebendo a devida resposta por parte dos Lusitanos. A Ira de Van Soares parecia ter contaminado a todos e todos os Holandeses acompanhados por índios Potiguaras avançam sobre a grande turba em sua frente, mesmo esta sendo três vezes superior em número. Desesperados os Holandeses correm em busca do inimigo como se quisessem vingar a vida da belíssima Mercien, em seus semblantes havia ódio e sede de vingança. Os Lusitanos ficaram até admirados com tal atitude, repentina e espontânea. Tendo a frente Van Soares de Goa os soldados Holandeses correm como se estivessem em uma maratona da morte e o medo da morte não mais havia. Soldados cruzam a frente do oficial Lusitano mais a espada e o punhal de Van Soares Goa abre caminho de sangue e carne. Ele queria o assassino de seu amor mesmo que fosse preciso morrer. Van Soares derruba um, dois e enfrente ao lusitano recebe um tiro do qual só sente o calor e o cheiro de pólvora no ar que não o impede de saltar literalmente sobre aquele homem e com o seu punhal o fere dezenas de vezes mesmo depois dele mais não demonstrar nenhuma condição de vida. Enquanto o desesperado Van Soares desfere golpes os soldados Holandeses lutam no meio da multidão de nativos Tabajaras. O vingador Holandês permanece sobre o corpo do oficial Português enquanto a sua vista vai escurecendo, escurecendo... Um grupo de aproximadamente doze soldados Holandeses correm no meio a mata próximo a Praia do Jacaré buscando barcos para atravessarem o rio Sanhauá em direção ao forte velho donde eles poderiam se dirigirem a Baía da traição aonde a multidão de nativos Potiguaras os protegeriam. Eles carregavam um oficial sobre uma maca improvisada com paus e cipós. Soldados corram, vamos eles estão vindo atrás de nós. Vamos, Vamos! O desespero era grande e os homens se atolavam no mangue, mas não soltavam o seu oficial ferido que era Van Soares. Com seu ombro ferido o oficial Holandês vai acordando mediante as batidas dos galhos de mato por onde os soldados passavam em sua corrida desesperada Soldados - Vamos corram por suas vidas. Van Soares - O que foi que aconteceu? Soldados - Você é um herói matou o capitão português na frente de sua tropa, mas você foi ferido no ombro e o Capitão Adrian morreu no combate. Perdemos a batalha Van mais você um bravo oficial. Não se mexa muito! Van Soares - Cadê Mercien meu grande amor? Soldados - Morreu nos seus braços e não tivemos tempo de recolhermos o seu corpo. Van Soares - Eu também morri falta apenas o meu corpo. A minha alma não mais existe ela morreu com Mercien. Enquanto os soldados carregavam a maca com Van Soares de Goa, ele imaginava o que vivera desde o dia que saiu de Amsterdã rumo às terras dominadas... a grandew gloria da sua chegada naquela região aonde todos saudavam os navios ... Esta música é pra você Mercien eu te amo muito! Ah, que saudade ! " O AMOR É COMO OXIGÊNIO SÓ PERCEBEMOS A SUA FORÇA QUANDO ELE NOS FALTA POR ALGUNS INSTANTES " ESCRITOR JOILSON DE ASSIS "Quem disse que só as coisas ruins nos fazem sofrer , as lembranças de coisas boas também nos fazem sofrer e chorar com grande dor " Joilson de Assis "Se o amor é coisa de idiota só os idiotas tem a possibilidade de serem felizes" Joilson de Assis "O adeus REUNE EM UMA SÓ DOSE TODAS AS DORES. QUEM O SUPORTARÁ" ? JOILSON DE ASSIS "NÃO SOMENTE AS MÁS LEMBRANÇAS NOS FAZEM SOFRER, AS BOAS AS VEZES SÃO PIORES E MAIS FORTE ." JOILSON DE ASSIS " SEM AMOR NÃO EXISTE VIDA SÓ UM TENRA EXISTÊNCIA " JOILSON DE ASSIS " Quando amamos alguem plantamos o plantamos em nossos corações, e como um arvore de profundas raizes esta pessoa amada se enraiza profundamente dentro de nós. Mas quando o tempo e a existência resolve arrancar esta pessoa de nosso coração doe muito e junto com suas raizes vai um pedaço dolorido de nós e ainda tem aquelas raizes profundas que sempre tora dentro da gente nos incomodando por muito tempo." Joilson de Assis " passamos algum tempo para acreditarmos em um adeus e depois que acreditamos passamos uma grande porção de tempo para nos recuperarmos dele. " Joilson de Assis obs.: USE O ÍNDICE AO LADO DIREITO DE SEU COMPUTADOR livrobaiadosholandeses baiadosholandeses historia dos holandeses historiadobrasil BrasilHolandes invasãoholandesa historiadaparaiba joilsondeassis escritorjoilsondeassis

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Capitão Adrian - Não sabemos o que está havendo, mas não vamos permitir este domínio. Temos que retirar os nossos pertences do forte. Vamos, vamos tragam o canhão!



Van Soares- Senhor eles não tomaram posse totalmente do forte, mas possuem um grande número de nativos com eles. São muitos senhor!



Capitão Adrian- Tá com medo Van Soares? Eu morrerei se for preciso, mas tirarei os meus pertences enterrados no forte. Vamos, vamos.


Enquanto o Capitão Adrian e sua tropa avançam rumo a fortaleza de Santa Catarina uma multidão armada constituída na sua maioria de Índios Tabajaras com alguns oficiais Portugueses saiu ao seu encontro dispostos a lutarem. Possivelmente esta tropa lusitana tenha vindo da cidade de nossa Senhora das neves do forte templo de Santo Antônio assim que souberam da rendição dos holandeses era Recife. Mas o Capitão tinha todos os seus pertences enterrados em uma, sala do forte e não iria abrir mão de levá-lo consigo.



Van Soares - Senhor são muitos.



Cap. Adrian - Atirem neles com o canhão, atirem agora.


Van Soares - Preparem o canhão e fogo!


A Turba armada de foices e armas de fogo se aproxima tendo a frente um lusitano como líder. A Tropa Holandesa prepara o canhão enquanto as duas tropas se analisam e vagarosamente se aproximam.

Van Soares- Eu disse atirem agora!



Mas enquanto os soldados acertam a mira o que assusta a tropa adversária o fogo que é colocado na cavidade superior e traseira do canhão não fazia com que todo o canhão explodisse. O Fogo era colocado, mas o fogo saia pela culatra sem disparar toda a pólvora existente no interior de todo canhão. Porém mesmo com este problema o tamanho e a possibilidade dele ser acionado mantinham a macha do inimigo lusitano vagarosa e cuidadosa. Do lado sul da rua da antiga igreja estava os Holandeses com seu enorme canhão e vindo do lado norte os lusitanos dispostos a defender o forte abandonado.



Van Soares- Eu disse fogo na culatra, fogo, agora enquanto estão longe.
Enquanto o imediato do Capitão Adrian gritava com os soldados embaraçados cora o canhão o seu grande amor,a índia Potiguara a qual ele chamava de Mercien chegou alvoroçada segurando em seu braço direito o chamando à fugir daquele confronto. Ele não sabia falar direito a sua língua tupy, mas entendia perfeitamente o que ela queria. Ela estava em pânico e queria que ele desertasse evitando aquele confronto, pois a guerra estava perdida.



Van Soares - Não vou Mercien. Eu não sou covarde, não vou abandonar o meu capitão.
Mercien - Vamos, vamos, está perdida a guerra, perdida, vamos!



A índia insistia para que Van Soares abandonasse aquele confronto e quase em desespero puxava seu braço na frente de todos. A tensão aumentava, os lusitanos confiantes se aproximam com a moral de vencedores como se declarassem abertamente que não tinham medo.



Van Soares - Saia daqui Mercien, vá embora por favor.



Mercien - Vamos, vamos tá perdida a guerra, tá perdida.



Van Soares - Vá embora, por favor, depois nós nos encontramos. Aqui é perigoso, muito perigoso vá agora, mão atrapalhe.


Agarrada ao braço de seu soldado branco que tanto amava a índia Mercien chorava e as lagrimas caiam em sua linda boca morena querendo salvar o seu amor estrangeiro.
Cap. Adrian- Van mande esta nativa ir embora e preparem para o confronto.
Van Soares - Preparem as armas para o confronto!



As armas foram apontada enquanto alguns soldados ainda tentavam fazer o canhão disparar sob o grito de Van Soares que insistia no uso do canhão até para igualar as forças que para os Holandeses estava muito desigual. A munição não era suficiente para derrubar nem um quarto daquela turba e insistir no combate era algo quase suicida. Apesar da tensão ninguém ainda tinha disparado nenhum tiro com a turba que vinha da direção norte para o sul. Os olhares se cruzam e o capitão ordena a retirada da índia Mercien, mas ela se agarra ao seu amor desesperadamente.
Mercien - Não, não. Vamos Van, vamos comigo essa guerra não é sua.
Van Soares- Eu não sou covarde, não deixarei o meu capitão.



Os combatentes se preparam e no ar já começava ter um cheiro de morte. A turba raivosa se aproxima a uma distância perigos e Van já não ouve mais os desesperados chamados de sua amada índia. O Líder Lusitano a frente dos Tabajaras e caboclos que trazia puxou a sua arma de cintura e apontou em direção aos Holandeses e dá o primeiro tiro. O som daquele tiro parecia o eco do inferno é repentinamente a índia Mercien caiu segurando o braço de Van Soares enquanto os tiros estouram de ambos os lados. Em meio a fumaça de pólvora Van Soares socorre a sua amada que definha.
Van Soares - Mercien por favor, Mercien, Mercien por amor de Deus fale comigo.
Com seus olhos pretos Mercien olha profundamente para o seu amado branco, o homem que mais amara em toda sua vida. Como se quisesse guardar a última imagem da vida, Mercien gravava cada expressão enquanto Van Soares chorava profundamente agarrado ao seu corpo pequenino e delicado de nativa.



Van Soares- Mercien fale comigo por favor Mercien!



Mercien- Van Soares de Goa Hopper eu ... eu ... te ... amo muito meu amor.
Van Soares - Mercien não, não Mercien meu Deus!



Mercien a índia amada morre nos braços de seu grande amor e como se quisesse permanecer o observando manteve os olhos abertos mesmo depois do último suspiro. Enquanto o desesperado Van Soares de Goa segura o corpo de sua amada em lágrimas as duas turmas se enfrentam a distância com tiros como se os dois grupos estivessem em uma espécie de observação respeitosa.


Van Soares de Soa - Mercien!



O grito de Van Soares ecoou mais alto do que os tiros que estavam sendo disparados,, a mata, os bichos e as pedras ouviram o som do desespero que assustou até os irados combatentes. Van Soares repousa delicadamente o corpo de sua amada índia cor de canela da índia e puxa sua espada e um punhal que recebera de seu pai e em uma loucura repentina levanta-se e parte em direção ao oficial lusitano cego a tudo e a todos em um ato de plena insanidade. Suas pernas parecem correr sem preocupar se haveria vida depois daquela maratona. Seus amigos sem saber o que deveriam fazer o acompanharam atirando e recebendo a devida resposta por parte dos Lusitanos. A Ira de Van Soares parecia ter contaminado a todos e todos os Holandeses acompanhados por índios Potiguaras avançam sobre a grande turba em sua frente, mesmo esta sendo três vezes superior em número.

Desesperados os Holandeses correm em busca do inimigo como se quisessem vingar a vida da belíssima Mercien, em seus semblantes havia ódio e sede de vingança. Os Lusitanos ficaram até admirados com tal atitude, repentina e espontânea. Tendo a frente Van Soares de Goa os soldados Holandeses correm como se estivessem em uma maratona de velocidade e o medo da morte não mais havia. Soldados cruzam a frente do oficial Lusitano mais a espada e o punhal de Van Soares abre caminho de sangre e carne. Ele queria o assassino de seu amor mesmo que fosse preciso morrer. Van Soares derruba um, dois e enfrente ao lusitano recebe um tiro do qual só sente o calor e o cheiro de pólvora no ar que não o impede de saltar literalmente sobre aquele homem e com o seu punhal o fere dezenas de vezes mesmo depois dele mais não demonstrar nenhuma condição de vida. Enquanto o desesperado Van Soares desfere golpes os soldados Holandeses lutam no meio da multidão de nativos Tabajaras. O vingador Holandês permanece sobre o corpo do oficial Português enquanto a sua vista vai escurecendo, escurecendo...



Uns grupos de aproximadamente doze soldados Holandeses correm no meio a mata próximo a Praia do Jacaré buscando barcos para atravessarem o rio Sanhauá em direção ao forte velho donde eles poderiam se dirigirem a Baía da traição aonde a multidão de nativos Potiguaras os protegeriam. Eles carregavam um oficial sobre uma maçã improvisada com paus e cipós. Soldados corram, vamos eles estão vindo atrás de nós. Vamos, Vamos!



O desespero era grande e os homens atolavam no zangue, mas não soltava o seu oficial ferido que era Van Soares.



Com seu ombro ferido o oficial Holandês vai acordando mediante as batidas dos galhos de mato por onde os soldados passavam em sua corrida desesperada Soldados - Vamos corram por suas vidas.



Van Soares - O que foi que aconteceu?



Soldados - Você é um herói matou o capitão português na frente de sua tropa, mas você foi ferido no ombro e o Capitão Adrian morreu no combate. Perdemos a batalha Van mais você um bravo oficial. Não se mexa muito!



Van Soares - Cadê Mercien meu grande amor?



Soldados - Morreu nos seus braços e não tivemos tempo de recolhermos o seu corpo.
Van Soares - Eu também morri falta apenas o meu corpo. A minha alma não mais existe ela morreu com Mercien.



Enquanto os soldados carregavam a maça com Van Soares de Goa, ele imaginava o que vivera desde o dia que saiu de Amsterdã rumo às terras dominadas...




















CAPÍTULO I






LIVRO BAÍA DOS HOLANDESES

JOILSON DE ASSIS

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Partimos de Amsterdam rumo às terras do Brasil em 23 de Janeiro de 1647 sob grande aclamação e honra. Para as famílias dos soldados e oficiais recém-recrutados era uma honra ter um filho a serviço da companhia das índias ocidentais. Em meio a muito choro e aplauso eu me perguntava a que destino eu estava indo? Quando o navio partiu do porto e a terra foi se distanciando e fugindo da vista certa solidão coletiva recaiu sobre todos e novamente eu me perguntava: Existem realização e felicidade longe daqueles que amamos? Certa escuridão nos sobreveio mesmo estando em pleno dia de sol forte e um frio congelava nossa alma. Quando chegamos a este mundo encontramos todo um sistema pronto, cheio de regras e dominadores e este sistema é tão grande que vivendo ou morrendo parece em nada mudar o seu rumo. Somos como um pingo d´água que surge na correnteza da um grande rio e quando este pingo d´água evapora mesmo assim o rio continua a sua forma e rumo. Mas este pingo d´água se tornará verdadeiramente útil quando matar a sede de um ser vivente.




A solidão produz um mofo na alma chamada de angústia é como se estivéssemos nos inflamando. Mas a tripulação logo cuidou de socorrer esta situação com músicas e piadas. Alguns marinheiros eram verdadeiros palhaços e os palhaços são medida alma com simples gargalhadas espantam os fantasmas de a existência. Lá estávamos em alto mar rumo a um destino de heróis para combater uma guerra que não era nossa. Alguns pensam que lutam pelos interesses de seu país, mas sempre pensei que muitos morrem por interesses de poucos, para proteger seus bens. Mas o que podemos fazer se o sistema nos leva a esta sorte?



À noite eu via o mar e a lua como um casal sagrado a namorar e como um amor verdadeiro cheio de expectadores que são as estrelas que parecem aplaudir piscando o seu brilho de muitas cores. Deitado no convés olhando o infinito eu tinha a impressão que se levantasse a mão tocaria naquelas estrelas tão brilhosas, mas como o destino de nossos pés as estrela fogem do alcance de nossas mãos. Existem tantas coisas que fogem de nosso controle, tantos poderes que não podemos dominá-los, apenas respeitá-los e um deles é o coração. Quem o enganará pu calará a sua voz fugindo de sua força?



A vida é incrível e tudo nela parece novo até aquilo que é repetido. Á vida é cheia de dinâmica e fatos novos vão surgindo a cada curva nesta estrada imensa da existência. Até o velho repetido se torna novo, pois nunca se repetira antes. No Oceano sobre uma embarcação que meu pai construirá com seus ajudantes eu era tomado por uma sensação de aventura e junto aos marinheiros aguardávamos as novidades do mar da vida. Que belas embarcações eram aquelas que pareciam cortar as águas com a agilidade de um samurai. Meu pai dizia que os pais das embarcações eram os chineses dos quais tinha aprendido a sua arte. As velas com a nossa bandeira no topo dava uma sensação de brilho e força, todos aqueles canhões mostrava a autoridade da melhor marinha do mundo, os dominadores do mercado do mar. Dominávamos o mercado de transportes de mercadorias e grandes distâncias eram vencidas pelos marinheiros experientes da companhia das índias Ocidentais.



Durante os dias de nossa navegação percebia que nada somos sem um grupo que nos de a devida cobertura. E uma comida compartilhada é uma excelente maneira de fazermos irmãos. Na verdade estávamos sonhando um sonho coletivo e a esperança do que não sabíamos nos mantinha. Como o alimento sustenta o corpo a esperança sustenta a alma e a fortifica. Queres matar um homem destrua a esperança dele. Sonhávamos em sermos ateis e participarmos de algo grande que era o domínio do Brasil que andava com certa dificuldade. Sonhávamos com o novo com a importância de sermos ateis aos nossos oficiais e enquanto os dias passavam os olhos brilhavam com o brilho dos sonhos que vem diretamente da alma.



No mar ao longe vimos um esquadra de pouco navios e a tensão foi nítida. Haveria combate no mar ou não? Eram os espanhóis que cuidaram em passar ao longe e tomar um rumo rápido para fugirem de nosso alcance. Os Filipes tinham retornado o poder da coroa Portuguesa aos portugueses, mas ainda estavam presentes nos oceanos tendo como inimigos principais os Ingleses. Estávamos prontos para lutarmos mesmo que nunca tivéssemos combatidos antes, isto a maioria dos marinheiros e oficiais recém-formados. Estudei muito, mas nunca tinha experimentado a sensação de um combate verdadeiro. Nesta euforia de combate encontrei um marinheiro chamado Salles que a muitos anos servia a marinha Holandesa e já tinha viajado o mundo inteiro. Ele era baixinho, polaco e faltava alguns dentes em sua boca que insistia em sorrir. Já tinha uma idade avançada para a maioria dos marinheiros, mas acredito que o deixava servir como marinheiro por causa de sua grande experiência. Os oficiais não deviam conversar muito com as praças, mas uma conversa leva a outra e quando notei estávamos batendo aquele papo. Decidi fazer uma investigação pessoal do mundo que me esperava ouvindo o velho lobo do mar.



Salles - O senhor vai ficar aonde ?



Van Soares - fia Cabedelo na desembocadura do Rio Paraíba. Salles - Há, há lá é mais calmo. Eu vou para o Rio Grande do Norte. Mas poderei continuar com a frota, pois minha vida é o mar e a idéia de ficar em Natal pare


Van Soares - Você já enfrentou muitos confrontos? Salles - Ah, muitos. Já vi várias vezes a morte em minha frente, porém ela não me levou pois não tenho medo dela.



Respeito suas regras, mas não a temo por isto ela me respeita. Nunca tenha medo Van Soares da morte, a respeito, mas o medo atrai a força dela. Acredite na vida mesmo diante da face da morte por tiros de canhões nos recepcionando e centenas de barcassas com nativos e nobres sobre elas acenando com seus canhões e atirando para cima. Parecia que junto com os navios vieram à esperança e a segurança que todos aguardavam. Que cena linda a Baía de Cabedelo repletos de barcos, bandeiras brancas sendo acenadas, cavalheiros com suas melhores roupas e damas com suas sombrinhas coloridas acenando os seus lenços. A Baía estava repleta de homens e soldados Holandeses que coloriam as éguas verdes de Cabedelo fazendo ser a BAÍA DOS HOLANDESES. Nas bocas víamos os sorrisos e gargalhadas de alívio e de dentro dos barcos segurando suas cordas olhávamos o imenso brilho nos olhares. Eles não se cansavam de nos saudar quando os nossos barcos de aproximação desceram as águas para nos dirigirmos à terra houve grande vibração. Percebi o porquê Salles, o velho lobo do mar, queria tanto continuar navegando pelo mundo, a glória massageia qualquer alma a deixando dormente para as dores da vida. Quando me dirigi para o barco de aproximação junto com alguns oficiais Salles me chamou e me deu a sua faca de estimação.



- Oficial Van Soares leve com você esta faca, ela me trouxe muita sorte ela me acompanhou por toda vida é um presente!



Van Soares - Salles obrigado Deus o abençoe. Se nós não tivermos a oportunidade de conversarmos desejo a você muita sorte.
Salles - Lembres Van Soares não tema a morte, a respeite sempre, mas nunca tema. A coragem atrai a vitória!



Fomos aclamados pelo povo, índios Potiguaras, nobres e militares e nesta cena de glória eu entendi o porquê Maurício de Nassau se apaixonou tanto por estas terras, por este povo. Descemos nas proximidades do Porte de Santa Catarina e Paulo Linge um dos governantes da região dominada veio nos receber. O Oficial de maior patente recebeu as boas vindas de Linge e a turma vibrou. Cada cena era motivo de vibração como se o povo buscasse motivo para se alegrarem, expressarem suas alegrias interiores. Muitos deles não sabiam que a maior parte da frota ancorada iria embora principalmente para Recife aonde havia conflitos mais grades, toda comitiva foi levada para junta da igreja matriz aonde havia mesas com toalhas brancas e muita comida. O local era aberto e próximo as mesas dos oficias existia muitas mesas para os nobres e populares. O povo era diferente e olhavam para cada um de nós com aspecto de admirarão. O tupy era a língua oficial dos nativos Potiguara e estava entre os oficias Pedro Poty um nativo potiguara de renome e respeito desde domínio de Nassau. A mesa era farta e tinha de tudo para se comer até comidas que nunca víamos antes. Foi um dia de grande confraternização.



Os nativos nos arrodeiavam com seus olhares curiosos e mediam cada passo que dávamos. Entramos para o forte de Santa Catarina também chamado de Margarida em homenagem a irmão Mauricio de Nassau, porém o nome não pegou, todos ainda chamava de Forte de Santa Catarina que era a santa da família. Baixou se a ponte e nós entramos no forte com grande aclamação e lá nos hospedamos. O Porte tinha um ar diferente como se estivesse nele muitas memórias absorvidas exalando certo odor histórico. E sobre o seu lado Oeste e sul viamos Lucena, Forte velho, o Atalaia que era um observatório, e a igreja de nossa Senhora da Guia. Entre estes lugares havia a Baía que eu chamava de Baía das dores e dos amores. Já que era um ponto de partida e chagada aonde havia as dores do adeus e as alegrias da chegada. Alguém me disse que quando um navio chegava em Cabedelo do padre a prostituta se alegra. Aquele povo era amoroso e vivia a eterna expectativa da espera, como se aguardassem sempre a chegada de alguém. Das muralhas víamos o povo se alegrando por dias a nossa simples chegada como se alegra uma família com um filho que nasce que chega a este mundo.





CAPITULO II





Depois que a esquadra foi embora nos deixando alguns barcos de tamanho médio e um grande, armas, munição recebemos as primeiras instruções e Linge demonstrou o seu grande desejo de retomar a cidade de nossa Senhora das Neves a qual chamávamos de Frederika. As igrejas de São Pedro de São Francisco serviam de forte para os Lusitanos que esquartelados resistiam a toda investida holandesa. Com homens e armas Paulo tinge queria tentar conquistar aquele povoado mais uma vez. Foram feitos todos os planejamentos e com barcos atacaríamos a partir do Porto do Capim em direção a igreja de São Pedro e convento de São Francisco. Dava a nítida impressão que a retomada da cidade de Frederika pelos Lusitanos em 1645 afetou a moral e a auto estima de Paulo Linge que tentava desesperadamente reconquista-la.



Formamos o ataque e de madrugada atacamos o povoado de nossa senhora das neves. Fomos recebidos sobre o fogo cruzado e tiros de canhões que assustavam mais que acertavam o alvo. A cidade estava deserta e todos, nobres e simples, se aquacelaram nos mosteiros principalmente no convento de São Francisco. Das janelas eles atiravam em nossa tropa e em correria procurávamos uma entrada. Eles eram auxiliados por índios da nação que se enfrentava com os índios que nos apoiavam dentro das matas ao redor dos templos. Foi o meu primeiro combate. Nos combates o pavor vem, porém eu me lembrei do que Saltes disse: Não tema a morte, repeite ala. Como lutei e nada me detinha em meio ao combate. Os tiros pareciam passar longe ou eram desviados, nativos e soldados caiam mediante a minha arma e minha espada.




Van Soares- Ataquem o forte de São Francisco, entrem nele, agoraaa!

Os tiros faziam uma sinfonia e a povoara enchia o ar de cheiro e fumaça azul. Índios agarrados com brancos, índios com índios a rolarem no jardim sagrado enquanto tentávamos arrombar portas e janelas. Em meio a moribundos gemendo eu gritava:

- Ataquem, eu quero o forte de São Francisco! Economizem munição.



Eles estavam em todos os lugares: Nas árvores por trás das pedras e barreiras naturais. Homens de guerra e até populares munidos de facões, foices, picaretes nos atacavam com incrível ferocidade. Eles eram rechaçados por nossa tropa bem treinada e armada, mas quando mais matávamos mais surgiam. Ouvíamos frases como: Filhos da besta, seguidores de satã, excomungados de ambos os exércitos mostrando que existia algo ligado a religião provocando o ódio em ambos os combatentes.



Os enquartelados Lusitanos mantinham o seu poder nos conventos de São Francisco, Santo Antônio, Igreja de São Pedro e a igreja da misericórdia, os carmelitas em seu convento também davam sustentação a esta resistência. Existiam túneis entre estes prédios e vasta armazenagem de comida e água. Antônio de Albuquerque auxiliado por Matias de Albuquerque no Recife sempre resistia ao ataque provocado pelos Holandeses. Mas eu que ria esta vitória a qualquer custo e forçava a tropa a ata ar sem piedade. Finalmente achamos uma passagem do lado Leste da fortificação que foi aberta através da força e entramos apoiado pelas armas e houve combates enfrente ao altar principal. Eu ordenei a entrada de todos os soldados, pois a tomada do forte templo de São Francisco representava a retomada da cidade de Nossa Senhora das Neves brancos e índios lutavam sem parar e a minha espada cortava como nunca e ninguém ousava me enfrentar.




Soldado - Van Soares foi ordenado à retirada, índios tabajara já venceram a nossa tropa na Igreja dos carmelitas da misericórdia e no convento de São Pedro. Vamos senhor!



Van Soares - Tomem o forte de Suo Francisco agora e fechem as portas. Já tomamos o convento e não vamos voltar atrás.



Soldado - Mas senhor são muitos.



Van Soares - De o sinal que o templo de são Francisco é nosso.



Ah, parecia que tínhamos vencido e a tropa que estava em retirada foi chamada de volta. Porem enquanto colocávamos mulheres, crianças e nobres no centro do templo chegaram à porta dele uma multidão revoltosa de nativos e mestiços prontos para retomada dos templos e a luta recomeçou em ritmo alucinante.



Fomos surpreendidos com tropas que saíram abrindo caminho a fogo dos túneis existentes no lado velho da igreja. Saíram como formigas sedentas de sangue e não e conseguíamos detê-los. Até a cruz foi utilizada como espada.



Soldados - Senhor eles estão quase arrombando a porta dianteira e existe uma multidão nos túneis do lado Oeste do templo.



Van Soares - Mantenha a resistência.




Ser líder não é tão fácil assim principalmente quando em nossas mãos estão à vida de fieis soldados que morreriam para nos proteger. Na vida temos que admitir os fracassos para que eles não nos consumam. Admitir um fracasso talvez seja a melhor maneira de anula-lo e nos proteger de um próximo vacilo. Enquanto eu pensava e lutava mais inimigos surgiam e nos cercavam e a munição já não era tanta. Nobre não é o homem que nunca cai, mas todo aquele que sempre se levanta de suas quedas.
Van Soares - Preparar para debandar.



Soldado - Preparar para debanda, debandar, preparar.



Só tínhamos uma saída, o lado Oeste com suas Janelas altas que dava para uma mata densa.




Soares - Vamos para as janelas agora!



Cassamos poucas horas dentro do convento sentindo o gosto da vitória e da retomada não somente do templo, mas de toda a cidade. Mas não podemos ficar isolados já que os demais pelotões tinham sido vencidos e em poucas horas toda a cidade estaria naquele local para nos exterminar. Já que não podemos vencer devemos sobreviver agora para lutar depois já que mortos não lutam. Ao chegarmos às janelas tendo isolados os guerreiros que vinha dos túneis, fomos surpreendidos por uma multidão de índios tabajaras e caboclos que atiravam flechas em nos atingindo o peito direito de um de nossos guerreiros. Ele cai, mas não podíamos nos intimidar mediante a morte.
Van Soares – Homens vamos lutar pelas nossas vidas, não tenham medo da morte, pois dá azar. Olhem nos olhos deles e os destruam. Vamos para a mata rumo a Cabedelo, abram caminho a fogo e a espada agora!



Neste meio tempo a porta central do templo tomba e os guerreiros entram no templo procurando a quem matar. Abrimos fogo e descemos agarrados uns nos braços dos outros e mediante os Índios que saiam das matas os guerreiros já caiam no chão lutando. Lençóis dos altares serviram como corda e ao chegarmos ao chão, fomos surpreendidos por uma tropa de nativos a qual foi rechaçados por nossa força e espada. Abrimos caminho como heróis e cada homem olhava para seu inimigo com ódio e não medo.
Van Soares - Vamos para a floresta, sobreviva hoje e lute amanhã.



Então toda a minha tropa deixando para trás um tapete de feridos e moribundo chega a mata aonde foge sem ser perseguido, pois estávamos coberto pela mata. Corremos por horas até que ordenei que parassem por alguns instantes. Olhei para a minha mão e a luva estava vermelha de sangue. Retirei a mesma rapidamente para analisar o ferimento, porém nenhum corte havia. Era o sangue dos que eu enfrentei que coalhava em minha luva de oficial. Nestas horas a carne treme com a tensão anterior e a triste realidade da guerra recai em nossa consciência. Ao meu lado índios Potiguaras e soldados exaustos, famintos e com alguns ferimentos. Eu tinha perdido vários homens, mas o estrago no exército inimigo foi nítido. Mostramos a nossa força. Mas na guerra não existe vencedores existe sim aqueles que menos perderam. Ia guerra todos são vítimas!



Van Soares - Vamos soldados para o forte de Santa Catarina.



A macha passou a ser lenta e dolorosa e como um cão ferido, voltamos para casa. Ao chegarmos ao forte e a ponte baixou para uma tropa que traziam sobre os seus ombros o peso da derrota, todos receberam água e medicamentos para sarar os ferimentos, mas o rasgo na alma para ele não havia remédio.



Depois do ocorrido varias reuniões Paulo Linge realizava conosco e o interesse dele pelo forte de São Francisco era visível. Ele era capaz de arriscar a segurança do forte para conquistar a cidade de Nossa Senhora das Neves. Passamos a realizarmos expedições interioranas com intenções de agrupar novas tribos indignas para fins militares. Os mapas dado por Calabar nos era muito úteis já, que ele era um tropeiro antes de se tornar um oficial português. Ele se converteu ao protestantismo e demonstrava a todos que o domínio Holandês era o melhor para o nordeste. Para alguns, ele era traidor, mas para outros, homem idealista que reconheceu o valor dos Holandeses e sua capacidade de progresso. Morto por Matias da Cunha que o enforcou e cortou os seus membros se tornou uma espécie de Herói para alguns. As trilhas e tribos demonstradas por Calabar foram muito úteis para novos contatos. Paulo Linge estava obcecado pela idéia de retomar Frederika e sabia que nenhum poder se estabeleceria naquele lugar sem o auxilio dos nativos.




Os nativos ao contrario dos brancos, lutavam por simpatias e o interesse capitalista neles não havia. Eles trabalhavam pela comida do hoje, amanhã, eles retornavam a trabalhar para ter. Era um sistema comum aonde todos dividia suas mercadorias e caças.



Apesar da barreira da língua os holandeses se davam muito bem com os potiguaras e os portugueses tinham a simpatia dos tabajaras. Os nativos faziam simpatias e o que recebiam não era tido como capitalização, como um presente. Um espelho ou punhal para um índio tinha o mesmo valor que um barril cheio de moedas de ouro. A forma deles verem a vida era diferente dos capitalista e gananciosos homens branco. Poder-se-ia conquistar a fidelidade de um índio apenas com uma fruta ou comida e um branco com uma porção de ouro não era confiável a sua fidelidade. Até seus lideres dominavam diferentemente sobre eles.




O Pajé ou chefe dominava os seus sob admiração e respeito vindo da alma, não por prata ou ouro, ameaças de morte, vantagens; eles obedeciam a seus chefes simplesmente por que eles eram chefes. A mata para estes era sagrada e milhares deles não a danificava porem umas poucas centenas de brancos eram suficientes para desmatarem muitos lugares. Isto não era compreendido pelos índios, mas a simpatia os fazia lutar, lutavam por seus amigos sem saber que se assemelhavam a inimigos ferozes.




Existiam muitas tribos no interior seguindo os rios Sanhauá e Paraíba que eram formadas por algumas centenas de índios que tinham uma vida comum. Pescavam, caçavam e cuidavam de suas famílias pacificamente. No interior próximo a serra do Borborema existia as terras de Bodopitá que tinham índio da nação Dzebucuá Cariris até a serra da boa vista. Eram índios de Guerra e existia em uma grande quantidade no local tornando difícil a ideia de um possível domínio. Para nós holandeses o ambiente das terras dominadas era maravilhoso com toda aquelas árvores e rios.




Na nossa viagem de reconhecimento anotávamos tudo e as regiões em que passamos eram bem detalhada em relatório. Passamos pela Lagoa do Paó habitadas também por tribos Cariris que nos recepcionaram com alegria. Subindo a Serra do Paó (Alagoa grande atualmente) encontramos uma serra linda de uma beleza estranha e primitiva que encantava a nossa vista a Serra do Paó (Serra de Alagoa Grande Areia); sobre a serra uma linda mata fechada era coberta por uma névoa toda manhã. Os Oficiais de Paulo Linge encontraram dificuldade de comunicação com os Nativos mesmo acompanhados por Potiguaras, o idioma do interior das terras dominadas era muito diferente. Apesar da amizade que fizemos os Índios não eram ambiciosas dificultando um possível recrutamento para o combate, o que existia entre os nativos do interior era uma rivalidade com os nativos Tabajaras e mais para o interior com os Ariús índios dos sertões paraibanos. Mas a vida deles era tão simples e agradável a eles mesmos que pareciam ricos por sua felicidade. A terra dava a eles tudo que necessitavam como uma mãe ministra aos seus filhos o puro leite. A mata era a vida deles.




A terra era boa por onde passávamos e a recepção era até constrangedora, simpáticos em sua maioria logo nos serviam suas comidas como fizeram com Pedro Álvares Cabral primeiro navegante Português. As minha caminhada pelo mato e nestas tribos eu percebia que o homem não pode ser manso em demasia, pois serei destruído pela fera que existe nos corações gananciosos, eu sabia que era apenas uma questão de tempo para aqueles índios serem dominados, escravizados e até mortos por Brancos dominantes. Existe uma força insaciável no homem que o força a devorar o seu semelhante em nome de sua sobrevivência e lei que criara para oprimir o mais fraco. Era uma multidão de índios gentis, simpáticos a sorrirem e nos observar, admirados com cada ato que fazíamos. Como crianças facilmente seriam dominados mesmo sendo uma multidão tão forte fazia da inocência de espírito e a falta de organização os seus maiores defeitos. Os Holandeses tratavam bem os nativos e os respeitavam como legítimos donos desta terra e através de alianças e acordos tentavam adquirir os seus serviços e proteção. Mas existiam aqueles sedentos de terras e poder que dizimaria a tudo e a todos que cruzasse o caminho deles e de seus lucros.



Depois de muitos dias retornávamos ao forte de Santa Catarina trazendo informações e alguns nativos com a intenção de agrupa-los ao nosso povo, ao nosso exército. Existia entre nos reverendos vindos de Amsterdã que sonhavam evangelizar aquela região e ganhar as almas daqueles nativos para obediência ao Cristo. Enquanto permanecíamos no forte exercíamos o trabalho de fazer algumas patrulhas, tomar conta do Atalaia no Forte Velho que era um centro de observação que via até a praia do cabo branco. Dirigia guardas de observações na igreja da Guia em Lucena, ponto estratégico de observação.



Passei a tomar conta de toma patrulha responsável pelos pontos ide observação que eram importantíssimos no caso de um ataque por mar ou terra. Deveríamos fazer sinais de fogo se fosse à noite e espelhos davam brilhos de alerta durante o dia em um possível ataque. Como os Lusitanos estavam utilizando a estratégia do ataque repentino o medo era sermos atacados de surpresa na troca da guarda. Para evitarmos este acontecimento passávamos alguns dias nos pontos de observação e não tínhamos dia certo para a rendição por outros militares para confundir o inimigo. Passávamos pelo atalaia deixando soldados descansados e partíamos em direção a igreja da Guia aonde fazíamos a troca da guarda e descíamos para Lucena utilizando barcassa nos mangues logo em baixo, lado sul, da igreja da Guia. A tensão na troca era nítida e o atalaia no Porte velho era o ponto mais vulnerável a um ataque do inimigo, pois era isolado dos demais tendo ao lado oeste uma grande planície. Era um trabalho rotineiro, mas a tensão dava um toque especial a cada dia. O ser humano se acostuma com o que é bom e com o que é ruim, tanto a paz acostuma a alma humana quanto o medo à segura o desejo de aventura. Porem como Salles me ordenou um segredo eu não temia, respeitava a morte e as situações, mas o medo era afugentado do meu coração, pois acreditava que ele atraia muitos males.




Apesar de participarmos de uma força armada tão gran¬de, uma das maiores do mundo, às vezes nos faltava farinha e pão. Nisto as praças e até os oficiais necessitavam caçar até como complemento de sua alimentação que era rarefeita . Os nativos eram taxados com impostos que eram entregues nos postos militares, mas as vezes este pagamento atrasava e em alguns casos não vinham. Além dos pesados impostos tinha os juros dos empréstimos que muitos tomaram da companhia das índias ocidentais e a alguns Judeus Banqueiros. Como o povo não tinha a cultura da produção como nos pai sés Capitalista todo este sistema ficava comprometido e falho. Os praças saiam nas horas vagas a caçar ou pescar e infelizmente começara a aparecer soldados mortos no campo. Levando os soldados pelo forte velho encontramos dois soldados mortos entre as árvores. Patrulhas Lusitanas atacavam repentinamente soldados e camponeses que apoiavam os Holandeses partindo rapidamente não deixavam pistas. Por ordens superiores passei a comandar patrulhas que visavam encontrar estes guerreiros das sombras e do oculto.



Era difícil a identificação deles que se passava por camponeses transportando suas cargas das aldeias interioranas. Foi designada alguma ajuda indigna Para nos auxiliar, mas nada encontramos só alguns cadáveres de companheiros nossos mortos a tiros, pauladas. Era um mundo complicado cheio de índios de diversas tribos que falavam o Tupi e o Dzebucuá Cariris, nativos mestiços e nobres de diversas nações. Isto impossibilitava a criação de um rosto comum ao inimigo. Ele, o inimigo do poder Holandês, tinha várias faces, índia, negra, mameluco, cafuzo enquanto a face do homem holandês era reconhecida até no mais complexo disfarce. Nossa língua era difícil para os nativos e até os nossos nomes eles não conseguiam pronunciar. Às vezes estes empecilhos nos tornavam solitários e a solidão enlouquece qualquer alma, até a alma do mais nobre dos príncipes.




Linge ordenou a investigação de alguns fazendeiros acerca do apoio aos Portugueses e ao pagamento de algumas dividas isto pressionado por alguns banqueiros. Os empréstimos da companhia das índias ocidentais em Amsterdam beneficiaram muito o Brasil, mas alguns banqueiros exigiam Juros muito altos chegando a impossibilitar o seu pagamento e aquilo que parecia ser a salvação da lavoura foi a sua perdição. No meio desta guerra estava eu e meus soldados lutando por vários interesses que não eram os meus. Enquanto os meus homens passavam apertos e morriam por ataques repentinos, banqueiros levavam seus milhares de florins (dinheiro da época) para sua casa cheia de poupa e comida. É, a vida se apresenta muito desigual e enquanto alguns morrem outros riem, expressam suas gargalhadas através de suas bocas gordas e suas “Panças” avolumadas. Alguns se sentem no direito de beber e comer a carne do seu semelhante e para isto formam leis legalizando sua impiedade.



O poder tem duas admiradoras que vão para aonde ele for. A Falsidade e a hipocrisia são apaixonadas pelo poder e o cercam onde ele estiver. A esposa do poder chama-se política e sem ela, ele não consegue se estabelecer mas estas duas amantes dele nunca desistem de sua companhia. Apesar de a politica desconfiar ela nunca poderá flagrar a falsidade nem a hipocrisia com seu marido pois se isto acontecer ela o destitui de sua posição, todos que se aproximarem do poder humana terão que passar pela análise destas três mulheres que uma vez desagradada poderá excitar o poder contra o que desagradara. Aonde o poder estiver estará estas três mulheres apaixonadas por ele. Mas um dia o poder morreu e em seu túmulo descansava tranquilamente, mas escuta uma voz sobre o seu berço eterno:



- Falsidade, eu amei muito este poder e ninguém amou ele mais do que eu.



- Hipocrisia minha irmão queridinha, você pode ate ter amado ele, mas não mais que eu viu.



Neste meio tempo a Politicagem visitar seu marido e percebe a presença da hipocria e da falsidade.



- Oi hipocrisia , falsidade o que vocês estão fazendo aqui?




- Ah, é, estávamos esperando você vim ver o seu marido. Alguém nos disse que você iria vim então estamos aqui para chorarmos com você.



- Ah, como vocês são legais!



Desta forma, mesmo depois de morto, o poder não foge de suas mulheres. Aonde existir o poder existirá esta situação e conosco aqui na desembocadura do rio Paraíba e Sanhauá não estava sendo diferente. Muitos de nossos líderes estavam em busca de bens pessoais enquanto nós soldados nos matávamos mutuamente. Enquanto atracados nos fazíamos em pedaços os bolsos dos burgueses estouravam com a prata e o ouro, enquanto a boca deles declarava que estavam lutando por nossos interesses. Será que um dia isto mudará? Os Potiguaras lutavam fortemente ao nosso lado pela simples simpatia que sentia ao nosso respeito, sem garantias de futuro ou defesa de suas famílias em caso de sua morte, eles lutavam, lutavam, mas a gloria pertencia a alguns coronéis que mal falavam com eles depois das vitórias.


O Povo segue seus lideres e os tiram da lama, mas eles esquecem e depois de limpos os chamam de sujos. Nós ainda dávamos mais atenção a eles que os Espanhóis e portugueses que nem mesmo os consideravam em suas reuniões de administração. Os holandeses tinham ao seu lado Pedro Poti, o potiguara, que era a mão forte nativa ao lado de nossas companhias. Sem os nativos nenhum poder se estabelecia nestas terras quentes e úmidas. Andando nas matas do forte velho a saudade do aroma das flores em minha terra me alcançava e a voz de minha mãe era desejada ser ouvida, tudo parecia tão distante que a companhia de soldados passava a ser a nossa família. Para que os oficiais aprendessem o tupy o nosso comandante geral ordenou que fosse ministrado aulas no forte de Santa Catarina e pra isto trouxeram um frei chamado Domingues. Ele era um frei que não quis se dirigir a cidade de nossa senhora das Neves por motivos pessoais e como ele não representava perigo para o sistema foi permitido ele conviver entre nós.



A muitos anos ele chegou nestas terras para o convento de são Francisco e evangelizava os índios da região de Baía da traição. Arrastava uma perna e um braço devido a uma doença que teve, mas dominava o tupy fluentemente. Passamos a ter aulas na sala de reuniões várias vezes por semana e nasceu entre nós uma grande amizade. O Frei morava em uma cabana feita de troncos e folhas na ilha da restinga e geralmente o seu ambiente era ilha da restinga forte velho, praia do Jacaré. Apesar de sermos de outra religião passei a ver naquele velho homem virtude e um bom coração. Nas minhas caçadas com os meus soldados sempre tirava um tempo para conversar com ele e dele obtia informações importantes do tempo, da história, dos índios. Realmente aquele velho religioso era uma biblioteca de conhecimentos. As nossas muitas conversas ele me contara que o interesse desesperado de Paulo Binge em retomar a cidade de nossa senhora das neves estava debaixo do convento de São Francisco.



Domingues - Van Soares o interesse de Paulo unge está no tesouro dos Holandeses que se encontra sob o templo de São Francisco. Afinal existem vários comentários de muitos tesouros nas cavernas de São Francisco, mas o tesouro dos Holandeses é um fato, pois eu vi as escavações feitas ao lado do templo para esconde-lo.





Van Soares - Mas eles sabem que o senhor viu?



Domingues - Não.



Van Soares - Mas por que o senhor está a me contar isto já sou um oficial?




Domingues - Você é um homem que tem um bom coração. Eu sinto isto!




Domingues me contou muitos segredos tanto dos Portugueses, Espanhóis quanto do meu próprio povo e seu domínio desde o começo. Contou-me também a História do Padre Antônio da piedade que deixou a sua segurança para salvar os soldados feridos. Ele foi ferido e morreu no convento de São Francisco por este ferimento. A história de João Mattos Cardoso o grande herói do forte de Santa Catarina que comandou o forte por mais de quarenta anos e não o abandou até a morte. História de índios e suas crenças, seus costumes. Sempre que eu podia comparecia a casa do velho frei que se recusava sair daquela região.




A vida de um soldado é dinâmica, ele é ensinado a não pensar só obedecer. Mas a minha mente era investigativa e costumava criar as suas próprias idéias acerca das coisas e dos fatos. Nem sempre as coisas são como nós é apresentadas, mentes tentam dominar mentes para obterem lucros para este fira utilizam as idéias como arma de domínios.




O homem vive em conflito porque dentro dele há um conflito constante. Parece que a alma, espírito e corpo vivem tendo desarmonias gerando uma espécie de inquietação na vida de cada ser vivo. A vida é enigmática e gosta de causar surpresas em cada curva da estrada que caminhamos. Perseguimos a perfeição, mas não precisamos ser perfeitos para sermos felizes, precisamos apenas amar. Porém ele é como o relâmpago que nos assusta mesmo que estejamos o esperando ardentemente. Como o relâmpago traga a sua força com a terra assim são os corações que se amam. Eu era muito jovem e meu coração não tinha senti-a incrível força do amor e mediante o ambiente em que vivia achava eu que tão fenômeno não iria acontecer nunca. Mas como algumas flores que teimam em crescer mesmo em meio a horríveis pedregais assim é o amor que surge mesmo em meio a terríveis ambientes colorindo e perfumando a nossa alma.
Nas minhas horas vagas pedi permissão para caçar no forte velho aonde pretendia caçar e depois na ilha da restinga comer a caça com Domingues o velho freio Na minha atenção vi nas árvores um barulho então preparei a minha arma com uma tensão, pois poderia ser um animal de grande porte.





As folhas continuavam vagarosamente se mexendo como se a caça estivesse se dirigindo para um lado. Eu não deixaria de jeito algum esta caça fugir. Vagarosamente fui seguindo os galhos que se mexiam pronto para atirar e levar para casa de Domingues o meu almoço. Engatilhei a arma e apontei quando vagarosamente subiu entre os arbustos uma mulher linda, morena de cabelos e olhos pretos, nua com seus cabelos cobrindo os seus seios pontudos magra de altura média e sorriso contagiante que me deixou sem ação totalmente. Apesar de ter em minha mão uma arma engatilhada era eu que estava rendido mediante tamanha beleza. Durante algum momento ficamos parados um na frente do outro sem palavras como se os nossos corpos estivessem trocando informações sem que a nossa consciência soubesse de fato o que estava acontecendo. Apesar de ter visto muitas índias e índios aquela era diferente, parecia que já nos conhecíamos a muitos anos e sem palavra os nossos corações fizeram longos discursos. O impacto foi tão grande que todas as minhas ideologias pensamentos filosóficos e preparos se renderam a um simples sorriso de uma índia. Eu estava caçando, mas acabei sendo a caça e atingido por um lindo sorriso me rendi ao amor.




- Ei, meu nome é Van Soares de Goa.




A nativa depois de me observar correu tendo ao seu lado várias crianças nativas que corriam nuas em meio ao mato. Enquanto corria o seu cabelo longo e preto pareciam uma bandeira a acenar para mim sobre aquele corpo nu. Corri atrás dela procurando falar com ela e com muita dificuldade a alcancei, segurei em seu braço magrinho olhando em seus olhos misteriosos. Novamente os nossos olhos se analisavam e as palavras não vinham a minha boa. Nada adiantava falar, pois ela não compreendia a minha língua nem eu a dela apesar das aulas com o Frei.




Segurando eu seu braço eu me desconhecia pois insistia em olhar para ela quando estendeu a sua mãe pequenina e frágil me dando uma fruta típica daquela região. Peguei a fruta e soltei-a a qual saiu correndo com as crianças que a acompanhava sorrindo e olhando para trás. Existem coisas que passam anos para nos marcar apenas alguns instantes, porém existe alguns instantes que nos marca a vida toda. A Imagem daquela índia com seu sorriso rasgado e espontâneo foram gravados em minha mente que insistia em repetir, repetir a cada instante da minha caminhada. As maiores surpresas que temos não estão nas situações que passamos na vida, mas as reações que temos a elas as que mais nos surpreende. Nas surpresas os instintos falam mais alto deixando de lado todo o nosso universo de lógicas e idéias. Depois do encontro com aquela índia o meu universo se alterou grandemente como se surgisse nele um novo sol e muitas partes desconhecidas rapidamente se apresentaram. Para a ilha da restinga com a pouca caça que tinha em mãos, porém com o coração caçado por um sorriso de um coração índio. Será que eu iria ver ela novamente? De que tribo pertenceria aquela tão bela nativa?




A partir do dia que conheci a nativa que nem mesmo sábio o nome passei a anda tendo os meus olhos a procurar aquela que, como uma flor nativa, vi no meio dos arbustos e o cheiro da sua alma encantou a minha. O amor é como uma fome da alma que desesperadamente procura se alimentar com a simples presença de seu amado. Meus olhos procuravam a todo instante aquela que eu tinha visto e seu olhar me absorvido para dentro das profundezas de seu coração. Para surpresa minha, na troca da guarda do posto de observação Atalaia vi novamente a beleza selvagem. Ordenei que os soldados seguissem a frente para o seu posto e fui até ela como se fosse realizar outra coisa Para os soldados não desconfiarem. Desta vez ela não fugiu e estava só a eu observar. Tentei conversar com ela, mas ela não compreendia nem tão pouco eu em suas respostas. Sentamos sobre um velho tronco e conversamos com a alma já que não nos entendíamos um ao outro. O Amor é uma linguagem universal e sem tradução nem interprete todos o compreende quando ele aparece.




Estava ao meu lado uma jovem aparentando dezenove anos, nua, linda com um cheirinho de flores do campo que olhava para mim com sua propriedade, como se ela estivesse tomado posse de mim desde o dia em que me viu. Um beijo longo foi à resposta de nossos corações acelerados que se amaram em meio a relva. Envolvido pelos seus cabelos suados eu selava o meu destino dentro de seu corpo sedento de mim. Nada falávamos um da língua do outro, mas os sussurros e gemidos por ambos são compreendidos. Como o beber a água pura do rio de manha cedo foi o nosso amor próximo à atalaia no forte velho. As árvores eram nossas cortinas e os gemidos da índia eram abafados pelas folhas da mata. Os lençóis eram as folhas secas e sua fome e sede de amor parecia deixar ela louca. Sorrisos e gemidos expressavam a nossa grande atividade que nos levava as nuvens. Exausta e suada com aquela pele negra ela cai sobre o meu peito suado e adormece rapidamente o que é acompanhado por mim quase instintivamente.




Soldados - Van Soares cadê você? Van onde estás?



Os soldados estranharam a minha demora e eu fui acordado pelos seus chamados. Talvez eles pensassem que eu tinha sido atacado pelos Portugueses. Me levantei e chamei a nativa amada com um grande beijo.




- Vá embora, os meus amigos estão vindo ai. Vá agora! Depois você volte a me procurar.




Dei a uma peça do meu sinto e a despedi por outro caminho para os meus soldados não vê-la.





Soldados - Van Soares onde estavas?




Van Soares - Eu estava com muita dor na barriga e decidi descansar um pouquinho antes de subir esta ladeira tão grande.




Soldados - Senhor tenha cuidado com as patrulhas lusitanas se ela pegar um oficial terá um grande prêmio nas mãos.



Van Soares - Vamos homens!




Desde que nos experimentamos o amor jamais esquecemos o seu sabor e nunca deixamos querer participar desde fenômeno que acontece entre a matéria e o transcendental. A alma, o espírito e a carne como planetas distantes se alinham formando um espetáculo de infinita beleza. Alimentei o costume de “Caçar” constantemente admirando os meus amigos, pois nada ou quase nada trazia. Sobre o atalaia observando o horizonte estrelado ficava sonhando acordado, pois o amor é um vinho que sempre nos faz delirar.




Soldado Jacob Gutemberg - Senhor, senhor ei senhor!




Van Soares - Sim?




Jacob Gutemberg- O senhor parecia que estava sobre aquelas estrelas longinqua.




Van Soares - É neste lugar de ampla visão viajamos mesmo.




Lecheev – Senhor, mas nada mudou na atalaia a visão e a mesma desde do dia em que chegamos aqui.




Van Soares - É, mas existe coisa que acontece conosco que colorem a nossa vida e tornam as estrelas mais brilhantes. E apesar das estrelas estarem no mesmo lugar repentinamente notamos a sua incrível beleza. Nada será colorido se dentro de nós estiver zinza!




Lecheev - Uhhh, o tenente está tão romântico.




Jacob - Esta caça diária está fazendo muito bem ao senhor oficial.




Nunca me senti tão bem como naqueles dias e sobre o andar final do Atalaia eu me sentia leve seguro e realizado. Sintomas de um verdadeiro e grande amor. Mas eu não sabia o nome dele então copiei o nome do irmão de um de meus soldados que se chamava MERCIEN. Fiquei ancioso para contar a ela como a chamaria. No dia seguinte corri para o nosso lugar de encontro e as árvores da floresta parecia abrirem caminho para um coração cantante, pois o amor é musical, e quem ama sente incrível vontade de cantarolar. Cheguei na árvore de nosso encontro mas nada havia.





- Cadê Mercien?




Por instantes o meu coração ficou apreensivo, mas como uma deusa da floresta ela subiu entre os arbustos com uma flor azul em seu cabelo e um sorriso de alegria de me ver.





- Mercien. Você será chamada de Mercien tá.




Como era seu costume correr e pular agarrada ao meu pescoço foi desta forma que ela me disse sim calando a minha boca com um longo beijo de amor um beijo de amor ressuscita qualquer alma mesmo que a muito tempo ela esteja apodrecida. Enquanto nos amávamos as árvores pareciam bater palmas a tão precioso e raro sentimento.




Havia um rígido controle dos holandeses sobre os seus jovens evitando assim a mistura das raças e ate a religião através dos reverendos nos proibiam a nos relacionarmos com mulheres de outras religiões e povo. Havia a proibição da relação sexual antes do casamento e cada jovem havia um tutor. Nisto a necessidade de esconder tal relacionamento havia com o perigo de haver uma transferência para outra província dominada pelo império Holandês. Eu não iria abrir mão do meu amor nem da minha ordenação de oficial.




O amor, esta cola celestial que traz até o nosso vazio a matéria necessária para o total preenchimento. O homem poderá conquistar terras/ riquezas e poder, mas se não tiver conquistado um coração de uma mulher nada terá conquistado. Não existe lugar no mundo mais confortável do que o interior de um coração que nos ama ardentemente. Existe uma estrela no coração de cada um que brilha com mais intensidade cada vez que apenas olhamos para aquela que nos quer bem.




Utilizando a desculpa de investigar as mortes dos soldados atacados por patrulhas dos revoltosos portugueses fui até a tribo dela que ficava a uma distância razoável do posto de observação Atalai e igreja de nossa senhora da guia. Como é que aquela índia caminhava tanto só pra me encontra? É o amor não mede distância e não ver as dificuldades. Chegamos até a tribo dela com a nossa tropa e fomos recebidos com muita alegria e admirados eles olhavam constantemente para nós. Lá estava Mercien entre os seus a olhar para mim com aquele brilho no olhar que só os amantes têm. Descemos ate o chefe da tribo que pertencia à nação potiguara, ele se chamava Potyguassur e era muito grande. Este índio era tão grande que parecia dois e segundo fiquei sabendo, ele era neto de um holandês que naufragou na praia do Holandês outros diziam que ele era filho de um italiano que naufragou em um navio espanhol na região chamado Filipe Lorenthz.



O fato era que aquele índio até sorrindo para nós nos dava medo. Seus braços eram enormes e seu semblante como de um guerreiro cruel. Para minha surpresa enquanto falávamos Mercien se aproximou e ele a abraçou o que me irou tremendamente. Mas para alívio de minha alma herói e era filha dele e como os índios costumavam ter filhos muito cedo tive medo que ele fosse o marido dela. As tribos naquela época se constituíam mais ou menos de duzentas pessoas exceto alguns lugares que tinham uma grande concentração indigna que era o caso de Baia da traição, Campina Grande e partes do recife com os tabajaras. Dentro de sua casa de palha os anciões nos receberam e falaram conosco sendo traduzido pelo frei Domingues.
Os índios - Estamos a colaborar com vocês até a mais terrível guerra. Nossa tribo é amiga dos holandeses desde que eles chegaram aqui.




Van Soares - Queremos pistas dos que matam soldados nossos em ataques repentinos nas estradas e matas,


Índios - Nós não sabemos nada acerca deste assunto. Muitos brancos passam com suas tropas de burro pra lá, pra cá. Não sabemos que é mau ou bom para o seu sistema. Mas estamos atentos para qualquer informação repassarmos pra vocês.




Van Soares – Obrigado



Índios - Vamos comer e comemorar a chegada de você.




Aquele povo poderia não conhecer as letras dos brancos, mas eles eram receptivos demais, sabia receber os amigos.





Comemos e bebemos em abundância logo que entregamos a eles os nossos presentes: espelhos, foices, facões o que trouxe muita alegria. Potyassur recebeu de minhas mãos um facão de quase meio metro e os demais se encantaram com as muitas mercadorias que receberam. Eles sabiam fazer festa e agradecer a. cada presente que recebera. Enquanto a festa entre os homens prosseguia as mulheres de longe olhavam para nós e Mercien conversava e sorria Para mim. Parecia que ela se tornara importante pelo simples fato de estar comigo. Na grande recepção que fizeram para nós um índio me busca e frei Domingues me segue. Potyassur queria falar comigo urgente o que me trouxe um certo receio. O que ele queria falar comigo? Será que ele já sabia de tudo e queria lavar a sua honra de pai ferido? Fui até ele em um lugar um pouco afastado e a tensão do momento foi grande, os olhos do Frei Domingues demonstrava temor, O que iria acontecer?




Potyassur - Van Soares de Goa você anda se encontrando com a minha filha?
Van Soares - Diga a ele Domingues que sim.



Frei Domingues nos traduzia e havia certo medo em sua voz demonstrando haver em seu coração medo daquela situação inesperada. Potyassur mandou chamar sua filha que veio as pressas atendendo ao seu pai.




Potyassur - Você gosta dele minha filha?




Mercien - Sim meu pai.




Potyassur - Você tem o coração de minha filha e o corpo também e segundo a nossa cultura vocês têm que se casarem.



Quando ele falou nisto as minhas pernas tremeram, pois assim que os meus chefes descobrissem esta confusão eu seria transferido imediatamente talvez para o Recife aonde havia constante combate. Mas a coragem e a virtude são qualidade que nos livra de muitos males. Resolvi contar a Potyassur a verda¬de do ocorrido.



Van Soares - Sim Potyassur amo a sua filha e a quero só pra mim. Mas eu preciso de tempo para contar aos meus chefes o ocorrido para que eu não seja transferido desta terra. Segundo a minha lei eu não posso casar ainda com a sua filha, mas eu a quero muito.



Potyassur - Você a ama?



Van Soares - Sim, muito!



Potyassur - Então apartir desta data ela será a sua mulher e um tempo será dado até que seu povo aceite a nossa aliança entre me e te. Ela será conhecida na nossa aldeia como a mulher do oficial Van Soares. Certo?



Van Soares - Sim.



Ele me pediu para dançar a dança do Toré com os seus e com sua filha que segundo ele já era a minha esposa para sempre. Para alguns isto poderia representar uma situação embaraçosa, mas para mim uma felicidade inexpressável. Dançamos a dança toré e outras que foram sendo realizadas, neste clima de festa fomos até a manha. Cansados fomos chamados a uma cabana especial, forrada de couro de animais e bem fechada por todos os lados. A mim o chefe branco, como eles chamavam, foi me dado uma cabana separada dos demais aonde deitei exausto.




A surpresa foi, quando eu estava deitado em profundo sono senti um calor ao meu lado e quando observei era Mercien deitada como se fosse a minha mulher possivelmente trazida por seu pai. Esta situação era muito comprometedora, mas eu seguia a filosofia de não temer apenas respeitar a vida. Dormi profundamente ao lado de minha esposa índia.





Ao me acordar fiquei a imaginar o que a minha família iria dizer, será que iria aceitar? Mas a sabedoria nos diz que devemos viver a nossa própria vida e não a dos outros, viver por aparência é comer um fruto que só tem a casca. Eu não; imaginava ainda como aquele ato e casamento iriam influenciar em minha vida apartir daquele momento. Retornamos para o forte de Santa Catarina e apresentamos ao oficial superior o que a ele interessava. Não encontramos pistas dos vassalos e nenhum rebelde nos foi delatado.













CAPITULO III








LIVRO BAÍA DOS HOLANDESES

JOILSON DE ASSIS

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As idéias são muito boas e devem ser seguidas para haver uma aperfeiçoarão, mas são os instintos que dirigem a vida dos homens, são eles que se manifestam nas situações e dirigem os nossos passos. Deveríamos exercitar as idéias e treinar os instintos, pois perante os instintos a idéias nada fazem. Já nascemos com um temperamento e com inúmeros instintos vindos de todos os nossos antepassados, pois somos um pedaço de cada um deles. Eu não estava acreditando no amor que estava a viver e nem mesmo as reações que tive as situações que o cercaram. Qualquer oficial fugiria de um possível choque com os comandantes, mas eu não poderia negar a este amor e aborta tão lindo sentimento que crescia dentro de mim a cada dia que nascia. Eu sabia que era uma questão de tempo para alguém da cúpula do comando saber e me transferir ou até mesmo prender. Segundo eles, eu poderia estar trazendo, mau exemplo pra tropa e traindo a minha religião. Mas como eu poderia estar traindo a minha religião já que Deus estava me dando um tão grande presente?





A minha “caçada” continuava e todos os dias ela vinha me ver como sol vem visitar as plantas e dar a sua vida para elas. Como a falta de sol é a falta de amor, ela provoca um mofo na alma chamado de angustia que apodrece a alma. Mas quando Mercien chegava o sol da estrela existente em seu peito desintoxicava a minha alma sofrida a tornando em um belo jardim florido. Como é benéfico o amor!




Sobre o atalaia depois de ter visto a minha queria Mercien veio a mim um soldado montado em seu Cavalo.




Soldado - Senhor Van Soares de Goa?




Van Soares - Sim, sou eu.




Soldado - O capitão Adrian está chamando o senhor com urgência no forte de Santa Catarina.




Então desci do atalais e peguei a minha cavalgadura e me dirigi ao forte. Chegando ao Forte velho peguei uma balsa e me aproximei do forte com sua bandeira hasteada balançando no vento. Na verdade é uma linda bandeira! Chegando no forte baixaram a ponte de madeira e eu entrei para o meu destino.




Soldado - Senhor o Capitão Adrian está esperando na sala dos oficiais.



Van Soares - Obrigado.




O que iria acontecer depois daquelas escadas? Não importava eu iria ser o que sou e não iria mentir.




Capitão Adrian - Sente-se Van Soares. Vamos direto ao assunto: Tenho aqui duas denuncia contra você. A primeira diz respeito a uma amizade muito grande com um Frei da igreja Católica. A outra se diz respeito a um relacionamento com uma nativa da nação Potiguara filha do grande Potyassur. São verdades estas denuncias?
Van Soares - Sim senhor. Sou amigo do frei Domingues tradutor de Tupy e amo uma nativa que eu a chamo de Mercien.




Capitão Adrian - Você conhece o nosso sistema, não nos envolvemos com os nativos nem com pessoas de outra religião principalmente a Católica. Eu quero um basta destas duas situações viu! Eu não quero ouvir falar mais de Mercien nem deste padre como amigo. Você é um oficial holandês formado na companhia das índias ocidentais e eu não quero lhe perder. Estamos em conflitos constantes e você vem me trazer problemas. Se o chefe geral Paulo Linge souber disto tirará a sua farda ou no mínimo te transferirá para ilhas Antilhas ou Recife.




Van Soares - Senhor eu amo Mercien e sou capaz de perder até o cargo de oficial para ficar com ela. Já o frei Domingues é um amigo e a amizade não tem religião.
Cap. Adrian - Van Soares o tenho como um filho na vida militar e não quero perdê-lo por estes motivos que poderão ser resolvidos rapidamente. Vou te dar um tempo para se definir, não vou colocar no relatório para Paulo Linge e vou negar que sei de alguma se alguém me perguntar. Agora faça a sua parte!




O capitão Adrian viu a firmeza de meu coração e decidiu abafar o caso por algum tempo para não me perder como oficial. Ele fez vista grossa ao meu respeito, porém mais cedo ou mais tarde os demais oficiais saberia Paulo Linge entraria em ação. Mas eu não temia, eu apenas respeitava as situações.




Capitão Adrian .- Van Soares temos situações difíceis pela frente, os investidores estão requerendo os seus investimentos e muitos fazendeiros e senhores de terra não estão pagando. Te¬mos a denuncia que o senhor de ferras André dias de Azevedo,ele está conspirando contra o nosso domínio no engenho São Tiago Maior» temos que fazer alguma coisa.




Van Soares - Senhor esta informação foi paga? Capitão Adrian - Sim, faz parte da dilatação premiada Van Soares - Então não é de total confiança.




Capitão Adrian- Ele nos forneceu dados importantes que tropas vassalas estão sendo alimentadas e municiadas pelos habitantes do São Tiago Maior e Paulo Linge já ordenou a captura dos principais daquele engenho. Prepare-se!





É a situação era realmente difícil e muitas tropas vagavam entre as florestas e os canaviais. Preparei-me o espírito, mas o meu corpo pertencia a Mercien enquanto isto a minha alma descansava em um profundo paraíso. O Amor é um vício que nos faz bem enquanto dura. Eu não queria saber qual inimigo que iria enfrentar eu só queria amar, sentir o calor da alma daquela pequenina e frágil índia. O Forte velho depois da imensa baía era o nosso paraíso de amor e meus soldados já sabiam o meu costume de “caçar” diariamente. Entre as árvore do Forte Velho já tínhamos a nossa cama e não importava o lugar da cama mas a felicidade daqueles que se deitam sobre ela. O que eu poderia fazer já que Mercien era daquelas que se entregavam de corpo e alma à aquilo que ama. O Brilho de seu olhar contaminava a alma com o mais suave perfume era como uma hipnose. Como será que a minha mãe e Pai reagiriam ao saber que eu estaria casado cora ama nativa Brasileira? Talvez eles dizem: É Isto mesmo meu filho, ame intensamente .



Deitado ,tendo sobre o meu peito branco Mercíen a índia de pele morena e seus fartos, escutei um barulho e levantei-me vagarosamente para ver o que era tampei a boca de Mercien com as minhas mãos e percebi uma tropa Portuguesa passando com negros e índios. Eles estavam indo em direção ao Atalaia como se quisessem o atacar mas o que eu poderia fazer contra tantos homens? Deixei com que eles passassem e já a uma distância segura atirei um tiro de advertência alertando o atalaia que respondeu através de tiros dentro do mato. Com espelhos dei a localização do inimigo e fugi carregando pelo braço a Mercien. Enquanto corríamos ela segurava a minha mão e em um sonho eu corria entre as árvores.. Em amor até as mais terríveis das catástrofes se torna bela e alguns desastres se tornam motivos de riso.






Van Soares - Vamos Mercien Vamos, eles poderão voltar e nos localizarem!




Eu sabia que ela não entendia a minha língua, mas o amor é um idioma universal e até as feras mais terríveis o conhece. Expliquei a ela que eu teria que partir para semana era uma expedição em busca de revoltosos e iria passar alguns dias fora» Quando amamos fazemos do amado ou amada o nosso oxigênio e como a força do Oxigênio só sabemos a sua intensidade quando ele nos falta por alguns instantantes. Como foi difícil dizer aquela que eu amava que passaria dias distantes dela. Mas era o meu oficio e eu 30 não aceitaria ficar definitivamente longe dela.






Chegou o dia das tropas partirem e foram recrutados nativos Potiguaras e Potyassur se ofereceu sara ir com vários valentes mesmo sem saberem o que realmente estava acontecendo e o que iria acontecer. Eles vieram trazendo os seus facões e flechas, alguns traziam armas que lhes foram presenteados por oficiais. Nos reunimos passamos as ordens adiante de todos e fomos ao nosso destino. Os pastores calvinistas diziam que o nosso destino está escrito antes mesmos de nascermos, mas o padre Domingues me falou que o destino pode ate está escrito, mas quando olharmos a caligrafia notaremos que nos pertence. Estaria eu marchando para algum objetivo meu? Por que defenderia ricos e banqueiros com a minha própria vida? Estas respostas eu nunca as encontrei. Marchamos pelas matas em Direção a vários destinos e não muito longe encontramos uma fazenda incendiada e fazendeiros que eram nossos amigos mortos.




Quem haveria os matados? Certamente os vassalos, mas os populares poderiam pensar que fomos nós o que realmente aconteceu. Ao verem as nossas tro¬pas muitas pensaram que éramos nós és causadores daquelas mortes. A dificuldade de comunicação era muito grande e tudo era de difícil explicação, como não tínhamos tempo, partíamos sem os esclarecimentos devidos. Ah, que pena, corpos parecendo bonecos mortos e incendiados como se nada fossem isto causava certa irritação na tropa que ficava ansiosa para entrar em ação.




A Caminho dos Sertões sob a luz intensa da lua dormíamos guardados por algumas sentinelas. Sn sono profundo sonhei que estava em um lugar aonde havia uma festa muito grande. Pessoas riam e bebiam sem preocupações. Danças havia e crianças corriam entre os casais. Depois de observar estas cenas de felicidade voltei a olhar para o salão da festa e não havia mais aquelas pessoas e em seu lugar havia cães de diversas cores e tamanhos celebrando uma caçada e seus despojos. Enquanto aqueles cães comemoravam outros cães chegavam junto ao grande terreiro e por alguns minutos as matilhas se observaram apenas com leves sons em suas gargantas. Os cães que chegaram queriam o chefe da matilha o que não agradou os demais cães que iniciaram uma luta ferrenha com os cães que chegaram de fora. A briga foi terrível e pescoços logo foram sendo esmagados pelos dentes da matilha intrusa. Os cães que chegaram eram grandes e estavam querendo briga. Com o preparo da segunda matilha os cães que estavam no terreiro foram mortos um a um até que todos pararam frente a uma cena inesperada. No meio dos cães raivosos uma bela, cria de uma cadelinha havia. Todos cães raivosos ainda com sangue em seus dentes pararam mediante a beleza daquela cria tão linda,de pelos brilhantes e olhos bem acabados. Acordei-me ofegante ao nascer do sol e fiquei a pensar o que estava acontecendo.




Soldado - Tudo bem Tenente Van Soares?




Van Soares - Sim soldado, foi apenas um pesadelo daqueles.
Continuamos a nossa caminhada era direção ao engenho São Tiago Maior passando por vários outros. Recolhíamos donativos e impostos não pagos pelo caminho até que chegamos junto ao engenho que estava em festa.




Van Soares - O engenho está em festa senhor.





Cap. Adrian - Não podemos aguardar aqui nos mosquitos e nas moscas o termino desta festa. Vamos e nos dirigimos ao chefe em particular.




Fomos ate a festa que estava muito animada, mas parou mediante a nossa presença. Demonstramos-nos simpáticos e não fi¬zemos de amigos para não causar tumulto. Os potiguaras estavam conosco e a presença deste tapuia alvoroçou o povo já que eles traziam os seus facões em suas mãos. Cassávamos entre o povo e negros com vários índios nos observavam profundamente.





Cap. Adrian - Estamos aqui para falarmos com o senhor André.
Dias de Azevedo ; Por favor chame-o .





Havia um tensão no ar e a casa grande estava lotada de pessoas nobres e simples vestidos para festa. Eu sabia que aquela situação era uma bomba pronta para explodir mas não imaginava o pior. Paulo Linge era exigente e o nosso capitão teria que executar suas ordens com rapidez se não quisesse sofrer repreensões.
Van Soares - Por favor queremos falar com o senhor André Mas de Azevedo ou qualquer que possa representá-lo .





Olhando ao redor estávamos cercados, mas quererá louco de iniciar uma guerra bem no meio de crianças, mulheres, velhos? Nunca devemos duvidar dos loucos, afinal eles são loucos. Um tapuia de uma nação desconhecida por nós veio e disparou de dentro da cada grande uma flecha bem no peito de um de nossos soldado que cai agonizando e assim o pior aconteceu, A tropa abre fogo para todos os lados e mortos começam a cair no chão. Todos estavam sendo atingidos até aqueles que nada tinham com esta guerra, tudo que se mexia era alvo em potencial, índios ferozes e até mulheres saltaram sobre a nossa tropa que reagiu fortemente. Potyassur nos defendia e com seu facão amolado ele cortava a todos que se aproximasse.




A força dele era tanta que decapitava pessoas e membros só com um golpe de seu facão. Que cena terrível, aquele terreiro de alegria logo se tornou um terreiro de sangue, vestidos de festas de cor brancas logo se tornavam vermelho com o sangue daqueles que festejavam. Pessoas eram arremessadas de dentro da casa grande e mulheres eram agarradas pelo pescoço e mortas. Elas também nos atacavam levando desvantagem pelo despreparo geralmente morrendo na primeira investida. A cena dourou alguns minutos e nativos negros, mestiços, brancos experimentaram a força de nosso exército. Muitas vezes Potyassur me salvou das investidas dos furiosos que caiam aos montões. Os potiguaras mostravam sua força e ninguém podiam os combater. Exausto de tanto lutar olhei ao meu arredor e vi os cadáveres espelhados pelo chão junto com pessoas que agonizavam com suas feridas de morte. Procurei a tropa e achei a sua reunião um pouco adiante junto a casa grande. Fui até lá acompanhado por Potygassur e a curiosidade era grande.



O que fizera tantos soldados se ajuntarem assim já que estavam todos mortos? Olhei em meio a roda de furiosos e vi no meio dela uma linda mulher filha; de André Dias de Azevedo caída ao chão chorando vestindo um vestido branco com babados furados sobre os seus seios pintados com pinguinhos vermelhos. Nativos e soldados com suas facas e facões sujos de sangue não conseguiam matar moça tão linda e perfeita de parecer. Ninguém / ousava matar coisa tão linda parecia que tinha sido feita pelo próprio Deus.




Soldado - Senhor matamos ela? Ela nos atacou com esta espingarda.



Cap. Adrian - Não deixe-a chorar seu mortos .





Não existem vencedores em uma guerra, existe sim o que tem menos prejuízo. Tantos mortos e outros que agonizam sua dor que para mim não tinha valor aquela vitória. Lembrei-me do sonho e temi. Nunca tinha experimentado sensação tão diferente e sonho tão enigmático que pareceu acontecer bem em minha frente. Apartir daquele momento passei a ter sonhos aonde animais representavam situações e a alma humana. Recolhemos os valores e partimos deixando para os da localidade enterrar os seus mortos. Entre nosso exército havia feridos de morte que tínhamos de carregar mas o peso maior era a imagem daquelas pessoas mortas e moribundas no chão. Partimos rápidos para não sermos alcançados pelos revoltosos que se escondiam na mata. Partimos em direção de casa como um cão ferido e em minha mente a imagem real e a do sonho me incomodava. Por que estava tendo aquelas imagens terríveis em minha mente a noite?




No caminho para o forte de Santa Catarina fomos atacados por um grupo pequeno mais bem armado de tapuias tabajaras com brancos Portugueses e novamente entramos em combate ferrenho o que fez com que eles fugissem depois de muitas baixas. O meIhor de uma viagem é sempre a volta para casa. Estávamos cansados, feridos e com a moral baixa , necessitávamos de um lar. Boa parte eu compreendia a luta daqueles nativos que pensavam que iríamos tomar o seu lar, mas na verdade estávamos em uma guerra que não era nossa e muitos, como os potiguaras, nem mesmo sabiam o porquê dos combates. A guerra é uma insanidade legal.




Depois deste massacre houve várias expedições que visavam patrulhar o território dominado e nestas patrulhas enfrentamos muitos combates, índios ferozes e lusitanos revoltosos, tivemos sempre a mão Potiguara ao nosso lado e sem eles o exercito Holandês não teria êxito em um território tão vasto. Ao nosso lado estavam sempre eles observando os inimigos e no ataque eles eram valentes era demasia. Na verdade os verdadeiros heróis de nossos combates foram eles que sem garantia nem ouro, nem prata lutavam pela simpatia com a nossa raça e causa. Eu não compreendia o porquê as autoridades da companhia das índias ocidentais não investiam pesado neste povo que demonstrou tão grande amor pelo Governo Holandês desde dia que o conheceu. Nasceu uma grande amizade entre Potyassur e eu em nome desta amizade inúmeras vezes ele me salvou de tapuias ferozes. O medo do exercito holandês era que os índios Cariris se tornassem aliados dos portugueses, pois se assim acontecesse teríamos muitos problemas já que esta etnia Dzebucuá Cariris era guerreira e grande ferocidade. Eles existiam na Região da grande Campina (Campina Grande) sobre a serra dos índios Borboremas e Bodopitás.





A nossa ação assustou os Vassalos que se aquietou trazendo uma paz aparente para o nosso forte que voltou a rotina. Novamente voltei a cuidar da guarda do Atalaia e da igreja de nossa Senhora da Guia. A falta de pão e moeda nos incomodava bastante mas a mata era rica e o mar nos dava excelentes peixes. Na guarda na igreja da Guia eu me perguntava olhando a paisagem:




- O que eu estou fazendo aqui? A única coisa de importante pra mim foi conhecer Mercien. O nosso governo quer investir nestas terras, assentar famílias, construir fortes e investir muitos florins para que este povo produza e cresça. Mas não seria um ótimo investimento amar, casar e constituir uma família mista? Talvez o erro dos Portugueses e Espanhóis sejam os seus principais acertos. Os mestiços dificilmente mudarão de lado, eles lutarão até a morte.




Olhando a paisagem norte pra o mar eu contemplava o Horizonte que parecia sem fim a minha vista e as nuvens se transformavam em figuras imaginárias então adormeci.
Soldado - Senhor Van Soares.




Van Soares - Sim Soldado?




Soldado - O capitão Adrian vos chama no forte de Santa Catarina com Urgência.




Sai apressadamente e ao pegar a barcassa vi Mercien a distância com o seu pai o guerreiro Potyassur. Então fiz sinal que iria retornar rápido, que eles aguardassem. Chegando no forte estava o Capitão Adrian e Paulo Linge o Governador das terras dominadas daquela região. O clima não estava muito bom e o ar estava pesado.




Cap. Adrian - Van Soares de Goa Hopper o secretário geral Paulo Linge quer falar contigo.




Van Soares - Sim senhor.



Paulo Linge - Van Soares quero parabenizar a sua ação no combate contra os rebeldes, os vassalos, os tapuias.




Van Soares - Obrigado senhor .




Paulo Linge - Você é um exemplo de guerreiro e oficial, mas estamos ouvindo acerca de um envolvimento seu com uma nativa potiguara filha de Potyassur. Todos estão comentando este romance seu com esta gentia. Você sabe que a nossa religião não permite o envolvimento com nativas e principalmente o sexo antes do casamento. O Capitão Adrian é o seu tutor e eu já o repreendi por ter deixado esta situação chegar a este ponto. A nativa é filha de um aliado importante nosso e qualquer problema resultará em desarmonia com este povo.




Van Soares - Senhor eu a amo e já me casei com ela na sua cultura




Paulo Linge - O que? Você está casado com uma nativa? Ah, apesar das vitórias que você tem nos proporcionado muitos problemas você em causado. Não bastava a amizade com o Frei Domingues, um líder de outra religião, agora a nativa está grávida e você diz que está casado em uma outra religião com ela!




Van Soares - Grávida? Meu Deus eu não sabia. Ela está grávida que benção.
Paulo Linge - Benção ? Isto é problema para a nossa organização neste fim do mundo. Eu não quero problemas em meus domínios nem um problema.




Enquanto Paulo Linge falava as suas egoístas razões eu me alegrava com ótima notícia que recebera. Eu não temia, respeitava, mas não temia nem o poderoso Linge que estava preocupado com seus investimentos e riquezas. O sermão dele continuou com ameaças e indignação. Mas um soldado nos interrompeu:




Soldado - Me desculpe senhor Linge. Potyassur, Frei Domingues estão fora do forte e deseja falar com vossa excelência.



Paulo Linge - Deixe-os entrar.



Eu estava maravilhado com a notícia e não queria saber de nada. Se fosse necessário fugiria com ela para viver a minha vida e não uma guerra louca cheia de interesses que não eram os meus.




Potyassur- Senhor Paulo Linge , Capitão Adrian e Van Soares meu genro. Nos potiguaras apoiamos a todos os holandeses desde que vocês apareceram na Baía da Traição com barcos lotados de feridos. Enfrentamos os portugueses e espanhóis magoados com este auxilio e juntos a vocês, combatemos várias guerras desde do início. A vossa lei nos favorece, mas não permite a mistura com o nosso povo, porém a minha filha quis amar a Van Soares e está grávida. Será uma afronta manda-lo embora, minha filha o ama.




Potyassur falava e o padre Domingues o interpretava e eu percebia que não pertencia mais só ao povo Holandês, mas o povo potiguara tinha me absorvido & me feito filho seu também. A Ameaça que o povo potiguara iria se ofender com a minha transferência causou certo medo em Paulo Linge que resolveu pensar no caso enquanto eu iria passar uma semana preso no forte. Depois eu voltaria à normalidade segundo Linge. O povo detém o poder, mas não sabe disto e poucos dominam sobre ele. Leis são criadas para proteger o poderoso e punir o pobre, pois o mal também pode ser legalizado. Fiquei preso uma semana, mas a minha alma voava com a idéia de ser pai.











CAPÍTULO IV





LIVRO BAÍA DOS HOLANDESES

JOILSON DE ASSIS

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Preso ao forte de Santa Catarina passei a ter vários sonhos. Em um deles sonhei com combates intensos, tiros e soldados invadindo o forte em um intenso combate. Atracados os guerreiros lutavam bravamente e de seus corpos saiam luzes que mudavam de cor e intensidade constantemente. Até aqueles que estavam mortos no chão brilhavam com luzes ao redor de sua carne quando de repente todos são ABSORVIDOS pelas pedras e terra do forte. Como se as pedras os sugassem para dentro de si. Todos aqueles homens desapareceram de minha vista e a ninguém eu via mais.




- Cadê eles? Eu me perguntava. Estranho ao que aconteceu passei a andar no forte deserto sem nenhuma pessoa para ser vista. Ao andar curiosamente entre os cômodos do forte percebi um som, mas não sabia donde ele vinha. O som sai de dentro das pedras! Os guerreiros estavam brigando dentro das pedras como se eles estivessem dentro delas. Ao tocar em uma delas saiu dois guerreiros atracados em plena luta que depois voltaram para dentro da mesma pedra, foquei em outra pedra e novamente saiu outros guerreiros que se degradavam que depois de algum tempo retornaram a pedra aonde saiu. Depois disto ouviu uma voz do céu nublado que dizia: As memórias não passam, elas são absorvidas pelo ambiente e passam a viverem nele! Eu ficava sem compreender tudo aquilo quando como em uma magia passou por mim dois amigos que brincavam. Eles não me viam, continuavam suas brincadeiras inocentes. Quando de repente estas memórias que estavam dentro das pedras do forte saíram lutando e entraram nos dois rapazes que foram possuídos por ela e passaram a brigar entre se. Repentinamente os dois amigos estavam se enfrentando como as duas memórias da pedra e ambos foram destruídos em combate. Depois de mortos suas luzes foram absorvidas pela pedra e passaram a fazer par te da natureza dela.




Acordei-me ofegante com todas aquelas cenas sem saber o que exatamente elas significavam. Será que eu estava ficando louco? Por que passei a ter tantos sonhos enigmáticos? Falei com o reverendo e ele me disse que isto tudo era algo da minha mente casada, sobrecarregada com os últimos acontecimentos. A resposta do reverendo parecia lógica, mas eu sentia que faltava algo, a resposta não estava completa. Assim que saísse daquela jaula eu iria falar com Frei Domingues talvez ele tivesse uma resposta para minhas indagações. O que estava acontecendo comigo parecia algo insano, mas o que é sanidade? Nem a sanidade nem a loucura o homem sabe o que é apenas tem uma leve idéia. Como à uma casa em construção viemos a este mundo e de certo partiremos dele e esta casa ainda continuará em a ser construída. Neste mundo apenas prestamos um serviço temporário as coisas que nos cercam pois tudo neste mundo tem um prazo de validade. São tantos os mistérios que a nossa pequena intelectualidade não consegue compreender e apesar das muitas explicações tudo parece esconder um mistério, um enigma.




Na minha prisão eu pensava nela e seu nome era doce como o mel. Mercien, que nome lindo! Só em pronunciar o nome daquela que eu amava não me sentia mais só. A idéia de ser pai me fascinava e eu contava os minutos para voltar lá pra fora e cair nos braços daquela que era o meu paraíso terrestre. Os relâmpagos iluminava a baía dos holandeses e o forte de Santa Catarina onde eu estava. A água escorria pelas pedras e de fora soprava um vento molhado a umedecer o meu rosto. Onde estaria Mercien naquela hora? Eu tinha a impressão que ela estava a ver aquela chuva: em seu barraco de palha, olhava a mesma e o vento molhado umedecia o seu rosto também junto com suas lágrimas. Pensando nela dormi suavemente ouvindo o som dos pingos da chuva. Em meu sono profundo sonhei novamente desta vez eu entrava em um lugar cheio de portas e quartos e em um deles entrei. Empurrei a sua porta pesada que fizessem aquele som de dobradiça seca e enferrujada. Dentro daquele compartimento vi várias pedras pretas como se fossem de ferro e sobre elas: olhos, narizes, boca, orelhas, pés, mãos, umbigos, bunda, língua, tripas, coração, fígado, rins, pênis e outros órgãos humanos. Pareciam vivos e até o coração batia forte e cada vez que eu me aproximava dele mais batia.



Boca - Há, há, há , há há! Que cara tolo .



Todos aqueles órgãos passaram a rir até os miolos que estavam no meio dos demais deu boas gargalhadas de meu medo.




Van Soares - Quem são vocês, que são?



Umbigo - Nós somo! um e um somos nós.



Boca - Ele não entendeu nada. Há , há , há , há há!



Orelhas - Você boca fala demais. Você e a língua sempre passa o pés pelas mãos.
Língua - Eu não disse nada, você é que está ouvindo demais. Pés e mãos - Pés pelas mãos que estória é esta.



Então todos passaram a falar de uma só vez e foi grande a confusão naquela sala. Todos queriam mostrar suas razões ao mesmo tempo.



Nariz - Calem a boca.



Fígado - Não se meta aonde não é chamado!



Rins - Vamos se organizar gente.




Pênis - Assim não dá pra se concentrar.



Miolos - Calem a boca todos agora! Nós desculpe Van Soares as vezes a situação foge do controle. Nós somos o homem, pois o ser humano é um ser pluralizado e todos os seus órgão, até aqueles tidos como mais insignificantes fazem parte do pensamento humano. Às vezes todos os pensamentos estão em alinhamento mas como você pode ver as vezes os miolos perdem o controle sobre os demais órgãos.



Pênis - às vezes o homem perde a cabeça então eu o domino. Olhos - Eu é quem domino.
Nariz - Sou eu.




Miolos - Calem a boca.



Boca - Eu estou calada, não falei nada, não falei nada.



Bunda - Todo mundo esquece da sua própria bunda.



Pés - É , sou eu que levo esta galera toda.



Olhos - Sim, mas sou eu que dou a direção viu.



Miolos - Calem a boca, assim vocês vão acabar perdendo o juízo.




Van Soares não ligue com esta bagunça, pois de perto e na intimidade ninguém é normal. A loucura Van Soares é exatamente quando um destes órgãos toma o controle dos miolos. Todos são normais enquanto esta inteligência se mantém em harmonia c em linha, mas se um destes tomar o controle a loucura é declarada.




Pênis - É, os miolos só querem mandar, mas é através de minha cabeça que o homem pensa as vezes.



Coração - Vocês são tão vazios! Nada é completo sem o coração. Sou eu quem dá vida e cor a tudo! O homem seria tão pobre se fosse constituído só de lógicas, eu tenho as minhas próprias lógicas e ninguém consegue dormir tranquilo quando eu estou ferido ou apaixonado.



Língua - Ah, uhh, você é cheio de engano. Temos que ter cuidado com você.



Coração - E você, que mata até o rei. Foi você que matou a caveira.



Olhos - Eu sou inteligente e a tudo observo. Eu sou demais!



Boca - Gananciosos não pode ver uma bunda.



Bunda - Alguém falou de mim?




Pênis - Você não sua burra, as outras.



Miolos - Van Soares todo homem tem que aprender a viver com todos estes, seus interesses, qualidades e defeitos para que sejam felizes. Não dá para fugir de suas opiniões, qualidades e defeitos, mas não podemos deixar a vida toda nas emoções de um único órgão, porém não podemos deixar de ouvir suas vozes e atender seus desejos. Alguns morreram por ouvi-los demais outros ficaram loucos por não atender certo que a razão da vida é o equilíbrio dentro e fora do homem.



Coração - Van soares, obrigado, muito obrigado, pois quem ama massageia o seu coração, o seu coração... coração...





Soldado – A corte oficial da vigília; o café da manhã chegou.




Acordei-me como, fosse de outra dimensão, vinte de uma viagem longínqua, tão cansado que parecia que não havia dormido. Que sonho louco eu sonhei, mais um na minha grande coleção. Que mundo é este que temos que entrar nele todas as noites, pequenos, fortes, fracos, sábios e nédios visitam este universo virtual todas as noites e por mais que especial o homem não viverá sem dormir. Parece uma lei do todo poderoso e ninguém poderá fugir a ela. Por que vamos até este universo invisível? Talvez para que os nossos órgãos se comuniquem e a alma trace seus planos e recupere suas feridas.



Chegou finalmente o dia da minha liberdade e passei a pensar naqueles presos que passam muitos anos em cadeias, outros em uma ilha deserta eram soltos para morrerem a míngua. Como somos maus e os homens mais aperfeiçoados não passam de selvagens civilizados. Todos somos selvagens e feras perigosas! Nada mais leve que o ar da liberdade e o céu se torna mais lindo para que está com sua alma colorida com as cores da liberdade e do amor. Olhei para o forte velho e Lucena sabendo que por ali haviam vários órgão querendo me ver em ação e estes órgãos não eram os meus.




Voltei a tomar conta da guarda do Atalaia e igreja de nossa senhora da Guia. Como estava ansioso para chegar ao forte velho onde ficava o atalaia e ver a minha amada Mercien. Em barcassas levei a guarda para render os soldados enfadados pelo tempo, mas só pensava em meu amor. De longe observei Mercien entre as árvores do forte velho e me alegrei por ver a sua silueta entre os matos.





Soldados - Oficial Van Soares vá fazer a sua “caça nós prosseguiremos sozinhos. Vá Oficial!



Van Soares - Obrigado amigos.




Os pés corriam pelo mato apressadamente como se fossemos para uma festa. Abraçamos-nos entre as árvores daquele lugar e de longe dava para ver o semblante dos meus companheiros. O amor e o ódio logo manifestos encontram aliados, que sentem prazer com a sua simples manifestação. Ah, nos amamos como nunca parecíamos estar sedentos e famintos um do outro. Mal dava para falarmos, os nossos braços e pernas pareciam desesperados um pelo outro. O que é o amor? o amor é uma estranha sede e fome pelo amado. É algo estranho ao humano, pois é metafísico e estranho ao metafísico, pois é humano, é o incrível vínculo da matéria e do transcendental. Como uma festa a dois nos amamos intensamente e naquele momento parecia que só existia nós dois: Van Soares e Mercien. Corremos atrás de tantas coisas para sermos felizes e completos, mas só é necessário alguém que nos ame intensamente.







Depois do amor intenso vem aquela paz e dormência da simples vida de mortal e dormimos profundamente. Deitado sobre a sua barriga parda e linda dormi próximo ao portal de seu paraíso. Em meu sono de amor sonhei com tuna ambiente parecido com uma grande floresta com árvores gigantescas e solo coberto de folhas. Existia uma mesa árvores ao meio de um circulo de árvores gigantes e em seu tronco próximo as enormes raízes tinha uma mulher em cada árvore. Elas eram variadíssimas, tinha magras, gordas, lindas, feias, negras, brancas e elas tinham idades variadas. Todas estavam nuas e em seus corpos havia imensas raízes em forma de veias.


Raízes cruzavam suas testas, pernas, coxas e de suas costas saiam uma grande raminação de veias que se estendiam até seus seios desnudos. Seus cabelos pareciam folhas e seus pés eram raízes que davam sustentação aos seus corpos lindos. Estas mulheres escreviam contas e códigos em plaquetas que eram cascas destas grandes árvores. Elas pareciam apressadas e escreviam concentradamente suas contas intermináveis e incompreensíveis como se estivessem com um alvo a alcançar. Eram 46 mulheres concentradas em suas imensas árvores com raízes gigantescas. Tentei entendei suas contas mais eram complexas demais para mim. As suas mãos eram super treinadas e o carvão que utilizavam para escrever escreviam códigos numéricos e letras em harmonia. A inteligência delas superaram muito a rainha consciência e pouco eu poderia compreender de tantas somas e fusões matemáticas.





Enquanto aquelas mulheres faziam suas contas intermináveis veio uma mulher e uma voz disse: Atenção para a lei da vida!Então entrou uma mulher aparentando seus quarenta anos com cabelos bem penteados e amarrados para trás vestida com uma roupa formal e diferente. Ela parecia ser muito séria e severa e a todos olhava diretamente nos olhos com muita profundidade. Ele veio se sentou ao redor da árvore que parecia uma mesa e disse!



- Eu sou a lei da vida representante direta do altíssimo na manifestação da vida e existência. Apresentem-se a mim as raças!



Todos estavam parados perante aquela mulher tão poderosa observando as suas ordenanças. Então se apresentaram duas mulheres que vieram de fora do grupo que lá já estava cora aparência igualmente a árvores só que a cor de uma era branca e a outra parda como a cor de Mercien.



A lei - Termos do acordo ?



As Raças - Amor e paixão.



A lei - Então cumpra-se a lei.



Então aquelas árvores se aproximaram uma da outra e uma fumaça as escondeu de minha vista. Quando aquela fumaça desapareceu as duas árvores raças já não havia somente uma contendo a cor das duas.Retiraram-se as raças fundidas em uma só árvore então a lei declarou suas razões.




A lei - Sou representante do altíssimo e domino a vida apresentem-se a mim as naturezas.




A lei - Quem conseguirá calcular as frações da vida e suas somas quem executará? Qual a árvore que poderá fugir de suas raízes e a carne de seus princípios quem compreenderá? A Lei do todo poderoso é viva quem poderá combater contra ela!
Os sonhos já estavam fazendo parte de minha rotina, mas eu tinha que encontrar um explicação mais satisfatória do que aquela recebida do reverendo. Na primeira oportunidade deixei os sentinelas no Atalaia e desci para nossa senhora da guia donde dei uma desculpa para visitar o velho frei Domingues. Descendo a ladeira da igreja de nossa senhora da guia passei a imaginar quantos por ali já passaram que não mais existem nesta terra e quantos irão passar depois que eu não mais existir. Parecemos um pingo em meio a enxurrada da vida que não termina em nós nem tão pouco começa. Peguei o barco para atravessar de Lucena para a ilha da restinga e passei a ver o horizonte e as pequeninas ondas daquela baía e imaginei quantos estão sepultados naquela Baía? Quanto em um imenso combate deixou seus corpos naquelas águas verdes do rio Sanhauá? Ninguém sabe os nomes deles nem que foram se amavam alguém como amo Mercien, quais seriaram seus sonhos e desejos.



Ao ver aquelas águam tão tranquilas nem mesmo dava para pensar nos gritos que elas calaram e nos gemidos que ela sucumbiu a vida realmente um mistério! Ao longe eu via o forte velho donde vinha à imagem do meu paraíso de amor, onde estava Mercien.
Aquelas mulheres que escreviam seus cálculos eram chamadas de naturezas e eram elas que iriam dar a luz aos instintos. De seus úteros iriam sair vários instintos segundo as suas naturezas. Elas se apresentaram de duas em duas a lei da vida levando com elas suas contas nas cascas das árvores.Com muita reverência elas apresentavam a lei da vida suas contas nas cascas das árvores as quais eram analisadas pela poderosa lei. Como uma juíza ela fundia as cascas escritas que eram devolvidas as naturezas que saiam de sua presença.



As naturezas - Senhora lei eu não quero ir com ela (A outra natureza) pois ela é má.




A Lei - Desde que o primeiro homem fez o acordo o bem e o mal nesta vida tem a mesma oportunidade.




As naturezas - Senhora o meu par vai produzir maus instintos atrapalhando tudo.
A lei - Compete a soma final aceitar ou não estes instintos. Porque na vida o bem e o mal estão adiante do homem compete a ele escolher a quem seguirá. Ninguém será totalmente bom nem totalmente mal haverá sempre um grito tentando o oriental?.
As naturezas - Assim se faça senhora.




De par em par todas as 46 naturezas foram se apresentando a lei da vida e tendo fundida as suas somas . O par teria apenas uma programação a seguir e mesmo que uma fosse diferente da outra teria que obedecer a soma que apresentou e agir dentro das limitações das mesmas. Aquelas somas eram profundas demais de sorte que a inteligência que está em nós é bem maior que superficial consciência e inteligência que apresentamos no exterior.



Os remos me conduziam a misteriosa ilha da restinga, mas a vida me levava para aonde eu não sabia. Os pescadores passavam por mim e retiravam os seus chapéus em sinal de respeito a farda que levo mas em nada sou melhor que eles somente a vida me trouxe sorte em ser o que sou. Eu sei que a inteligência nos traz muitos dotes nesta vida, mas a ocasião e a sorte a tudo altera. Alguns fazem tudo certo e nada dá certo, outros sem preocupar-se acabam acertando sem nenhum esforço aonde outros morreram tentando. São mistérios da existência!




Chegando a ilha da rés tanga logo procurei o frei das isolações um homem tão frágil que sem armas ou dinheiro, sem muito estudo ou exército causa tão grande respeito a todos que o conhece e até eu, um oficial da marinha Holandesa o procuro para tirar duvidas que os livros e mestres não me esclarecem. Tão lógico que era eu como me tornei um sonhador de enigmas, por quê? Vivemos nesta vida em uma ilha de certeza cercado por um oceano de incertezas, de duvidas. De fato, que nesta vida não há uma certeza que não traga consigo uma dúvida e nesta realidade muitos sábios se perdem. Coitado do homem que tenta gerar para tudo uma resposta o que ele conseguirá será bastante frustração para a sua alma.



O que eu gostava do frei Domingos era o fato dele querer ser de Deus enquanto outros religiosos davam a impressão que queriam ser divinos. Alguns não se conformam em ser apenas simples bons homens eles querem ser divinos e fazem de suas regras mandamentos sagrados. A prepotência de alguns religiosos demonstram que eles não servem somente a Deus, eles servem a sua imagem de divinos, super escolhidos e dão a impressão que o centro de todo o universo são eles. Deus pertence supostamente a eles e o fato de acreditarem em Deus os fazem únicos escolhidos do altíssimo. Alguns chegam a dizer que são escolhidos antes da terra ser formada e outros rejeitados antes da existência de todas as coisas. Neste ponto os Calvinistas que nos visitava me dava nojo, pois o Altíssimo escolheria um e outro não antes de o criar? Deus faria homens para povoar o inferno? Não existiria o livre arbítrio? Se fosse desta forma seriamos bonecos de Deus, feitos para sermos apenas fantoches do Divino. Reste ponto eu me afogava em dúvidas, meu pai era protestante ferrenho em crença e práticas já minha mãe uma protestante convertida do Catolicismo tinha muitas dúvidas principalmente sobre linhas calvinistas que delimitavam a ação de Deus para salvar apenas um grupo pré-escolhido. Havia nestes reverendos uma centralização no poder de Deus esquecendo-se de sua pessoa boa para com todos os homens que vem a esta terra.




Cheguei na casa do frei Domingues e ninguém encontrei. Chamei, chamei , andei ao redor e a ninguém vi. A casa do frei era de Paus e folhas de árvores e sua cama improvisada com folhas e troncos. Sua cozinha tinha algumas panelas barro, talheres velhos e um fogão de lenha, era tudo muito simples. Sem ter para onde ir permaneci em sua casa o aguardando pacientemente. Deitei em sua cama e vi ao lado de sua velha caneca, uma moeda de ouro o que me estranhou bastante já que ele era um homem muito pobre. Ouro, como ele tinha conseguido? Pensando adormeci profundamente.




Sonhei passeiando no forte velho e ao meu redor estavam vários amigos que brincavam, conversavam entre se. Estávamos em harmonia e nada nos perturbava. Próximo aquele lugar passava Mercien com vários amigos ao seu redor que iguais aos meus brincavam , conversavam em se Mercien para e passa a olhar para mim e eu para ela, com isto as fluas turmas de amigos passam a se observarem também. Ele olha calorosamente para mim e vem à minha direção até chegar bem na minha frente. Os nossos olhos se contemplavam e tínhamos a impressão que todo o nosso corpo observava, um ao outro. A mão olhava para a mão dela, os pés observava os pés dela e assim a impressão que tínhamos era que todo o corpo observava todo o outro corpo. Como se eles comunicassem códigos entre se e um ao outro admirava. Enquanto este mistério acontecia os nossos amigos se analisavam cuidadosamente e uns já demonstravam amizade, outros demonstravam antipatia de fato que as duas turmas de amigos demonstrava sinais que iriam se fundir em um só grupo de amigos. Alguns destes amigos chegavam até a discutir, outros já brincava e se comunicavam abertamente com se a amizade fosse antiga.




Em poucos instantes as duas turmas de amigos se tornaram uma e até os antipáticos aceitaram a companhia do outro.




Van Soares - Mercien quem são estes que nos acompanham como amigos?




Mercien - São os instintos que nos acompanham por toda vida. Amamos com cada órgão que temos e com os instintos que possuímos o amor se estabelece. O problema, do amor está no fato que não amamos somente com as nossas idéias, mas os instintos são os que determinam muitíssimos comportamentos. Os instintos são mais forte que as idéias e os mesmos sempre as modificam segundo suas naturezas. Através dos instintos nossos antepassados comanda Parte de nossa vida, um direito que eles tem já que somos apenas pedaços deles ainda vivos e atuante sobre a terra. O seu bisavô ainda está vivo, pois você queira ou não é um pedaço dele , de sua carne, de sua natureza. Nisto muitos instintos visam manter em você esta natureza que tem os seus direitos, direitos , dir ...



Frei Domingues - Van Soares acorde! Van Acorde!



Van Soares - Ah, frei , me desculpe acabei dormindo em sua cama. Me desculpe!
Frei Domingues - Nada meu filho, se você não tiver medo de pegar velhice e chatice de um velho frei poderá dormir a vonta¬de na minha cama.




Van Soares - Cadê aquele cafezinho que o senhor faz?




Frei Domingues - Ah, desse jeito vou acabar cobrando pelo meu café. Há , há , há
A Alma do frei era ótima e qualquer ambiente ficava agradável com a sua simples presença. Tomamos café com bolos feitos de mandioca e aproveitei para contar as minhas muitíssimas dúvidas.





Soares - Frei eu estou muito preocupado comigo. A alguns dias passei a ter muitos sonhos enigmáticos, longos com histórias variadíssimas. Eu não os compreendo e fico admirado, pois nunca tinha tido tantos assim. Estaria ficando louco frei?
Frei Domingues - Há , há , meu filho você veio para um lugar cheio de mistérios os quais você nem imagina. Houve um caso pa¬recido com o seu a alguns anos atrás com um naufrago Italiano chamado Filipe Lorenthz depois dele ter casado com uma nativa filha de um pajé Cariri que habitava junto ao grande rio norte da Baía da traição. Eles passaram a ter muitos sonhos depois deste matrimônio. Dizem os Beneditinos que habitavam esta ilha que os franceses destruíram sua tribo e ele fugiu para os cariris de interior. Quando duas almas se fundem em amor os seus universos também. Seus tesouros bons e maus se fundem e o mundo espiritual também. Uma só carne com dois espíritos. A Herança da índia chegou até você e o mundo espiritual está te dando alguns presentes.




Van Soares - Mas isto não seria anti-bíblico?




Frei Domingues - Anti bíblico? A Bíblia toda tem inúmeros casos de sonhos e visões. Existe livros da Bíblia que foram escritos só de sonhos e visões como é o caso do apocalipse de João. Daniel, Ezequiel se destacaram em visões e sonhos e José salvou o Egito quando discerniu o sonho de Faraó. Até o menino Jesus foi salvo por intermédio de um sonho que seu pai terrestre teve. Desta forma os sonhos são algo enigmático, mas não estranhas a mente e a normalidade. Só porquê eles não são cristãos não fazem de seus sonhos e espiritualidade coisas do diabo. Temos que admitir que Deus apoia a Igreja Católica Romana, mas não é Católico , Deus apoia a igreja protestante mas não é protestante.



Deus não pertence a nenhum povo ou ideologia. Pertencemos a Deus, mas file não pertence a nenhum de nós. Deus não é propriedade de nenhuma religião mesma que algumas deixem transparecer isto. São manifestações de dons que por algum motivo se manifestaram em você, foi agraciado e deveria escrever estes sonhos e tentar entender estes enigmas tão profundos. Ver a teologia potiguara como algo a se aperfeiçoar em Cristo e não a ser destruída. Esta índia que você chama de Mercien deu a você não somente o coração, mas a alma, o espírito e o mundo espiritual de seu povo.Ela foi o portal Para você entrar em um mundo maravilho de espiritualidade diferente, como se os Potiguaras tivessem tomado você para a raça deles e te dado o poder de ser um pajé de sua etnia.




Van Soares - Frei eu não tenho palavras para te agradecer.




Frei Domingues - Então agradeça com o coração pois eles are comunicam sem palavras através de seus códigos secretos.




Ouvindo aquele frei e sua ideologia percebeu a grande importância de um homem sábio da religião. Todos já cometeram acertos e erros terríveis, os militares , os cientista, historiadores, os médicos, e os religiosos mas os referidos erros não anulam a sua importância para a sociedade, para o povo cm geral. Como não existe ninguém totalmente bom ou mau , também não existe ninguém totalmente sábio ou nécio, todos tem as suas limitações;só os hipócritas pensam que são infalíveis.
Todo homem precisa de um amor, de uma profissão e de um amigo sábio. Frei Domingues era este amigo que tanto procurava.



Conversávamos sem parar e pesar dos sotaques serem diferentes as idéias se uniam em uma mistura Perfeita. Naquela conversa na ilha da restinga o frei começou a me contar um pouco da história da mesma desde colonização até naquele momento. A ilha serviu de forte para os Portugueses e Espanhóis em tempos de guerra, serviu de abrigo para ordens religiosas de diversas ordens principalmente para os Beneditinos que se isolavam na ilha. Havia em alguns tempos rivalidades entre as ordens e até combates entre as mesmas foram registrados geradas por disputas por locais e templos. A ilha da restinga foi chamada de conceição e pertenceu a Manoel de Azevedo logo que a região de João Pessoa foi ocupada.




Manoel de Azevedo criou uma rivalidade muito grande com os índios Potiguaras que em um ataque repentino o matou juntamente com seu filho e seis criados. Este ataque-fez com que as- terras da restinga voltasse a capitania, mas o Governador Feliciano Coelho cedeu a ilha a viúva como recompensa pela morte de seu marido. De posse da ilha novamente Isabel Caldeira deu a ilha como dote para uma filha sua que estava para se casar e com a morte de Isabel seu genro Manoel homem da silva vendeu aos beneditinos em 1610. Os beneditinos transformaram o seu nome de ilha da conceição em ilha de São Bento Santo de devoção da ordem. A ordem dominou a ilha por 24 anos até o domínio holandês em 1634 .



O frei disse que a ilha da restinga poderia ser chamada de ilha do tesouro, pois os beneditinos costumava enterrar pertences de nobres da cidade de nossa senhora das Neves (João Pessoa). Os beneditinos costumavam cavar covas profundas e enterrar seus escritos e tesouros na ilha que era distante de tudo e todos. Nela havia uma grande mata e por sua localização o assalto se tornava difícil. Na direção sul da ilha da restinga seguindo o rio segundo o frei da amizade existia várias ilhas menores que tinham vários nomes e eram utilizados por ordens religiosas para esconderam tesouros dos nobres da região, outros vinha do Recife fazer seus depósitos secretos.




Costumavam esconder baús de madeiras nobres dentro da água com barras de ouro e joias trazendo apenas correntes até a terra enterrando-as em terras profundas. Os beneditinos eram guardiões de muitos tesouros os quais estão bem em baixo de nossos pés ou na água ao redor da restinga. O frei fez mais declarações dizendo que segundo os beneditinos existem vários barcos e barcassas afundadas ao redor da ilha seguindo o Sanhauá até a ilha do bispo, pois como o nome mesmo dia, rio Sanhauá é um rio de difícil navegação. Muitos marinheiros se perderam em meio às armadilhas do rio e afundaram com muito ouro prata e até florins. Ao lado leste da ilha existe um navio holandês afundado de grande forte cheio de ouro e outras riquezas trazidas para conquistar os moradores destas terras logo após o domínio dos militares.




Frei Domingues - Van Soares estamos sobre um grande tesouro.




A ilha da restinga é um banco secreto.




Van Soares - Frei por que está contado estes mistérios a mim?




Frei Domingues - Às vezes ao ver a sombra da morte nos desesperamos com o peso de nossos segredos.





Van Soares - Frei o senhor vai ver muitos anos!




Frei Domingues - Oficial a morte só necessidade uma desculpa.




Ele continuou a contar os mistérios da ilha e os pontos principais dela. Segundo o frei da conversa e da amizade existia um ponto na ilha aonde havia aparições; de seres espirituais do mal e se estes pegassem uma pessoa em uma determinada faze da lua arrastaria até o mar aonde a pessoa desaparecia. Ele disse que a restinga era um lugar sagrado e uma sacerdotisa potiguara foi morta e estuprada sobre o lugar destas aparições. A partir deste momento um demônio passou a habitar esta região da restinga até aqueles dias. A força do mal espiritual se alimentaria com a força do mal feita na carne e teria autoridade de matar.




O lugar era restrito e escondido e de difícil acesso e muitos soldados e doentes que eram isolados na ilha foram mortes inexplicavelmente. Além destes fatos estranhos na ilha a mesma seria visitada muito antes da colonização portuguesa por outras nações entre elas Vinkins, Mulçumanos e Chineses os primeiros a chegarem na ilhas. Os chineses teria habitado na ilha por muitos meses enquanto faziam suas pesquisas no interior da província e seriam eles vida vai te entregar tesouros. Lembre-se disto:




Será que seria sintomas da idade ou verdade o que o frei me dizia.
Frei Domingues - Sim, Van Soares, quando eu morrer venha me enterrar e o local escolhido por mim da sepultura será aquela elevação bem atrás daquela pedra.
Que história louca, mas a simpatia do frei era cativante e suas palavras eram firmes e pareciam verdadeira. Ele me disse que visões fariam parte do meu dom e com algum tempo eu passaria a ver coisas e seres espirituais. Eu não deveria temer, mas aprender com os códigos das visões e sonhos. Enquanto eu conversava com ele e comia um guisado caiu de minha mão como se fosse retirada por uma força a colher Caindo no chão. Alguém estava chegando disse o frei então minutos depois Mercien apareceu para mim buscar como se fosse uma dona. É bom ter alguém e pertencer a alguém, nos dá a idéia de utilidade.




Frei Domingues - Quando vamos para algum lugar pensamos neste lugar então a energia que existe em nós vai adiante e nos envolve. Neste jogo de pensamento e energia objetos como colher, facas e garfos são energizados e às vezes reagem assim caindo das mãos, mesas. É mistério Van Soares e você está entrando nele agora os verdadeiros desbravadores destas terras e a restinga e o forte velho seriam suas primeiras moradas.




Ao ouvir aquele padre com tantas informações me rei com tanta sabedoria, com tanto conhecimento. Repentinamente o velho frei resolveu revelar todos os seus segredos para mim.




Frei Domingues - Se qualquer um destes banqueiros e estrangeiros imaginasse os tesouros que estão aqui virariam a ilha de ponta cabeça.




O frei me mostrou objetos que encontrara na ilha como copos e espadas de diversas nacionalidades. Uma espada chinesa e um crânio gigante que achou enterrado na ilha. A ilha da restinga, o forte velho, a ilha das cabras eram os primeiros pontos de encontro para aventureiros e desbravadores Europeus. Tendo em seu solo uma história e riqueza imensa escondida até pelos religiosos da antiguidade.
Frei Domingues - Van Soares você ver dos pontos de observação luzes como se fosse tropas na restinga?




Van Soares - Sim. Mas são patrulhas Batavas atrás de vassalos.




Frei Domingues - Será ? Os oficiais Holandeses guardam as suas provisões em ouro e prata da mesma forma que os Beneditinos e piratas. Você ainda não sabe porque é jovem mas Paulo Linge tem muitos tesouros no convento de São Francisco e depois que ele perdeu o poder sobre aquela região passou a coloca-lo aqui. Oficial estou contando isto porque você tem bom coração.




Falar com o frei Domingues era uma aventura devido a multidão de assuntos que ele disponibilizava. Encontrei satisfação em suas palavras, conselho e já não mais me assustava com os sonhos que passaram a ser bem vindos e anotados cuidadosamente. Dormir com Mercien parecia uma entrada para seu universo e com várias observações passei a desconfiar que o sexo tem muito mais que prazer e satisfação. Através dele os indivíduos trocam informações genéticas em uma dimensão que ainda não é conhecida. O sexo traria aos seus praticantes uma viagem por dentro do universo racial, genético, virtual de cada um. Seria literalmente uma viagem para dentro do outro uma leitura da carne e das raças existentes em sua companheira de cama. Algo tão simples, mas que segundo as minha observações ia muito além do contemporâneo e da consciência comum, A simples troca de líquidos prazerosos escondia uma leitura profunda um do outro que poderá trazer profundas transformações. Cada vez que me deitava com Mercien algo em mim era acrescentado pelos códigos secretos do amor. Os sonhos viam como água descendo a ladeira em tempos de chuva como se quisesse me ensinar alguma coisa.





Nas noites junto a Mercien no forte velho eu sonhava profundamente e em sonhos eu estava em uma floresta diante de uma grande cachoeira que tinha pedras pretas como ferro ao lado da água que caia. À água era limpa e doce para beber, água fresca que alegrava a alma. Depois de beber aquela égua me sentei ao lado e comecei a observar a paisagem bonita e viçosa.




Pedra - Oi Van Soares de Goa Hopper.



Van Soares - Orna pedra que fala que já viu?




De repente todas as pedras começaram a falar de uma vez só muitas coisas e eu não entendia nada. Existia dois grupos de pedras: Um do lado direito outra do lado esquerdo. Algumas ao falar saiam de suas bocas bolhas de ar e água que possuíam olhos. Umas pedras produziam bolhas suaves e com aspecto que eram do bem já as outras bolhas eram feias, pretas, roxas e tinham os olhos maus. As bocas das pedras não paravam de falar e muitíssimas bolhas eram produzidas. Quando as bolhas boas caiam na mata as plantas ficavam viçosas e verdinhas, mas quando as bolhas más caiam na floresta secavam tudo, transformando tudo em um deserto imenso. Eu me assustei em meu sonho. Porém ele não parou e as bolhas continuavam sendo produzidas pelas bocas das pedras. As bolhas boas quando caiam em animais eles cresciam e saiam pelo mundo correndo e felizes. Já com as bolhas más caiam em algum animal ele ficava doente e rabugento.



Van Soares - Parem, agora parem de tanto falarem!




As bolhas - Prá lá rá lé, lá rá, Prá lá...




Van Soares - Eu disse parem agora!





As pedras não paravam de falar e o mundo inteiro ia se enchendo de suas bolhas. 0mas bolhas davam vida, outras tiravam a vida e o brilho das coisas. Comecei a jogar pedras nas pedras para ver se as bocas paravam de pronunciar coisas que se transformavam em bolhas.




Pedras - O que é ?




Van Soares - Parem com isto estão estragando a floresta inteira já que umas bolhas dão vida e cores e as outras tiram a vida e as cores das coisas.



Pedras - Estas bolhas boas são as bênçãos proferidas que a tudo dá vida, gera uma boa sorte sobre o que cair. Já as outras bolhas más são maldições que destroem a vida , a esperança e tiram as cores da existência. A boca do homem é a sua maior sementeira e de suas palavras se alimentará a sua existência. Todos que amaldiçoam são vítimas de suas palavras e os que abençoam são beneficiados de uma forma ou de outra pela benção que invocou. Saiba Van Soares que o homem será escravo de suas palavras e senhor de seu silencio.



Van Soares - Como vencer as bolhas más?



Pedras - Gerando o dobro de bolhas boas, enfrentando as más sem medo. Pois o homem necessitará enfrentar suas maldições se quiser destruí-las.



Então, sai atrás das bolhas más as destruindo com as minhas mãos porém eram muitas , muitas , não dava para vencê-las.




Pedra - Van Soares para apagar um fogo temos que ir na sua origem; combata o mal com o bem só assim ele não produzirá mais.



Fiquei pensando em meu sonho o que significava o código dito então instintivamente cheguei do lado das pedras que soltavam bolhas más e tudo que ela dizia eu rebatia com o antônimo em voz alta.




Pedra - Maldito, infeliz, nada dá certo ...



Van Soares - Bendito, feliz, tudo dará certo ...




Pedra - Amaldiçoado, desgraçado , triate ...




Van Soares - Abençoado, cheio de graça , alegre , feliz ...




Cada palavra que a pedra dizia eu falava o antônimo bem na frente dela e bolhas de luz saiam de minha voz até a pedra. Por um momento nada parecia mudar até que aquelas pedras depois da minha boca as perdoar passavam a soltar bolhas de vida que em tudo que tocasse dava vida e sorte. Falei tanto que cansei, mas ao cair exausto entre as pedras da cachoeira percebi que aquelas pedras só soltavam bolhas boas que davam vida à floresta e a tudo que tocasse.




As pedras- Isto mesmo Van Soares. Só vencerá as maldições quem enfrentar suas maldições produzidas pelos pais ou pessoas próximas. Lembre-se da boca do homem comerá o homem.




Satisfeito com o resultado da cachoeira continuei indo para floresta grande e densa. Sn meus sonhos eu caminhava e dizia pra mim mesmo que iria vencer sem temer. Andando em meus sonhos topei com um homem com cara de esperto que me disse:
Homem - Quem sou diga-me? Sou a sustentação daquele que faz o bem ou o mal e sem mim nenhum homem poderá fazer estas amas coisas?



Van Soares - Não sei .




Homem - Não sabe! Eu estou bem abaixo de seu nariz e dentro dele também. Quem sou? Van Soares - Eu não sei.



Homem - Em alguns lugares eu sou adorado, em outros soo. Subjulgado.
Quem sou?




Van Soares - Não sei, é tudo muito confuso.



Homem - Sim me diga quem sou, sou casado com uma mulher chamada carne.
Van Soares - Não sei.



Homem - Você e outros terão que me ouvir, pois ninguém consegue viver sem as minhas opiniões . Que sou?



Van Soares - Não sei ainda.




Homem - Meu nome ê corpo que cada um terá que levar para onde for, pois ao mesmo tempo em que sou conduzido, conduzo. Sou um companheiro por toda vida, produzo prazer e dor as meus possuidores, mas sem mim nada resta além do vazio. Levo ao pecado, mas conduzo ao pés de Deus e para ele trabalho; sou esperto , sou nécio, filosofo e ignorante mas por mais que perturbe ninguém que se ver livre de mim, Através de mim matam e dão vida e em mim até o Altíssimo remiu os nossos pecados através de sua morte. Sem corpo ele não poderia morrer para dar vida, mas se alguém ouve a minha esposa e segue caminhos loucos acabará em escuridão. Eu sou o corpo e quem está livre de mim só é chamado de morto.




Aquele homem esperto com cara falava verdades e se dizia ser o corpo dando uma característica mística ao meu sonho. Deixei aquele que falava comigo mata a dentro de meus sonhos até que passei por uma árvore carregada de frutos. Passando por baixo a minha cabeça bateu em um dos frutos:



Fruto - Ei cara cuidado com esta cabeça grande!



Van Soares - Quem foi que falou, quem foi?!!!



Então olhei e vi que aquela árvore tinha boca e olhos e todos os seus frutos que eram parecidos no início com fruta pão eram cabeças de homens, mulheres, crianças, adolescentes. Era uma imensa árvore que falava e todos os seus fruto eram pessoas que se comunicavam um com as outras trocando opiniões, informações ou simplesmente observando.




Árvore - Oi van Soares de Goa Hopper!



Van Soares - Oi í?




Frutos - Este cara é meio doido mãe! Olha a cara dele como é engraçada.



Árvore - Meus filhos tenha calma, não fale assim com o rapaz. Outros frutos - Este cara tá meio confuso. Há , há , ha l Arvore - Yan Soares pra onde vais ?



Van Soares - Para o Atalaia render a guarda cansada.



Árvore - Todos nós somos um e um somos todos nós.



Van Soares - Como?



Frutos - Todos em uma só consciência e uma só consciência em todos.



Árvore - A vida é bem mais do que pensamos e o que pensamos é bem mais que a vida.
Frutos - Ele não está entendendo de nada mãe.



Árvore - Existe, fruto da união das nossas consciências uma consciência que pertence a todos, uma consciência coletiva.





Van Soares - Deus?




Árvore - Não. Deus é o supremo criador possuidor da sua consciência sagrada, uma pessoa única no universo. Mas ele fez sobre a terra e toda vida existentes sistemas autônomos que tem vida voz e vontade. Você já mandou o seu coração bater hoje ou mandou o sol nascer hoje de manhã?



Van Soares - Não.



Frutos - O mundo e todos os universos criados por Deus foram dotados de sistemas autônomos que interagem entre se não sendo necessário Deus descer do seu para que cada coisa seja executada.




Aquela árvore era a vida com seus frutos as pessoas f as consciências que são muitíssimas, mas vem de uma única e formam uma única. Existe uma consciência geral que é formada por cada um de nós como se as nossas mentes se formassem uma única que gera tendências e influencias em todos.




Enquanto eu falava com aquela árvore uma de suas cabeças frutos já velhinha cai do pé e morre no chão. Donde ele caiu nasceu outra cabeça jovem que começou logo a falar sem parar.



Frutos - Veja mãe, nasceu mais um filho seu e ele parece com o fruto da galha seis aquele que já foi a muito tempo.




Árvore - Van Soares as consciências são únicas e nunca repetidas com seu espírito, mas a força da matéria com seus instintos e reações são repetidas pela vida seguindo até urna ordem numérica. Sendo assim grupos e pessoas em instintos e raça poderão se reagrupar através de seus filhos e parentes. Um grupo já extinto poderá se reagrupar no futuro através de seus filhos e mesmo que seus espíritos seja diferentes de seus antepassados as informações da matéria gerarão tendência.
Van Soares - Sendo assim um neto de quarta geração poderá herdar os meus dotes na carne e na alma mesmo que não tenha o meu espírito?




Árvore - Sim. Você é único, mas geneticamente voei poderá passar informações precisas aos seus e depois de um tempo e metade de outro nascer uma soma, uma pessoa com características na carne semelhantes. Passamos para os nossos filhos muitíssimas informações que vão muito além da cor de cabelos e olhos. Passamos todas as histórias e caráter que temos. Lembre-se que Jesus foi o segundo Adão mesmo vivendo tão distante em tempo do outro foi o segundo representante da humanidade. A vida é uma grande somadora e de vez em quando as somas dão resultados parecidos, mas nunca iguais. A força e a vitalidade e repete como novas tentativas da natureza de chegar a um objetivo. Além das consciências dos homens existe uma somadora que gera tendências, recompensas e punições. A vida responde e faz voltar o que nela foi praticado com a exceção do perdão que anula esta lei.




Frutos - O mundo da consciência do homem não acaba quando ele acaba, ela se transfere para o centro das árvores que a guardam. Corpo para a terra, a alma para árvore e o espírito para Deus.




Van Soares - Não compreendo .




Árvore - O Homem compreende mesmo que não entenda. Frutos - O homem quando morre não morre. Há , há , há peda¬ços de sua carne ainda vivem em seus filhos; .



Árvore - Você Van Soares é composto de pedaços de seu pai, mãe, avós, avôs... Todos eles garantiram vida quando você passou a existir. De fato e desta forma o homem nunca deixa de existir ele apenas passa para outra coletividade. A sua carne Van Soares repassa suas informações para outra carne, uma soma Para outra soma, desta forma todos são um e uns todos.




Despedi-me daquela louca árvore que não parava de falar com seus muitos frutos falantes. Eram até engraçada com aquelas muitas cabeças a falar sem parar. Mas as suas palavras apesar de, serem cheias de mistérios eram sábias e faziam a minha cabeça pensar sem parar o que a minha mente não entendia.



É, parece que realmente vivemos entre dois mundos, o mundo das realidades físicas e o mundo das realidades virtuais. Todas as vezes que nos deitamos e dormimos entramos em outras dimensões e uma multidão de comunicações enigmáticas surgem em nossa mente. Não existe nada sem uma finalidade neste mundo, tudo tem sua razão de ser; os sonhos não fugiriam desta regra universal. Desde que conheci a Mercien estes fenômenos começaram a acontecer como se dela eu tivesse recebido um presente de Deus. Na vida quando os sonhos se acabam só nos resta horríveis pesadelos. Cada vez mais eu aprendia com os sonhos e algumas vezes passaram a ver cenários virtuais acordado como em uma visão espiritual.


Novamente o Frei Domingues me disse que era a manifestação de um dom espiritual de Deus, Haveria segundo o frei , pessoas oprimidas por espíritos que viam coisas mas existiria um dom de Deus dito na Bíblia que demonstra esta possível capacidade que para mim no inicio era fantasticamente assustador. Passei a ver luzes de diversas cores e a media que elas pensavam as cores mudavam. Mas os sonhos continuavam sendo uma maravilhosa e enigmática viagem. Na minha rotina continuei a sonhar ao lado de minha amada potiguara e em um destes sonhos encontrei duas mulheres que viviam brigando, mas era irmão que tinham a responsabilidade de criar a sua irmã mais nova chamada de sanidade.
Lógica - Tudo tem uma razão lógica de ser, um mais um sempre será dois e dois mais dois sempre será quadro. O que seria do mundo sem mim a lógica. Eu sou a razão e o quadrado e tenho sempre razão, matemática de ser.




Emoção - Eu sou as cores da vida e como seria chato o mundo sem mim, cheio de razões matemáticas, Eu sou a alma da razão e tenho as minhas próprias razões que as razões comuns não entendem. Como seria chato o mundo quadrado sem as ondulações de minha presença.


Lógica - Você sempre coloca tudo a perder, você não tem lógica.



Emoção - Lógica? Quantos erraram utilizando você? Quando você falha sou eu que sustento tudo. Você é tão certinha mais os que utilizam seus serviços erram também.
Lógica - Você é louca descontrolada.



Emoção - Quantos loucos e psicopatas te utilizam.



Então aquelas mulheres passaram a brigarem e deixando a sanidade no meio da floresta a chorar muito. Elas discutiam muito e a criança sanidade chorava enquanto animais e aves perigosas, famintas olhavam para aquela pequenina criança indefesa a chorar. A Lógica parte para cima da emoção e as duas rolam agarradas pelos cabelos em meio às folhas da floresta do forte velho. Lobos e jaguar da loucura olhavam com saliva em suas bocas pronta para atacarem a sanidade que se desmanchava em lágrimas vendo suas duas irmãs mais velha a brigarem.




Lógica - Você é instintiva e louca faz coisas sem pensar. Emoção - S você que e lenta e burocrática e por muito pensar nada faz. O prazer se encontra em mim, sou eu que o faço existir.




Lógica - O prazer nasce em mim é lógico. Tudo é resultado de uma ação lógica.




Enquanto as duas irmãs brigavam irresponsavelmente a sanidade corria sérios riscos. Um jaguar selvagem vem sorrateiramente e pega a sanidade pela blusa e sai devagar enquanto as duas irmãs saem na tapa. O jaguar matreiro era seguido pela ave preta da depressão aguda e da incapacidade mental.




Lógica - Cadê a sanidade ???




Emoção - Meu Deus, ave Maria, crê em Deus pai ; cadê?
Então desesperadas correram mata adentro e em uma rapidez desenfreada acharam o Jaguar e a ave pretos prontos para uma refeição suculenta. A ave era grande e para proteger sua refeição atacou a emoção que se agarrou com aquele imenso pássaro preto. Já o jaguar atacou a lógica que se atracou com ele e nesta cena ambas lutavam com todas as forças, A luta foi muito grande, mas as duas juntas acabaram afugentando o grande jaguar e a ave de rapina de cor preta. Juntas à lógica e as emoções retomaram a posse da sanidade e mesmo em diferentes mundo elas se completam com suas muitas diferenças.



Uma voz - Quando as duas irmãs; lógica e emoção se dividem elas que são as guardiãs da sanidade acabam perdendo a mesma para a loucura e a depressão. Animais ferozes vivem atrás da sanidade e se a emoção e a lógica se dividirem não poderão reter a sua ação.



Em meus estudos de oficial holandês estudei muitas culturas e as mais desenvolvidas acreditavam no espiritual nos mistérios transcendentais. Os egípcios, os judeus, babilônicos, a Índia, e muitos outros povos antigos de incrível destaque na ciência, na filosofia. Crer em Deus não representa um atraso como muitos acreditam, mas um avanço já que esta ideologia acompanhou os povos mais desenvolvidos da terra. A fé e o amor são os estágios mais evoluídos do ser humano .



Nos meus sonhos árvores falava, aves também e muitos mistérios iam se desvendando em minha frente me dando uma ideologia diferente. Sn meu mundo virtual as árvores do forte velho falavam e mantinham uma grande conversa entre elas.



Árvores - Há, há , então o gato enganou o cão que ficou com rixa ate os dias de hoje. Há,há!.



Árvore - Veja quem está nos escutando!



Árvore - Van Soares de Goa Hopper.


Van Soares - É muito estranho árvores falarem


Árvore - Sempre falamos Van Soares, você foi quem nunca nos escutou, toda natureza fala o homem é quem recusa ouvir a sua voz.



Árvore pequena - Calem a boca, calem a rainha está acordando.



Aquelas árvores ficaram como soldados perante o despertar da árvores rainha.
Árvore Rainha - Aaahhh ! Como dormi. Quem é você?



Van Soares - Sou Van Soares rainha.


Árvore Rainha - Sou a velha gameleira a rainha desta floresta.



Árvores - Sim, sim, sim, nossa rainha salve a grande gameleira. Salve, Salve!
Gameleira - Van Soares o que vês em minhas mãos?



Van Soares - Uh, um semente, se cozinhar comida. Gameleira - Todas as duas opções estão certas, mas o que tenho na ponta de meus galhos (Mãos) e cabe em seu bolso é uma floresta compactada, um universo compactado cheio devida esperando explodir. A semente é uma das maravilhas que Deus criou, pois dentro desta casca existem milhões e milhões de árvore cada um com sua semente. Maravilhada natureza é a semente.
Van Soares faz parte da dinastia verde e sem a nossa existência nenhum ser vivo existiria. Da grama, a água marinha até as mais altas árvores todo ser vivo depende. Através de nós vem a vida e não ê a toa que a vida e a morte foi colocado por Deus em duas árvores. Somos a dinastia verde e toda vida depende de nós.



Árvores - Viva a dinastia verde e a grande gameleira.



Gameleira - Respeitar as árvores é respeitar a vida, pois dela vem a, vida e mesmo que exista água e sol com terra pronta para dar a vida se não houvesse grama, lodo e árvores não haveria a vida.



Árvores - É isto ai, deste jeito, viva a gameleira!



Que turma animada e todos amavam sua rainha a gameleira que tinha uma filha em cima da terra de Bruxaxá próximo a lagoa do Paó. Por onde eu andava ouvia as árvores do forte velho falarem parecia uma festa, uma feira muito ativa, uma falava disto outra daquilo que festa. Ao me aproximar da praia ao lado da restinga a floresta falava muito e o mar ouvia suas vozes, Quando de repente percebo no solo algo estranho, parecia boneco de barro parte dentro do solo parte sobre ele como se estivesse deitado com o rosto para cima. Me assustei um pouco mas continuei a observá-lo Repentinamente este boneco se levanta e em pé se estica como se estivesse acordado de um profundo sono. Durante alguns minutos ele estica pernas, braços, pescoço até que do céu ouviu-se ema voz.



- Apresente-se a ele!


Então houve grande rebuliço entre os arbustos da floresta daquela região e repentinamente surgiu toda espécie de animal dentro do mato. Eram muitos e araria espécies eu não conhecia. Sons de toda espécie de animais foram ouvidos dentro dos arbustos quando sete animais se apresentaram ao homem boneco de barro. Cada espécie de animal trouxe o seu líder e apresentou ao homem. Sete animais principais se apresentaram no início das apresentações: O elefante, rei dos animais, o carneiro, a cobra, o macaco, o gato, o boi, o cão. Relâmpagos disparavam no céu ei estes animais começaram um a um correr, em direção ao homem. Eles corriam e saltava nos peitos de quem boneco de barro e entravam dentro dele como se passasse a fazer parte dele. Quando o animal entrava no homem a mesma tendência vá a parecer com ele por alguns instantes. Iodos correram e saltaram dentro daquele homem sempre acompanhados de relâmpagos que iluminavam todo o céu que estava nublado com uma nuvem azuis escuro. Um a um saltava dentro daquele homem boneco e logo passava a fazer parte do interior dele. Uma multidão de animais saltaram dentro do homem trazidos pelos seus como representantes.



Quando todos os animais estavam dentro do homem fazendo parte de sua natureza os animais disseram:



- Seja o nosso representante, nos proteja e domine sobre nós!
O homem boneco de barro tinha dentro dele toda representativa dos animais passando a ser o seu superior sobre a terra. A cobra deu a ele a sua sabedoria, o elegante e assim por diante cada animal deu ao homem a sua contribuição, o seu melhor. Estes animais passaram a fazer parte da personalidade do homem e uma vez ele agia como o elefante em outra como o macaco, a serpente, o gato. Mas aquele homem ficou muito poderoso e se engrandeceu muito através de sua força e beleza. Então, ele passou a perseguir os seus irmãos de carne, os animais. Passou a matá-los, maltrata-los, fazer deles escravos sem dar o devido valor a sua natureza. Ele matou, matou a todos os animais que pode encontrar e quando sobre a terra não mais havia animal ele começou a ferir a se mesmo, a cortar os seus braços e pernas até mutilar-se totalmente. Moribundo ele cai sobre a terra solitária e morre. Então uma voz falou.
- Poderá sobreviver um rei que destruir todos os seus súditos?



Poderão sobreviver umas árvores se todas as suas raízes forrem arrancadas? A Alma sobreviverá sem seus componentes principais? A carne do homem pertence a terra ao barro, e a alma aos animais pois dentro dela existe toda espécie de animais que já existiu sobre a terra. A carne pertencerá a terra que a deu, a alma aos animais que a formou e o espírito ao Deus que o deu. De forma que o homem é um ser pluralizado!
Os sonhos se revelavam em minha mente como se tivesse pressa de me ensinar algo.
Soldado chinês - Olá Van Soares passeando como um rei na terra dos potiguaras? Você é o pajé dos potiguaras agora sabia? Terra poderosa não é aquela que tem grandes guerreiros, mas a terra que tem grandes mulheres que ensinam seus filhos a guerrearem desde do ventre I São elas Van Soares que nos ensina a sermos fortes.
Van Soares - Você é um espírito?



Chinês – Não. Sou uma memória viva, pois tudo é vivo Van Soares até o que está morto.
Aquele guerreiro Chinês era muito firme e parecia um bravo oficial Chinês.
Van Soares - Por que está aqui nesta parte do mundo?




Chinês - Fomos nós quem descobrimos estas terras antes de vocês imaginarem que ela existia. Andamos por todas estas terras apoiados por potiguaras e cariris, e deixamos filhos em algumas nativas. Estávamos a traz do mineral sagrado da serra da Catingueira e o mapa nos dirigia por esta região. (maiores informações sobre este assunto no livro Memórias Malditas do mesmo autor).



Van Soares - O que queres me mostrar bravo guerreiro? Chinês - Veja o meu exército!
Na praia do forte velho estava um exercito de soldados que pareciam tem treinado!. Eles estavam vestido de uma roupa típica e possuíam espadas e flechas. Braceletes ferro que iam até o cotovelo, luvas pretas um cobertura mista de ferro e couro preto que ia da cabeça até os ombros. Aqueles militares eram diferentes como se fizessem parte de um exército de elite.



Chinês - Veja Van Soares como treinamos as nossas naturezas.



Então daqueles soldados saíram animais tigres, ursos, macacos, cobras e vários outros animais. Com todos aqueles animais andando dava medo. Os soldados por sua vez treinavam aqueles animais dentro de suas capacidades especifica. O tigre, os cães eram treinados de um jeito, os macacos e a cobra de outro. Eles eram severos e batiam naqueles animais quando eles erravam. Ensinavam exaustivamente os animais até eles aprenderem a utilizar toda a sua capacidade. O macaco, o tigre, a cobra, o urso era submetidos a uma grande pressão para que eles manifestassem naquele treinamento o melhor. Depois de muitas instruções e treinamentos os soldados exaustos se deitaram no solo do Forte velho e os animais específicos de cada um saltou dentro deles. Novamente depois de um tempo o exército de elite se colocou de pé.


Chinês - Sabe qual é o segredo do meu exercito Van Soares?



Van Soares - Não



Chinês - Nos treinamos os nossos instintos animais, pois existem inúmeros animais dentro de cada homem de sorte que cada animal existente em cada um é treinado para defender ou atacar os outros animais existentes nas demais pessoas e guerreiros. Somos guerreiros Van Soares com todos os animais que temos!



Esta ligação dos meus sonhos com animais é enigmática demais, porém ao ver o reverendo pregar ele declarava estas características na Bíblia, por exemplo: Jesus foi demonstrado na Bíblia como cordeiro de Deus, leão de Judá e até o Espírito Santo foi comparado com uma bomba e apareceu em forma de pomba sobre Jesus. Entre os meus sonhos não pareciam tão estranho assim. Segundo a teologia animais representam nações e pessoas dando algum sentido a multidão de sonhos que estava tendo.


Quando o chinês se retirou de minha presença em um redemoinho um outro personagem.estava em minha frente. Orna mulher muito linda e desejável a vista seminua com panos finos cobrindo o seu corpo bem esculturado. Apesar de sua incrível beleza a sua aparência não parecia confiável, não era daquelas que mereciam total confiança.



Van Soares - Quem é você?


Sorte - Sou a sorte posso livrar, condenar, salvar e matar. Tenho autoridade dada pelas veias e raízes. Venha Van Soares e veja meus enigmas.



Então segui aquela mulher adorável a vista que me conduziu a um lugar aonde tinha um homem com roupa escrita como se fosse uma carta. Ele estava preso em uma cela com duas mulheres pardas ao lado com olhos esbugalhados e cabelos arrepiados dando gargalhadas constantemente, àquelas duas mulheres tinham prendido o homem com roupas escritas como uma carta.




Sorte - Veja Van Soares. O destino poderá ser preso pelas maldições que são estas duas mulheres. O destino parecia triste e nada poderia fazer contra a gaiola que estava preso.



Van Soares - Como faço para ela soltar o destino?



Sorte - Enfrente-as



Então me aproximei com muita raiva das duas, disposto a solta o destino, tomando de suas mãos as chaves da imensa gaiola. Mas elas foram rápidas e chamaram um homem muito grande, forte e feio com uma marca na cara. Parecia um lutador de outro mundo!
Maldições - Vá medo e nos proteja há, há , há! Vá destrua ele!
Piquei tenebroso em enfrentar pessoa tão feia e forte? E quanto mais eu fugia dele, mas ele me perseguia.



Medo - Eu sou o medo e vou te destruir! Por medo de perder a vida muitos nem a vivem, eu sou o medo e destruo tudo.



Van Soares - Sorte me socorra.



Sorte, sorte, ele é muito forte!



Sorte - Nem tudo que parece ser é de fato.



Tentei compreender o que a sorte me disse e lembrei o que o velho marujo Salles disse: Não tenha medo, pois ele atrai o assar. Enfrente seus temores. Então parti para cima daquele horrível homem deformado e ele retraiu e demonstrou fraqueza.
Medo - Pare, pare. Eu só tenho força contra quem me teme. Pare por favor e eu te servirei.



Van Soares - Me servirás? Então quebre as cadeias destas duas maldições e arranque a grade que prende o destino.



O medo voltou-se para o meu lado e me obedeceu afugentando as maldições e arrancando a grande que prendia o destino. Finalmente o destino, libertou-se e tive o prazer de abraça-lo. Abraçando o destino passei a olha as suas escritas, aquelas que estavam em suas roupas por toda parte. Fiquei admirado com o que descobri, era a minha letra que estava naquelas escrições.



Destino - Sou escrito por que me tem Van Soares. Agora juntos eu e a minha amada sorte terei muitas crianças: Realizações, alegrias, sonhos e muitas outras. Obrigado Van Soares.



Van Soares - É, que sorte ter encontrado o destino. E você me¬do para onde vais?
Medo - Medo? Meu nome agora é coragem e estou ao seu lado como prêmio, você me conquistou.



Aprendi que o medo tem duas personalidades e a coragem é a outra face do medo, quem conquista os seus temores tem a coragem ao seu lado como aliada. Na dá pra enfrentar as maldições sem enfrentar os seus temores mais íntimos. Só através da coragem conseguiremos libertar os nossos destinos.



Em meus sonhos longos me senti só, senti saudade de Mercien então comecei a falar:
- Só em lembrar teu nome já não me sinto só, Mercien você é a estrela mais brilhante de meu universo interior.



Alguém bateu palmas ao ouvir as minhas palavras, era uma mulher linda, magrinha com os cabelos enfeitada por flores brancas e azuis. Sua dentição era perfeita e sua roupa de véus azuis. Em seus dedos anéis de raízes verdes e em seu pescoço colares de sementes adornadas, Ela pareceu se alegrar com as minhas palavras.
Van Soares - Como é o teu nome doce mulher ?



Terra - Meu nome é terra, a terra. O amor sempre traz; alegria até ao mais bruto dos animais. Eu sou a terra e sustento a vida dada por Deus e tudo que acontece em sinto sua energia.



Van Soares - Energia? O que vem a ser energia?



Terra - Vês o relâmpago a brilhar nos céus isto é energia, o vínculo entre a matéria e o espiritual. O real material e o real virtual. Luzes que conduzem força de uma parte para outra. Nisto, Van Soares, quando alguém pensa, age estas ações geram luzes, energias, relâmpagos invisíveis e a minha natureza interna absorve estes relâmpagos, estas energias. Quando estas são boas eu me fortaleço quando sou más eu definho.



Van Soares - Foi por isto que Deus colocou regras e leis para te proteger?
Terra - Sim é verdade, você é muito inteligente. As muitas leis que existem visam me proteger e proteger o próprio homem. Quando estas leis morais e naturais são quebradas eu sofro.


O interior do homem influência o meu interior já que o homem sou eu e eu parte do homem. Não se trata de regras bestas, mas os maus sentimentos e os desrespeito com a dinastia verde (árvores) e animais poderão me destruir. Queres saber como será o fim do homem?



Van Soares – Sim, como será?



Então aquela bela mulher saiu da minha frente e foi para o meie de uma multidão que estava na praia do Atalaia. Aquelas pessoas viviam seu cotidiano e cada uma trazia uma luz no centro do peito como uma estrela giratória e de seus corpos saia luzes de diversas cores alimentada por esta estrela no seu peito. A terra no centro de seu corpo também tinha esta estrela que brilhava e emitia luzes. Mas aqueles homens começaram a alterar suas luzes inteiro e a cada pensamento mau luzes diferentes eram produzidas e estas se dirigiam até a terra e era pelo peito luminoso dela absorvidas. A cada manifestação má do homem a terra sofria e seu semblante lindo fazia uma feição de sofrimento intenso. Cada pensamento e ação boa luzes boas eram irradiadas e a terra recebia aquela, energia e sorria. Por algum tempo este equilíbrio foi mantido e o sofrimento e a alegria se revezavam. Mas com o passar do tempo todos aqueles homens se tornaram gananciosos, maus, ambiciosos, violentos, cruéis, vivendo só para os prazeres infligindo toda espécie de lei da terra e dos céus então a quantidade de energia negativa se tornou muito grande a terra passou a chorar amargosamente



Mas ela resistia a grande quantidade de energia negativa bravamente. Seu colar caiu ao chão e as sementes que nele havia estava cheia de bichos nojentos. Seus anéis de raives se toraram e caíram de seus dedos, mas ela resistia. Suor escorria sobre o semblante tão lindo daquela mulher chamada de terra. E eu chamava por Deus para socorrer.



Van Soares - Deus tenha misericórdia da terra.



Deus - Meu filho eu não posso fazer nada, pois dei a terra para o homem que veio dela. Não posso intervir é a lei!



A quantidade de energias deformadas foram tão grande que os dentes lindos da terra começaram a racharem e cair , de sua boca, seu cabelo ficou crespo e feio e seu vestido foi mudando de cor para uma cor amarela azeda. Ah, como sofreu aquela mulher. Os homens se tornaram violentos e as cores de suas energias mudavam constantemente atingindo a terra e seu centro energético. Saiam dos homens energias como relâmpagos de cores feias e atingiam o centro energético da terra que se alterava gravemente. Ventos sopravam e chuvas caiam, mas aqueles homens nem se tocavam do que estava ocorrendo. O magnetismo cresceu tanto que tudo parecia estar com aquela energia e os objetos eram atraídos para lugares diferentes.
Uma voz - Tudo que influência é influenciada e nem uma árvore que destruir suas raízes sobreviverá!



A terra já não aguentava mais e seus lindos olhos se avermelharam como sangue e piolhos correram em sua face. Gafanhotos saltaram de dentro de seus cabelos e carrapatos se alojaram em seus braços, seios e pernas e ela gritava de agonia uns gritos ela se incendiou como aquela energia tivesse feito isto. Quando a terra pegou fogo, logo os homens que a influenciou com suas energias negativas se incendiaram também e na praia do fortevelho todos queimaram e como um metal derretem fogo eles foram derretendo aos poucos. O fogo veio de dentro deles mesmo como se cada partícula deles quisessem se inflamar com toda aquela energia como se fosse uma reação as suas pregações ilegais e maldades pessoais. Na praia do forte velho andei, mas só encontrei cinzas levadas pelo vento que vinha da ilha da restinga, do rio Sanhauá. Queimaram, derreteram até a última e mais pequenina matéria que possuíam. Fiquei com pena daquela linda mulher e chorei em meu sonho.
Voz - Tudo é feito de luz, de energia, pois a matéria é expressão da energia e a soma de muitas delas. Como o céu produz o relâmpago que cai sobre a terra o homem produz energia que pela terra mãe deles é absorvida e se altera mediante o que absorveu. Quando a energia boa for substituída pela me então virá o fim, pois toda a existência material entrara em colapso energético e haverá uma grande explosão nos céus e toda harmonia se desfará imediatamente incendiando toda a matéria que existir.


Van Soares - Por que os homens comuns não veem esta energia?



Voz - Parte desta energia os segura no solo só não ver que ela existe quem não quer. Que força é esta que segura o homem no solo, mas não o impede de andar, correr? energia, energia...









CAPÍTULO V







LIVRO BAÍA DOS HOLANDESES

JOILSON DE ASSIS

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Não precisamos ser perfeito para sermos felizes, precisamos apenas amar; pois o amor torna perfeito todo defeito e o olhar de quem ama afugenta qualquer fungo na alma. É o amor quem nos ensina o prazer do proporcionar e não somente o prazer de obter, obter, todo amor gera assistencialismo, é uma incrível vontade de prestarmos assistência a pessoa escolhida pelo nosso coração. Com o sexo possuímos o corpo da pessoa amada, mas com o amor a alma e o espírito são doados para gerarem vida transcendental. Quem poderá ser feliz sem amar e ser amado mesmo que seja por um cachorro, um gato. A alma humana NECESSITA de amor para sobreviver neste mundo seco de ganâncias e ambições. Não existe maior combinação do que o amor, é uma verdadeira harmonia entre o conceder e o compartilhar, o receber e o doar. É a incrível necessidade de se doar, de ser útil, de fazer feliz a pessoa amada.



É a incrível força do inexplicável, pois a simplicidade do amor torna espetacular todas as coisas simples.



Ser pai é Imitar Deus, pois ele é pai e cuida de todos os seus filhos mesmo em imperfeição. O tempo passou e Mercien a querida e meiga índia teve o nosso filho na mata do forte velho. A felicidade não tem medida que possa medi nem metro que possa demarcá-la em intenção. É uma união do nosso espírito com o universo das estrelas. Mercien segurando o meu filho com aqueles lábios levemente avermelhados e carnudos devido a gravidez. Existem segundos que nos marcam por milênios! Cuidamos da criança por algum tempo no forte velho depois levamos ela para a família de Mercien na baía da traição por causa dos ataques dos caboclos aos soldados e moradores da região. Coloquei o nome da criança Hanson Soares de Goa Hopper e Mercien colocou o nome Luz do amanhecer em sua língua tupy.



Deixamos a criança com parentes dela que também estava amamentando. Mercien não queria deixar seu filho, mas não queria deixar o seu amor, imagino o conflito no coração da pequenina índia potiguara. Mas se os pais não se amarem como o filho se sentirá seguro; é o amor a principal segurança.



Politicamente falando a situação estava piorando para os Holandeses e alguns já falavam em uma retirada em massa. Os caboclos Vassalos estavam causando várias baixas entre os Holandeses e os banqueiros exigiam seus empréstimos pagos. A Holanda tinha iniciado o movimento capitalista no Brasil, mas a multidão de caboclos, mamelucos dava aos portugueses um número muito grande de homens dispostos a lutarem contra os que chamavam de invasores. O sentimento de posse era utilizado para gerar soldados dispostos a lutarem e a morrerem por suas terras.




Os nativos Tabajaras geravam muita força para os lusitanos tendo apenas como oposição os fieis potiguaras, e os nativos, bravos índios Cariris. Em Alagoas os nativos cariris e outros ainda sustentavam a luta armada dando vantagem ao nosso exército e os nativos mistos demonstram certa simpatia a nossa causa. O Brasil para os Holandeses começou como um namoro que se namora só por namorar, mas com o passar do tempo se tornou uma grande paixão, daquelas que não se abre mão. As operações secretas no forte de Santa Catarina alimentaram muito e baús misteriosos eram trazidos e escondidos. Será que seria suprimentos de guerra? Paulo Linge o responsável pela região apertava as tropas como se quisessem dela o impossível, tomar a cidade de nossa senhora das neves (João Pessoa), principalmente o forte de Santo Antônio e são Francisco (Igrejas). Discussões havia nas reuniões de oficiais e os que eram contra este suicídio eram desprezados.



Paulo Linge - Precisamos tomar a cidade de nossa senhora das neves para assegurar nossa \estabilidade na região.




Capitão Adrian - Senhor nós não temos forças para invadir uma cidade tão fortificada, é um suicídio!



Paulo Linge - Vocês são uns fracos. Vamos reunir o máximo de potiguaras para este fim, eles enfrentaram os tabajaras depois tomaremos a cidade por cima dos cadáveres.
Van Soares - Senhor não podemos fazer isto com os potiguara.



Paulo Linge - Você está defendendo o povo gentil da sua amada, mas Deus não aprova esta sua união.



Van Soares - Então Deus aprova a sua ambição particular.



Paulo Linge - O quê? O conselho geral saberá deste seu insulto e pecado.
Van Soares - Pecado é trocar o amor pelas ambições de tesouros enterrados.
Com esta frase Paulo Linge se descontrolou, pois tocou em sua ferida e em seu tesouro escondido no convento São Francisco. Mas ele estava preso pelo apoio de Potyassur a minha pessoa e temia perder o apoio dos principais potiguara. Linge demos trava-se descontrolado e falava loucamente pois não era a pele dele que estava em jogo. Tínhamos que lutai por banqueiros gordos e fartos de juros que não queriam perder nenhum centavo de seus milhares de florins.

O Governo holandês sempre teve uma boa intenção com o Brasil mas os queiros tornaram o nosso domínio indesejável entre os Brasileiros. Soldados novos e nativos foram enviados a mim na igreja de nossa senhora da Guia para ser treinados no pátio existente no lado sul da mesma. Eu deveria treina-los para combater e em breve seriam utilizados nos combates em Recife e Alagoas, Vendo aqueles nativos e jovens treinando fiquei pensando que muitos enviam milhares para a morte em nome de suas ideologias furadas, mas não comprometem nem um dedo para defender o que é seu. Por que eu deveria arriscar a minha pele peIo bolso dos outros? Mas na vida existem forças que não fomos controlar somente obedecê-Ias ou fugir delas. A idéia de abandonarmos o Brasil soava em minha mente com repúdio e os reverendos eram totalmente contra a esta idéia por causa da evangelização. Os nativos nobres da terra dominada ofereceu a Linge 9 mil Florins para abandonar as terras da Paraíba parte do Recife e Rio Grande do Norte. Esta oferta balançou as idéia de Linge que ficou de pensar.




Treinamos exaustivamente na igreja da Guia e várias vezes nos preparamos para viajarmos de navios, mas a ordem final não vinham. Os portugueses tinham infiltrado vários espias em nosso meio e cada passo que planejamos foi delatado. A situação estava ficando muito tensa a cada mês que passava. Meu maior medo era deixar Mercien, mas eu estava disposto a deixar a farda e passar a viver como um caboclo qualquer só para ficar perto do meu amor.




Treinamos muito e fomos de navio ao Recife para encontramos Vassalos escondidos nas matas que estavam queimando canaviais e fomos recebidos a tiros. Eles pareciam que estavam recebendo apoio bélico de Portugal mesmo a coroa Portuguesa demonstrando sinais de negociação. A luta foi terrível e Potiassur esteve sempre ao meu lado, era um sogro e guerreiro maravilhoso. Os caboclos traziam a força dos índios e a sagacidade dos brancos e negros dando bastante trabalho ao nosso exército. A situação em Recife parecia muito grave. Nativos, tropas, canhões subiam da Bahia e eram guardados em meio a densa mata. Os índios Tabajaras davam a força necessária a o exercito dos Vassalos, mas os Potiguaras agiam como verdadeiros anjos de guarda eles lutavam pelos nobres sem ter nenhuma possibilidade de ser um, lutam pela nobreza sem nem mesmo ela saber o seu nome, morrem por uma causa que nem mesmo sabe qual é, assim é o povo. Eles, os potiguaras eram os verdadeiros heróis em todas as batalhas que travávamos. Nenhum combate era feito sem o braço forte dos potiguaras, mas em nosso sistema eles foram os menos favorecidos, pouquíssimos empréstimos foram dados a eles, porém a paixão deles pelos holandeses era confortadora. Era bom saber que potiassur estava ao meu lado sempre com o facão que dei a ele. A região do Recife era uma bomba pronta para explodir.



Depois de muitos combates voltamos para casa e pensei comigo que a melhor coisa que uma viagem pode nos proporcionar é à volta. Tivemos muitas baixas principalmente entre os nativos causando um clamor e choro nas nativas que procuravam seus filhos, esposos e percebi que tanto um riso quanto uma lágrima não tem nacionalidade, cultura. Nós que fatiamos parte do corpo de oficiais sabíamos que a situação não era boa e uma retirada já era cogitada. Mas onde ficaria a memória de tantos índios e soldados mortos nos combates? Seriam em vão todas as mortes e dores que sofreram aqueles que sonharam morar nesta terra? Os pastores Calvinistas queriam evangeliza os nativos, mas a revolta estava crescendo através de Vidal de negreiros e Henrique Dias. No forte comandado pelo Coronel Hautjn o responsável pela região Paulo Linge chorou ao ver tantos feridos. É, na verdade governará o homem com suas qualidades e com seus defeitos e aonde houver acertos dos homens haverá erros seus. Não existe ninguém totalmente bom nem ninguém totalmente mau, na alma do homem o bem e o mal se intercalam. Paulo Linge teve muitos erros, mas havia em seu coração muitas qualidades, o fato era que estávamos sendo vítimas de unia situa¬ção muito difícil, pois no mundo lidamos com forças que não conseguimos controlar que vão desde da política até a própria força da natureza.




Tivemos um tempo para nos recuperarmos de tantas dores, mas a tensão estava constantemente no ar. Como de costume fui visitar o meu Amigo Frei Domingues da ilha da restin¬ga e com alegria fui recebido. Ao chegar junto com a minha ama Da índia Mercien o frei fez um bom lanche para nós.




Frei - Eu poderia rezar uma missa pra vocês dois? Van Soares - Sim. Por que não?


Frei - Estou com este estranho desejo de rezar uma missa Para Deus na presença de vocês. Quero cantar um hino de minha autoria e depois almoçaremos juntos!



Aquele velho frei fez suas orações, cantou vários hinos inclusive um hinos de sua Autoria. Almoçamos juntos e ele fez questão de nos servir com muita alegria; parecia que ele estava se despedindo.



Frei - Van Soares, se eu morrer lembre-se de me enterrar na encosta daquela pedra. Lembre-se que na morte há incríveis tesouros!



Eu não compreendi o que aquele frei disse, talvez ele estivesse entrando no clima dos enigmas dos Sonhos. Voltei ao forte velho g minha cabana de palhas, mas que era mais confortável do que um imenso palácio, pois nela havia amor. Reuniões constantes eram realizadas no forte de Santa Catarina e vários planos eram realizados e depois desfeitos devido ao tempo e as impossibilidades. Reverendos Calvinistas também vinham nos ensinar a palavra de Deus e alguns destes sempre soltar uma palavra contra a minha situação irregular temos que ver a limitação do coração humano que se prende a parte de uma idéia pensando que através dela compreenderá o todo.


Eu era protestante, mas ao mesmo tempo ouvia o Frei Domingues pois este fazia de sua simpatia a melhor forma de pregar o evangelho. Como pregaremos a alegria utilizando a tristeza e a severidade? Alguns pregam a verdade de Deus como se fosse mentira e o alívio de Deus como se fosse dores. De fato que Jesus não pertence a nenhuma religião apesar de apoiar muitos religiosos que trabalham em seu nome. No Calvinismo encontrei muitas ações radicais e o sistório que ele trazia investigava pecados no povo que eles mesmos declaravam que foram feitos para pecar. Alguns destes calvinistas amplificavam o poder e o controle de Deus, mas esquecia da sua bondade para com todos os homens inclusive o pobre que muitos desprezavam dizendo que Deus os abandonou toda religião tem seus exageros, pois todas são imperfeitas como os homens que as compõe.



Chegamos ao ponto de temer até o barulho da mata ao vento forte. A terra estava seca e cheia de pragas, as plantações estavam infestadas de lagartas e fungos que atingiam a cana de açúcar, matéria prima do açúcar e fonte de renda do império. Notícias más eram trazidas constantemente pelos combatentes feridos e o forte dos três reis magos foi tomado por Lusitanos e caboclos raivosos. Sá Recife os Vassalos matam em ataques repentinos demonstrando que perderam o medo de nossa milícia e em Alagoas a situação é a mesma. O povo de lagoas gostava de nosso domínio, mas a proximidade com a Bahia fazia os fortes lã existentes alvos de constantes ataques. A situação estava ficando insuportável.


O acordo não saía e enquanto isto os combates ceiavam a centenas de combatentes jovens que poderia ser úteis a império produzindo vida e riqueza. Na guerra notamos que o homem é a principal das feras e raivosa esta descontrolada em ambições. Tanto lugar, tanta vida, mas alguns querem só pra si. A coroa Holandesa queria desenvolver o lugar banhado pelo Sanhauá e o Paraíba, mas o medo de perder tudo atrasava tudo, todo investimento estava retardado. A inércia è o marasmo é a pior das mortes. Mas a memória do rico já morto faz mais do que a vida do pobre, pois não tem força de ação, produção. Mas estávamos dispostos para defender a Baía que chamávamos de Baía dos Holandeses.




Em uma quarta feira muito quente nos reunimos no Forte da família, Santa Catarina (A Santa da Família) ou Margarida como Mauricio de Nassau o chamava. O oficial:
Blaembeer queria nos declarar uma ação que se fazia necessária. Blaenbeer - temos que atacar os revoltosos nos engenhos Inho bim e Santo André. Francisco Somes Muniz e outros conspiram contra nós e preparam tropas para nos abater pouco a pouco. Eles devem muito a coroa Holandesa ao grupo dos dezenove, temos que nos preparar e atacá-los secretamente.




Capitão Adrien - Senhor quais seriam as metas deste ataque.



Oficial Blaenbeer - temos que ataca-los secretamente destruir o inimigo, prender ou matar Gomes e sua família. Eles estão em desvantagem bélica e nos números de soldados temos que fazer isto companheiros se não quisermos ver o inimigo em nosso quintal.



Foram reunidos trezentos guerreiros Potiguaras e trezentos soldados Batavos. O calor estava insuportável, mas nuvem de uma pesada chuva se aproximava da região. Fomos até os engenhos alvos prontos para destruir o inimigo. Na caminhada paramos para descansar um pouco antes de entrarmos em ação e adormeci.



Homem misterioso - Ah, há, há, há veja a águia neerlandesa como voa muito bem.
Então olhei e uma águia voava rapidamente pelos céus com uma autoridade incrível. Ela era bonita grande e tinha um aspecto de ágil, feroz e imbatível. Como voava bem aqueIa águia! O homem misterioso que me mostrou a águia nearlansa voar era tua caboclo de meia idade, com um único dente em sua boca com aparência de pobre ou desprovido do cotidiano. No meu sonho a águia voara muito altos quando de repente nuvens escuras surgiam como uma grande tempestade. Ao tentar voar acima das nuvens a águia ver um ninho de cobras e tenta antes de retira-se levar um almoço consigo. Enquanto a águia desça até o seu almoço uma terrível chuva caiu sobre ela daquelas que mal dá pra ver os objetos a frente. Chuva e relâmpagos atrapalham a águia feroz que cai no chão molhado sendo levada pela enxurrada. As águas levam a águia porte nearlandesa.




Soldado - Senhor Van Soares levante-se, tá na hora de ir...



Então levantamos acampamento e partimos para o nosso destino. Quando se caminha para a batalha se caminha para enfrentar a morte. Basta uma desculpa para que o sacerdote do mal atinja o combatente e o leve, mas a fé nos faz duvidar deste momento. Segundo o velho Marujo Saltes não ter medo da morte é uma excelente estratégia para não morrer em combate. Eu confiava em Deus e não tinha medo do mal nem da cara de nenhum combatente. A fé é a força de quem o tem! Já tinha enfrentado muitos combates sempre tendo ao meu lado o forte Potyassur. Mas até quando a sorte continuaria ao nosso lado?



Capitão Adrien - Atenção homens estamos próximos do engenho inhobim nossos primeiro alvo. Atenção, vamos chegar de vez e procurar os nossos alvos. Os nobres deverão ser pegos vivos ou mortos e quem passar pela frente deve ser morto.



Van Soares - Senhor vai chover muito sinta o vento da chuva ela poderá nos atrapalhar.



Enquanto eu falava relâmpagos dispararam no céu iluminando todo o solo e trovões abalavam a terra.



Van Soares - Senhor é melhor retrair e esperar a chuva parar então atacaremos com toda força.



Capitão Adrien - é, sim. Vamos retrair para dentro da mata e quando a chuva parar atacaremos.
Mas enquanto o Capitão Adrian Falava a chuva começou intensa e os cães da casa latiram muito o que alertou alguns caboclos que vieram fora ver o porque de tanto alvoroço entre os animais.



Caboclos - Vês alguma coisa?


- Mão.



- Estes cães parece que estão loucos.



- Carma Manoé tem alguma coisa no mato. Veja!



A tensão foi grande, não podíamos no mexer do lugar onde estávamos até a mata e os cães estava loucos com o nosso cheiro. Eles olharam tendo em suas mãos armas e como se nada tivesse visto entraram no engenho e fecharam a grande porta.
Van Soares - Eles não nos viram vamos senhor.



Capitão Adrien – Espere!



Existiam comentários que Rabelinho ou um filho deste revolucionário estava naquela fazenda. Rabelinho era procurado pelos Holandeses a muito tempo e existia um prêmio por sua delata? Alguns achavam que ele tinha sido morto outros tinham a certeza que ele estava infiltrado entre estes revolucionários vassalos. A violência era característica típica deste indivíduo que alguns tinham como herói. Não sabíamos quem estava dentro da casa se eram apenas fazendeiros ou guerreiros ferozes. Esta tudo muito calmo apesar da terrível chuva que caia acendo correr água por todos os lados.


Van Soares - Os cães estão latindo dentro da casa grande e da senzala, mas ninguém há em movimento fora. Será por causa da imensa chuva.



Capitão Adrien - Está calmo demais.



Van Soares - Vamos senhor a tropa está congelando.




Capitão Adrian - Cuidado se protejam!!!




De todas as brechas e buracos existentes naqueles imóveis de origem portuguesa vieram tiros que de imediato derrubaram a muitos de nossa tropa. Estávamos com seiscentos homens, mas de uma única vem muitos destes caíram ao solo.
Capitão Adrien - Ataquem, ataquem agora, vamos!



Van Soares - Vamos homens, vamos!



Antes que aqueles homens carregassem suas armas atacamos fortemente, mas a guerra tem suas surpresas recebemos outra salva de tiros que feriu outro tanto que estava a atacar. Mas em meio a gritos e a moribundos continuamos atacando e ao arrombar as portas recebemos tiros, flechas e até um canhão estourou em cima de nossa tropa. O Capitão Adrian parecia não acreditar, mas aquela casa grande estava lotada de guerreiros armados com facões, foices, espadas, paus e armas de fogo. A luta foi ferrenha e homens rolavam pelo chão em meio à lama e a chuva que mal deixava que enxergássemos direito. Nativos com nativos, caboclos com brancos parecia que o inferno tinha se levantado naquele lugar.




Van Soares - Potiassur por aqui traga os homens.



Entramos na parte do moinho de cana, e negros nos atacaram ferozmente e a luta foi horrível. Realmente a guerra é uma insanidade coletiva aonde os seus participantes pareciam com sede de sangue. Camisas molhadas, sujas de lama. Enquanto os combates eram travados relâmpagos fazia o dia escuro era uma clarão assustador trovões berravam nos céus e homem berravam de raiva e dor. O terreno da grande fazenda, antes utilizados para secar feijão e milho, para festas agora havia uma estranha dança da morte. A surpresa do inimigo e o tempo nos atrapalharam e muitas baixas começaram a acontecer.
Capitão Adrian - Retirada agora!
Como retirar uma tropa em pleno combate? Mas as perdas eram grandes e o terreiro estava cheio de mortos.




Van Soares - Fará a mata soldados, vamos.



A retirada foi lenta e debaixo de fogo cruzado, os inimigos não nos deixaram reagrupar e na retirada não acompanharam. Viemos com muitos homens o suficiente para duas investidas, mas na primeira quase a metade caíram. Caboclos bravos nos seguiram pela mata e no meio das árvores o combate continuou ferrenho.



Van Soares - Se protejam nas árvores!



Os tiros saiam do meio do mato e parecíamos alvos fáceis. Repentinamente saiam índios, portugueses e caboclos de dentro do mato atacando como se não permitissem a nossa retirada.




Van Soares - Resistam homens, protejam o capitão vamos!



Estamos no lugar errado, no dia errado em tempo errado e o pior pensávamos que estávamos certos e preparados. Lutamos bravamente, mas o inimigo era mais feroz e sangue com lama dava cor ao chão daquele lugar. Na luta que travávamos me debati com quatro caboclos bravos armados de facões e espadas e pensei que seria o meu fila. É, poderia ser o meu fim, mas eu não temeria aqueles homens para morrer com honra que é a maior medalha do militar, todos os quatro vieram sobre me e quando não mais estava os suportando veio o meu braço forte de guerra Potyassur com seu famoso facão cortador. Braços de dois daqueles homens voaram pelo ar através da força de Potyassur. Dois a dois estava melhor para nós. Mas enquanto eu e potyassur lutávamos distraído um daqueles que foram feridos com sua espada velha e enferrujada atingiu Potyassur no lado esquerdo dos rins e mesmo ferido Potyassur cortou a cabeça dele, mas foi atingido por que ele lutava. Potyassur cai levando os dois conseguem como um verdadeiro herói.




Van Soares - Potyassur, Potyassur meu Deus.




Pena que ele não falava fluentemente a minha língua, mas o seu olhar final era de amor e companheirismo. Potyassur inspirou como um grande guerreiro companheiro e fiel em todos combates como todo o seu povo fui com o nosso povo Holandês. O combate me chamava e eu tinha que deixar Potyassur naquele solo repleto de inimigos.
Van Soares - Adeus grande amigo, pois os verdadeiros amigos não são aqueles das festas, mas aqueles que combatem as guerras que temos ao nosso lado. Adeus Potyassur!
Capitão Adrian - vamos debandar agora. Cada um por si!




Então corremos pela mata tentando nos proteger do inimigo feroz mas eles continuaram a nos perseguir impiedosamente. Separados para proteger-se nos tomamos mais vulnerável e foram mortos mais soldados e índios.




Corremos pela mata desesperados, cansado, exausto e feridos. Quando corremos o medo que nos leva a isto aumenta e por dentro de buracos e barrancos tentávamos nos esconder na imensa fuga. Me senti um covarde e estava surpreso com as minhas reações. São as maiores surpresas da vida não estão nas situações que passamos, mas nas reações que temos a elas que vem dos instintos pois não há sobre a terra nenhum homem que não se contradiga. Somos muito mais que as nossas brilhantes idéias somos um poço de instintos e sentimentos que não sabemos de onde vem e porque são produzidos, uma das tropas mais elitizadas do mundo correndo desesperada de um exército composto de caboclos e índios. O erro deles em reproduzir com os Índios parecia ser o acerto de suas vidas e quem estava dando a vitória aos Portugueses não era o seu Estado falido de Lisboa, nem suas armas ou generais, mas índios, caboclos e mamelucos que muita das vezes nem mesmo sabiam quem eram os seus pais ou o sobrenome da família que veio. Existem alguns erros que são acertos e existe alguns acertos que são erros terríveis e só com o tempo perceberemos isto.





Estávamos humilhados, famintos, tristes e a chuva não parava. As inundações arrastavam alguns de nós e na loucura da fuga não conseguíamos salvá-lo em meio a forte correnteza d´água. Corremos para casa, pois o cão ferido sempre volta para casa mesmo que seja para morrer seguro. No caminho do desespero voltamos passando por rios super cheios. Tínhamos que atravessar o rio Sanhauá para alcançarmos Cabedelo e o forte de Santa Catarina. De longe contemplamos uma cena assustadora os rios Sanhauá e Paraíba estavam era uma cheia monstruosa e paus, árvores, animais e até casas eram trazidas pelas águas em plena ferocidade.



Van Soares - Meus Deus o que é isto?




A chuva tinha sido muito forte e houvera uma cheia do rio anormal a tudo que vimos antes até os índios que nos acompanhavam ficaram assustados. Ilhas com a Restinga, a ilha da Santa e outras estavam cobertas por água e suas árvores arrastadas Para a Baía dos holandeses. (Baía entre Cabedelo, Lucena e forte velho) De longe e do alto próximo ao Atalaia víamos o estrago das águas e até o forte de Santa Catarina estava debaixo d´água e seus ferreiros fora em lugar seguro. Lembrei-me de Mercien que permanecia no forte velho na nossa velha cabana de Palha. O frei Domingues na ilha da restinga será que estava vivo?



Soldado - Senhor Van Soares veja.




Era ela que de longe me viu e veio ao meu encontro por dentro do mato. Não dava mais para ser sutil com um amor tão grande, é a mesma coisa que esconder um imenso incêndio. Corri até ela esquecendo-me da hierarquia e dos homens que comigo vinham.
Capitão Adrian - Homens vocês estão livres para socorrerem suas famílias. Se quiserem vim conosco para forte venha se não quiserem, vão correr suas famílias!
Todos se dispersaram e correram para socorrer suas famílias e na ladeira que desce do Atalaia eu corria desesperado para ver o meu amor Mercien. Van Soares - Mercien meu amor, Mercien.



Corremos um para o outro como se quiséssemos entrar um no outro e como sedentos de amor nos abraçamos carinhosamente. Que morena linda era Mercien seus cabelos pretos pareciam tear um brilho especial que molhados cheiravam e brilhavam mais. Ah, como eu a beijei! Nada melhor do que o cheiro daquela que amamos e o simples toque dela l suficiente para que entremos em pleno delírio.



Van Soares - Mercien, cadê o frei, você o viu?



Ela disse em sua língua que não e a ilha foi tomada por água quase por completa. Não deu pra ninguém ir até lá até naquele momento. Aonde ficávamos próximo a praia do forte velho estava inundado e naquele dia a chuva durou sem dar uma, trégua • Nos não podíamos chegar até o forte de Santa Catarina, era perigoso demais e havia uma lenda entre os nativos de um peixe gigante que havia naquele lugar que arrastava as pessoas para as profundezas das águas. Em um acampamento improvisado Mercien Chorou a tristeza de ter perdido o seu pai. Ouvindo o meu choro e gemido enquanto a aqueço em meus braços percebi como eu amava aquela pequenina índia e não me imaginava sem aqueles braços finos e frágeis a me segurar. Cansada de chorar ela adormeceu em meus braços cortados pelas facas e facões dos caboclos bravos. Como dependia de Mercien para manter a minha sanidade neste mundo louco de ganâncias e ódios, àquela índia potiguara pequenina e frágil era o sustentáculo de minha alma e até o seu hálito de mulher era um perfume para mim. Ela trazia da inundação os meus objetos como se eles fossem parte de minha vida e da dela também. Naquela noite chuvosa eu decidi que depois de alguns meses eu iria deixar a farda e me isolar no interior entre os nativos para me proteger até do meu próprio povo.



Com Mercien deitada em m eu peito dormi e pela manhã cedo fui acordado pela sinfonia celeste dos pássaros e o sol estava nascendo entre as nuvens. A tempestade tinha ido embora, pois não existe tempestade na vida que dure para sempre.
Van Soares - Mercien vamos embora, vamos!!



Quem ama não precisa entrar no corpo do outro para ter um orgasmo ele precisa só estar perto, sentir o cheiro para ter em seu coração o prazer das mais perfeitas relações sexuais, um orgasmo na alma e no espírito.




Van Soares - Mercien você faz parte do meu céu e sem você este céu não terá lua e estrelas. São seus olhos que me guiam do caminho e sob a luz do teu olhar nascem as minhas maiores realizações; não da pra viver sem você, pois sem você viver não é viver, e é só um existir vazio. Mercien Você é saudável para minha alma.




Eu sabia que ela não entendia nada do que eu falava, mas quem disse que o amor necessita de entendimento? Palavras são primitivas ao amor, pois ele se comunica através de olhares, suores, telepatia algo transcendental e inexplicável. É um fenômeno entre o divino e a humano, estranho a carne e ao espírito, algo insano que equilibra a gente, um contraditório que ordena. Prometi a me mesmo que depois de alguns meses eu iria deixar a farda e servir ao amor e não aos banqueiros. Deixei Mercien com os demais nativos e fui até o forte ao apresentar. Peguei a barcassa para o forte, mas a correnteza ainda estava perigosa e arrastou a minha barcassa em um redemoinho bem no meio da baía dos Holandeses entre Lucena e o Porte de Santa Catarina. Pedi a Deus que não me deixasse morrer naquela correnteza terrível e file me atendeu, cheguei com muita dificuldade do outro lado.





Chegando ao forte estava aquela confusão, pois a casa da própria estava molhada e as armas tinham sido afetada pela lama. A ponte que descia cobrindo o lago ao redor do forte tinha sido danificada e todos estavam em alvoroço. Depois da tormenta houveram muitas reuniões abrasadas. Em um delas o reverendo falou muito mal contra mim.
Reverendo - Estamos perdendo força em muitos territórios e nossas tropas estão tendo horríveis baixas. Sabe por quê? Porque o pecado este entre os nossos oficiais, Eles piscam com as índias e Deus nos castiga! Veja o caso de Van Soares, um oficial da nação de Jesus Cristo com uma nativa Potiguara e ainda diz que é casado. Se estivéssemos na frança o Sistório Calvinista o condenaria a morte, mas porque tememos os Potiguaras não fazemos isto, por este motivo sofremos!



Van Soares - Me desculpe reverendo, mas não são os senhores mesmo que acreditais na predestinação e dizem que Deus controla tudo, este meu amor não seria providenciado por ele?



Reverendo - você é um pecador



Van Soares - Iodos nós reverendo e a lei sem a misericórdia é a pura hipocrisia...
Reverendo - Calvino condena este tipo de casamento.



Van Soares - A Bíblia condena a morte e o assassinato e Salvá-no condenou duas pessoas a morte por não aceitar os seus ensinos predestinatários. Em que ele é melhor do que eu Reverendo?


A briga foi feia e parecia com um campo de batalha dentro daqueles que pertencia a minha própria religião. Muitos deixaram de ser pecadores, mas não deixaram de ser ignorantes e nécios agindo loucamente em cima de uma verdade que supõe conhecerem profundamente. Eles não queriam ser bons homens, mas divinos. Na verdade Divino e infalível só Deus, estes pregavam um perdão total da pessoa antes de pertencer a sua religião, mas depois que voei participava , bastava um erro ou um suposto erro para condená-lo á morte como pecador que na verdade todos são. Todas as religiões cometeram erros pois são compostas de homens mas eu não iria permitir que esta religiosidade desenfreada me separasse de Mercien meu grande amor.




A situação estava tão difícil que eles não tinham tempo de investirem suas justiças contra mim tínhamos que nos proteger de todas as formas e utilizar cada soldado e oficial. Os Lusitanos tinha experimentado o gosto da vitória e visto os cadáveres de índios e soldados holandeses ao chão, nisto prevíamos ataques constantes e foi o que aconteceu a diversos lugares e caravanas, endo ordenado uma patrulha constante nos territórios. Foi me ordenado a fazer a referida patrulha, mas era quase um suicídio. Aquele reverendo me chamando de pecador enquanto eu nas patrulhas salvo a pele dele; como são hipócritas os homens. Mas era o meu dever e enquanto eu estivesse na farda eu iria cumprir valorosamente.




Depois da vitória dos Lusitanos contra nossa tropa na fazenda Inhobim de Francisco Gomes Muniz veio até o forte de Santa Catarina um negociador e ofereceu oficialmente a Paulo Linge e seus oficiais 15 mil florins para que se retirassem as tropas holandesas da Paraíba. Como já existia esta informação no ar e a situação estava muito feia pra nós Paulo Linge resolvem aceitar a proposta que foi algo inédito que perturbou a todos que ali estavam. O reverendo não aceitou que linge entregasse aos Lusitanos tantos sonhos que havíamos sonhado e nesta hora vi um homem que eu estava sem gostar, a em simpatizar tornar um aliado de minha causa. Nunca devemos desrespeitar alguém que achamos que é o nosso inimigo, pois a vida pode colocá-lo ao nosso lado como algum aliado.



A reunião foi tensa e Paulo Linge mandou enforcar o homem que representava os Lusitanos no próprio forte na presença de todos. Cada vez mais surgiam inimigos e muitos combates vieram por este ato de enforcamento.




Como entregar algo que custou sangue e passou a fazer parte dos nossos sonhos, da nossa história? É mesmo que arrancar um pedaço de nós! E os mortos como ficariam se a cada um deles se tornassem nulas e inúteis? Queres matar um homem? então mates seus sonhos! Pois quando os sonhos acabam só resta pesadelos horríveis e eram estes que minha alma temia. O sonho que tínhamos de defender a bandeira Holandesa, seu interesses políticos e religiosos passaram a ser pesadelos devido a inutilidade que a entrega dos territórios produziriam de todas as nossas ações. O Mal não é necessário para que o bem se manifeste logo o mal é a causa mais inútil que existe no universo.




Preocupado com o frei Domingues mandei um grupo de soldados procurá-lo por toda restinga imediatamente.



Soldados - Com licença Oficial Van Soares. Procuramos por toda ilha senhor e nada. As águas da enxurrada lavou toda ilha e até árvores foram arrancadas pela brava correnteza d1água. Procuramos por todos os lugares senhor e nada encontramos « Ninguém o viu e seus pertences foram arrastados para a baía senhor.
Procuramos novamente por todos os lugares prováveis de encontrarmos o corpo do velho frei, mas nada encontramos.


Soldados- Senhor será que o grande peixe que os índios falam o carregou? Todos tem medo deste grande peixe, dizem que ele até vira barcassa.



Van Soares- Lenda ou verdade continuem procurando.



Durantes dias- esperamos algum sinal de seu corpo, mas nada apareceu. Novamente eu teria que dizer adeus a um amigo irmão. Em minha barcassa com a desculpa que iria pescar eu o procurava em uma busca solitária e me lembrava de seus últimos dias. Lembrei-me da missa que ele realizou para mim e Mercien e do mistério que ele falou acerca da riqueza ao lugar de morte e aonde ele me falou acerca de seu enterro. Será que haveria um tesouro onde ele mandou que eu o enterrasse? Só olhando, mas as investida dos vassalos me impedia de investigar as palavras do velho frei. Mas eu sabia que naquela ilha existia vários tesouros enterrados e submersos, tesouros de Carmelitas, franciscanos, Jesuítas, e dos dominadores espanhóis, portugueses, holandeses e até de índios Cariris e Potiguaras.




















CAPÍTULO VI







Toda força Holandesa no nordeste do Brasil estava em decadência e havia falta de alimento para tropa e moeda Para a compra de comida. A cidade de nossa senhora das neves através de seu convento forte chamado de São Francisco estava dando suprimentos a rebeldes, em Recife muitos morriam em emboscadas e em ataques maciços de nativos vindos do interior chamado de sertões. No Rio Grande do norte a força Holandesa foi diminuída e o forte dos três reis magos passou para Dominio Português. Nada mais feroz que um homem que está lutando por seu lar e pelas terras que julga ser suas. Lembrei-me do caso da águia onde ladrões de ovos tentaram roubar os ovos de uma águia em uma alta colina. Depois de enfrentarem uma subida muito forte eles chegaram até os ovos da águia que de muito longe percebeu o ocorrido. Ele veio com todas as forças que tinha e atacou aqueles ladrões de ovos furando o olho de um deles. Então eles disseram: que águia violenta, mas na verdade a águia só estava cumprindo o seu papel de mãe violento eram eles que vieram tirar aquilo que era dele. Na verdade estávamos em uma terrível situação e o meu medo seria uma retirada repentina



Precisávamos reforçar todos os pontos de combate principalmente os mais altos aonde de lá poderíamos atacar o inimigo. Colocamos muitos canhões na ilha da restinga e na igreja da guia e o trabalho se tornou muito fadigoso. A igreja da guia tem uma vista maravilhosa e de lá temos a impressão que daria para ver o outro continente de tão vasta é a sua vista perante o mar azul e a baía verde do forte de Santa Catarina. Em meio aos trabalhos na igreja da Guia eu me encontrava com Mercien do lado sul da mesma igreja bem no pé da ladeira da Guia próximo a um pequeno rio ou braço de mar. Pareciamos lenha seca e fogo bastavam nos aproximar um do outro para que uma imensa fogueira existisse entre nós aquecendo a nossa alma. Cansado eu subia a ladeira e do lado norte da igreja dormia olhando para o imenso mar diante de mim. Sonhei um sonho muito estranho naquele dia que durou bastante.



Sonhei que um homem chamado Mensageiro se aproximou de mim e começou a conversar?
Mensageiro - Guardião do templo da guia e guerreiro do forte de Santa Catarina do alemão Cristóvão Lins seu construtor queres ver o que não se ver e queres ouvir o que não se ouve?



Van Soares - Sim. Revele-me mistérios do altíssimo.




Mensageiro - Venha e veja pois quem crer tudo poderá ver.



Então passei a anda pela igreja da guia e arredor da sua estrutura. Sempre seguindo aquele homem que se identificava como mensageiro de roupa branca que refletia a luz do dia em um imenso brilho.




Enquanto eu dava voltas ao redor da igreja o ambiente a cada volta mudada como se estivéssemos entrando em dimensões diferentes. Em uma destas voltas encontrei una mesa e ao redor dela estavam homens águias, boi, carneiro, cachorros a falaram muito como se estivesse a planejarem algo. Eles falavam muito e anotavam, anotavam sem parar como se estivessem fazendo inúmeros planos. Mas eles não me viam e estes animais eram estágios da alma daqueles homens. Voltei a seguir o mensageiro e em outra volta voltei a ver figuras similiares a que vi na volta anterior.



Mensageiro - Cuidado Van Soares esta mesa é constituído de demônios e estes animais que vês são estágio das almas deles. Cargos e encargos são representados por animais no mundo espiritual. Lembre-se que Jesus tanto era leão como era cordeiro.





Van Soares - O que estão planejando?





Mensageiro - Estão tramando mediante as decisões dos homens da primeira mesa.
Voltamos a dar voltas ao arredor da igreja da guia e ao arrodeiar mais uma vez encontramos uma mulher chamada de sabedoria.



Van Soares- Você é a sabedoria e é viva!



Sabedoria - Tudo no mundo espiritual é vivo até os mortos. Salomão falou acerca de mim e até anotou várias frases minhas. Quem me ouve vive muito e a abundância sempre serás amiga, mas que e abandona vai de encontro a morte e as trevas estão sempre em seu caminho. Venha Van Soares e veja alguns mistérios.



Então saímos para um dos lados da igreja da lula e de lá de cima olhei para a costa de Lucena. Ha praia da bela Lucena touros e águias se encontraram. De um lado muitas águias e do outro muitos touros Lusitanos com cara de maus. Dentre eles saia um líder de cada lado, um homem águia com garras afiadíssimas, sagaz e rápida que em seu semblante trazia a forma de ser rica, perfeccionista, calculista e boa de briga. Do lado dos (touros saiu um homem touro com pernas de homens e unhas de boi, cabeça de touro e corpo misto de boi e homem). Ambos representantes das duas turmas começaram a se insultar, tendo os seus por trás de suas costas.


Águia - Sou mais rápida e minhas garras afiadíssimas cortam qualquer coisa. Sou rica e forte quem poderá me deter?



Boi - Quem foi que disse que a vitória pertence ao mais forte? O tempo e a sorte pertencem a todos e a tudo muda. Às vezes erros se transformam em acertos e acertos em erros, vai depender da sorte e do tempo.



Então os dois se iraram e se enfrentaram ferrenhamente em uma luta forte e rápida. A águia dava golpes no touro que fortemente respondia. A rapidez da águia e a força do touro foram colocadas à prova e um ao outro se atingiam. Penas eram arrancadas e sangue do touro caia ao chão. A águia começou a ter vantagem sobre o grande touro que recuava perante os golpes marciais da ave gigante. As suas garras eram fatais e sua rapidez imbatível!




Enquanto os dois lutavam as duas gritavam palavras de apoio aos seus representantes na terrível batalha. A águia com golpes certeiros derrubou o forte touro e a vitória parecia certa quando tourinhos pequenos com as mesmas características do representante dos touros surgiram e se agarraram as pernas da grande águia a derrubando também, na queda sobre uma rocha a águia se feriu. O touro se levanta e diz:



Touro - Quem deixará de lutar por seus pais mesmo que eles não sejam tão bons quanto os amigos? Quem cortará a sua própria carne sem sofrer com isto?
Depois destas declarações o touro fere gravemente a águia que assustada e ferida é socorrida por suas companheiras que fogem rapidamente.



Sabedoria - Compreendes o que vês?


Van Soares – Não.



Sabedoria - Venha comigo e veja o que irá acontecer nesta região daqui a muitos anos.
Caminhamos para fora da igreja da guia, mas antes de sairmos eu vi um homem com a cara dissecada sentado junto ao lugar de enforcamento. Seu semblante era dissecado como se a carne tivesse secado dando a impressão de ser meio caveira meia zumbi.
Sabedoria - Os homens produzem energias a cada ação que faz e os demônios utilizam as mesmas como vês ti dura. Este ai é o espírito da vingança humana do ódio e da injustiça justa.



Passamos pela igreja descendo para um rio existente ao lado sul dela e na voz do rio passei por uma névoa que estava ao redor do rio e passei para outro tempo. Era um tempo diferente com pessoas diferentes, era tudo muito estranho para mim. Roupas, prédios e ate o tempo era diferente a praia de Lucena, no forte velho e na fortaleza de Santa Catarina havia maquinas de ferro e gigantescas, sobre o céu voavam pássaros de ferros que cuspiam fogo no chão matando a muitos, da terra os homens lançavam bolas de fogo no céu e derrubavam muitas daquelas aves de ferro. A batalha era muito grande e a destruição feita pelos pássaros era muito grande. Eram tantos pássaros gigantes de ferro que chegavam a fazer sombras na terra e as bolas de fogo voavam pelos céus derrubando muitas daquelas aves de ferro.



Sabedoria - Sabes o que vês?



Van Soares - Não, mas é terrível!



Sabedoria - Isto será uma guerra no futuro que atingirá do forte velho de onde começou toda a história dos moradores desta região e se estenderá até aos domínios dos índios Cariris (Campina Grande) que travarão uma luta terrível contra os invasores aéreos.




Van Soares - Por que me mostras esta cena terrível?



Sabedoria - Porque seus filhos estarão nela e os avisos vem antes de tudo que acontece, as pessoas não percebem isto, mas tudo de importante tem um aviso antes e esta guerra será muito grande



Soldado - Senhor Van Soares, acorde, acorde senhor!


Van Soares - UUH, o que foi soldados?



Soldado - Senhor tem um barco chegando na Baía devemos dá o alerta.
Van Soares – Espere. Dê o sinal de visita não identificada. Mande sinal para o Atalaia e o forte de Santa Catarina.



A tensão era nítida e entre nós não havia paz. Era um barco Holandês lotado de nobres e soldados feridos vindo do Recife, pois lá não havia mais segurança. O estado dos feridos era muito grave e assustou os soldados e oficiais. Alguns morriam em nossos braços enquanto eram retirados.



A moral da tropa estava baixa e o inevitável se aproximava: A Retirada. Eu estava preparando o espírito para deixar a farda e viver o amor que tinha talvez junto a Baía da traição. Levamos muito tempo para acreditar no adeus, depois que acredita; nós passamos outra porção de tempo para nos recuperarmos dele. É uma dose que reúne em uma só aplicação todas as dores deste mundo e não há alma que não desmonte perante um adeus. Estávamos tristes e enfraquecidos pela dor da idéia de partir da terra que tão penosamente lutamos por ela. Que dor em pensar a partida deixando os potiguaras a mercê do inimigo que tão corajosamente combateu ao nosso lado. Que dor deixar um povo tão especial para trás!



Soldado - Senhor o forte está fazendo sinal para reunião de todos os oficiais amanhã pela manhã no desjejum.


Van Soares - O que foi que houve?



Soldado - O coronel Hautjn quer falar com todos os oficiais amanhã sobre as batalhas em Recife.



É difícil acordar quando o sonho é bom e quando eles se acaba só resta pesadelos terríveis. Mas não dá pra andar em uma linha reta quando a vida nos oferece tantas curvas, temos que ser forte como o jucá (uma planta típica da região que se destaca por sua flexibilidade quando pequena) que faz de sua flexibilidade a sua maior força. Chegamos a dar várias voltas em um pé de jucá sem que a sua madeira quebre, depois que o soltamos, pouco a pouco ele volta ao normal.


O nosso espírito deve ser como a água que faz de flexibilidade a sua forma de sobreviver. Mesmo sendo manipulável ninguém e nada suporta a sua fúria e a sua força tudo destro! Na minha mente eu não queria admitir a rendição, mas lutaria até o fim se fosse necessário. Deixar estas terras seria o fim de um sonho e um prejuízo para a alma já que estávamos apaixonados pela terra e pelo povo que amavelmente nos acolheu e até morreu por nos. Mercien estava preocupada e tentava com as poucas palavras que sabia do meu idioma me alerta do que ela chamava de catástrofe. Mas ao perceber a sua preocupação mais o seu semblante brilhava, seus olhos, seu rosto eram para mim algo inspirativo a felicidade e seu sentimento me habilitava a felicidade e a paz que é tudo aquilo que o homem precisa pra viver.



As demais coisas são simplesmente as demais coisas. Tudo neste mundo que tem importância é feito ou produz por um grupo de no mínimo duas pessoas a felicidade não seria diferente. Um filho só é feito com a união de duas pessoas ou seres, uma semente só terá vida se houver a união entre a semente e a terra acompanhada pelo ...ar, tudo neste mundo que tem importância vem da união, vem do pluralismo. O fato é que o individualismo e o isolamento caminham para aniquilação e quem vive só pra se morrerá na solidão. Até Deus é pluralizado e aparece na forma de Elohim, um Deus único era três pessoas ou manifestações. Só somos apenas a metade de um inteiro em busca da outra metade para sermos um, para ser algo completo nesta vida. A felicidade sempre vem em forma pluralizada, nunca individual, egoísta. Precisamos fazer alguém feliz para sermos felizes também, é o incrível prazer do conceder e não somente do obter.



No forte de Santa Catarina houve uma reunião comandada pelo Coronel Hautjn e todos os oficiais da região.



Coronel Hautjn - Senhores oficiais quero vos comunicar o grande declínio do nosso domínio no Brasil. Vassalos principalmente no Recife tem colocado as nossas tropas em nós situações e muitas baixas houveram entre os nossos, índios que nos apoiam tiveram grandes baixas tanto nos combates quanto nos ataques dos vassalos a estes em suas aldeias. O governo dos dezenove não está com condições de responder a altura estes rebeldes, mas existe uma ordem para uma grande esquadra via nos socorrer a qualquer momento. Mas não podemos ficar a mercê do inimigo temos que nos preparar para o pior: toda retirada destas terras. Capitão Adrian aqui está uma lista com nomes e enderecei de nobres que moram na região e tem colaborado conosco desde que chegamos aqui nestas terras. Tão buscá-los e se eles quiserem tragam eles para o forte em ritmo urgente, leve os homens do tenente Van Soares e o próprio.



Capitão Adrian - Senhor o senhor está declarando retirada ?




Coronel Hautjn - Não, apenas uma prevenção para a mesma se houver necessidade.
Van Soares - E os nativos Potiguaras como é que ficam se formos embora?



Coronel Hautjn - Eu não tenho nada haver cora isto; obedeço apenas ordens o que você deverá obedecer também. Mas em caso de retirada se quiseres ficar a defendê-los fique.



Capitão Adrian - Senhor, derramamos o nosso suor e sangue por esta regido, merecemos respeito e as nossas decisões devem ser consideradas. O povo potiguara deve ser protegido já que nos defenderam desde 1625, quando navios nossos bateram nos arrecifes da Baía da Traição nas guerras e nos trabalhos, eles merecem que lutemos por esta região até a morte.



Coronel Hautjn - Oficiais façam o que eu ordenei, depois nos reuniremos novamente aqui. Cada oficial deverá proteger a família indicada na carta, muitas delas desertaram os Portugueses como fez Calabar o Alagoano que compreendeu a importância de do nosso domínio e do capitalismo que representamos. Calabar foi um grande Herói desta nação, mas Matias da Cunha o prendeu e em Portugal ele foi morto enforcado no tronco cortado em pedaços.

Estes Vassalos são muito violentos e não poupam nada, estão acompanhados da nação tabajara e sem Calabar o nosso governo não pode conseguir novos adeptos índios devido as muitas línguas. Estamos isolados e próximo do inimigo na cidade de Nossa Senhora das neves que tem uma multidão de índios tabajaras e caboclos e negros. Estamos em uma situarão muito difícil capitão Adrien e oficial Van Soares. Mão estou relatando a retirada apenas que tragam os nobres para o forte.




Então nos preparamos para alguns dias de viagem pelo interior. Junto com a nossa bagagem de guerra levávamos o peso da saudade antecipada e da derrota em nossos sonhos. No dia da reunião deixei a tropa em prepararão e com minha barcassa fui até a ilha da restinga como se quisesse se despedir de meu amigo Frei Domingues, mas ele não estava mais ali. Fiz a visita como se quisesse uma despedida à parte dele dentro de mim, Ninguém passa por nossa vida e nos deixa só, sempre deixará, um pouco de se dentro da gente. Seria como se plantássemos uma planta em cima de nosso coração e de repente esta planta fosse arrancada deixando parte de suas raízes dentro de nós e levando parte do nosso coração como terra em suas demais raízes.


Somos possuídos por tudo que temos. Da restinga fui para a minha casa no Porte velho mesmo sendo de palha ela era de ouro, pois tinha o brilho dourado da felicidade. Mercien estava apreensiva pois havia muitos comentários entre o seu povo, segundo seus gestos ela queria que eu abandonasse de imediato o exercito holandês e fosse para a Baía da traição com ela. Mas eu não era covarde de abandonar o meu povo, o meu capitão, sem terminar a minha causa. Aquela noite apesar de ser tensão foi prazerosa, pois o homem só descansará a sua matéria nos braços de uma mulher que o ame. Como todos os dias os pássaros me acordaram e Mercien me olhou com o olhar de satisfação por me ter em seus braços pardos, magrinhos e doces com a doçura que só uma mulher que ama pode dar.




Van Soares, - Tchau Mercien meu grande amor! Eu te amo tanto e sem você minha rida deixa de ser vida e passa a ser uma simples e mísera existência sem sentido e forma. Tchau meu amor!




Beijei a sua testa que era linda e bem feita, era o lugar preferido de meus beijos e cheiros. Deixei o forte velho na minha Barcassa rumo ao forte de Santa Catarina e no meio do Rio encontrei um grupo de soldados que vinham me buscar a mandado do Capitão Adrian.



Capitão Adrian - Van Soares já está tarde, muito tarde. Esquecestes de sua missão?
Van Soares - Não senhor . Eu ...



Capitão Adrian - Não precisa se explicar, pois eu queria ter um amor deste. Vamos, vamos seguir o nosso destino rumo ao interior.




Partimos em ritmo de urgência para o interior e quando a ponte de madeira do forte de Santa Catarina baixou senti um arrepião estranho e o som da porta ao fechar, me deu medo, um mau sentimento. Saímos em meio à mata e na Praia do Jacaré cruzamos o Grande Rio Sanhuá rumo sul oeste. Como eram grandes as distâncias e o calor estava insuportável, andamos muito e ficamos isolados de tudo. Acompanhados por índios jovens da nação potiguara caminhávamos entre matas e rios através de fazenda e engenhos de aliados e simpatizantes.



Ao chegarmos em uma destas fazendas os moradores nos receberam com muita alegria, nos deram água, alimento e hospedagem. Eles não quiseram sair conosco para o forte. Avisamos do perigo e notamos neles gratidão. Ao entardecer fomos dormir e recebemos cobertores para nos proteger do frio da noite t ao desenrolar os cobertores para dormirmos caiu de dentro deles uma bandeira Lusitana.




Van Soares - Senhor Adrian veja isto. Uma bandeira Lusitana nova guardada entre os lençóis e nos dada por engano.




Capitão Adrian- Van Soares este povo parece ter bandeira própria, as demais são utilizadas apenas como apoio. A política humana é cheia de falsidade e quem quiser trabalhar com o humano tem que saber lidar com a falsidade existente nela de ambos os lados, dos dominadores aos dominados.




Van Soares - Vamos embora dormir na mata.




Capitão Adrian - Não. Vamos ficar aqui, montaremos guarda que vai se revezar, estamos cansados demais.



Passamos a noite naquela fazenda e todos dormiram até as sentinelas. Mistérios me visitaram nos sonhos daquela noite.




Em meus sonhos eu Caminhava pela região de Lucena, sobre barro branco eu caminhava. Na minha caminhada eu encontrava Mercien que me acompanhou pelo caminho como se fossemos para a igreja da Guia.



Mercien - Van Soares espere e veja.



Mercien segurou o meu braço enquanto uma nativa linda passava pouco à frente onde estávamos. Repentinamente vieram dois homens brancos, um português e um espanhol tentando aquela nativa para concedesse a eles os seus prazer sexual. Ela rejeitou-os e foi por eles agarrada impiedosamente, na briga a índia nua arranhou a face daqueles homens que bateram muito nela e a estupraram fortemente. Em meio a gritos e tapas a índia era estuprada por aqueles homens de cruz nos peitos.
Van Soares - Vou salvá-la destes brutos . Vou ...



Mercien - Não espere e veja!



Aqueles homens serviciaram aquela índia e a deixaram meio morta de tantos maus tratos. Como em um sonho enigmático a barriga daquela índia começou a crescer, crescer, crescer e em dores de parto ela gritava tendo os seus olhos machucados e sua boca sangrando. Em dores ela deu a luz e cansada desmaia tendo a sua cria entre as pernas. A criança recém-nascida cresce como em uma magia e em pouco instantes ela passa de criança para menina, moça e depois uma linda mulher aparentando 19 anos. Linda com cabelos caídos sobre os seios viçosos, tendo um corpo escultural. Olhos lindos e boca perfeita, tudo nela era perfeito no tocante a beleza e a harmonia..



Linda mulher - Van Soares sabes qual é o meu nome?


Van Soares - Não linda mulher.


Linda mulher - Meu nome é América, América é o meu nome


Enquanto a moça linda chamada América dizia repetidamente o seu nome para mim, Mercien olhou para mim e disse:


- Poderá vim alguma coisa boa do mau? Poderá nascer uma linda criança de um estupro? Poderá, poderá.



Soldado - Senhor acorde, vamos tomar café, todos estão na mesa.



A mesa daquela fazenda estava farta de tudo que um faminto poderia imaginar. Ao sentar-se à mesa com as filhas do fazendeiro e toda a sua família percebi que a maior arma dos Brasileiros mistos com nativos da terra era a sua simpatia. Aquelas donzelas olhavam para nós como se dissessem nos leve, nos possua como mulheres suas, nos de filhos. Se os dominadores Holandeses tivessem promovido casamentos mistos no Brasil não teríamos que nos retirar deste lugar tão lindo sob ameaça. Milhares de holandeses mistos com nativos seria uma força política invencível. Aquele coronel de terras lutaria até a morte por seus netos mistos, mas as vezes as nossas regras são as nossas maiores fraquezas. Que moças lindas e seus olhos pareciam nos engolir sedentamente, talvez fosse a farda ou o nome, mas a verdade é que a melhor maneira de ter aliados é fazer filhos que até em discórdia conosco nos defenderá até a morte. Como a Bíblia diz: Quem tem muitos filhos não temerá quando o inimigo bater em sua porta. Fartamos-nos com tanta comida a tal ponto que faltou coragem de anda, então ficamos para o almoço.


Soldado - Tenente Van Soares cadê o Capitão Adrian?



Van Soares? - Não sei? Vou a sua busca.




Na saída da casa grande vi mulheres matando galinhas, perus, porcos para o almoço. Era uma festa que os nativos faziam mesmo que a nossa presença não significasse boas notícias. Procurei por todos os lugares o Capitão Adrian.



Van Soares - Capitão Adrian cadê você? Capitão, Capitão .




Só restava a mata, será que ele estava passando mau. Ao entrar no mato ao lado da fazenda dei de frente com uma das filhas do fazendeiro, ela estava toda descabelada e sua roupa colocada em desarmonia.


Moça - Oficial procura alguma coisa?



Van Soares - A senhorita está passando mal?


Moça - Não oficial estou muito bem.


Van Soares - A, senhorita viu o nosso capitão?



Com os olhos brilhando de uma satisfação inexplicável ela aponta para dentro da mata e sai como se estivesse querendo cantar e dançar ao mesmo tempo, seus passos pareciam leves como se não quisessem deixar pegadas. Entrei na mata e encontrei O capitão vestindo o seu uniforme.



Capitão Adrien - Van Soares! É tudo que você está imaginando é verdade. Superior força tem uma mulher de pernas abertas do que um exército armado com o maior dos canhões!




Van Soares – Há, há, há cuidado você está de estômago cheio.



Capitão Adrian - Não deu pra resistir os olhares desta brasileira. Eu sei que existe a pena de morte para esta infração, mas existe homem que não se contradiga sobre a terra?



Van Soares - Vamos senhor antes que desconfiem a nossa ausência por muito tempo.
Capitão Adrian - Vamos e depois do almoço partiremos para as demais fazendas e engenhos.



Almoçamos naquela fazenda, mas a receptividade era tão grande que passamos mais uma noite naquele lugar, a noite o Capitão ia ao mato para fazer as suas necessidades, estranhamente a filha daquele fazendeiro fazia o mesmo. O amor é um mistério, pode surgir de repente e no lugar e ocasião mais inesperado. Partimos daquela fazenda e todos vieram nos cumprimentar simpaticamente e a cada aperto de mão éramos cativados pela simpatia daquela gente. Ela também estava lá e se despediu do Capitão Adrien e até as árvores nos encobrirem de seus olhos ela balançava o lenço que ganhara dele em seus poucos encontros.


Às vezes criamos regras como se fossemos divinos, que decepção quando descobrimos que não passamos de simples homens mortais limitados e falíveis. Queremos ser divinos em nossos conceitos, mas fracassamos quando queremos colocá-lo em prática. Divino só Deus, basta a nós sermos simplesmente bons homens. Visitamos as aldeias e fazendas avisando-as do perigo Vassalo, mas os nativos pareciam não se preocuparem muito, Aquelas fazenda longínquas mandamos moços avisarem da grande investida que estava havendo. Corremos toda região avisando os aliados do perigo e uma possível e urgente reunião com o Coronel Hautjn no Forte de Santa Catarina. Em nossos avisos deixávamos a impressão que queríamos homens para lutarem contra um possível ataque.




Voltamos ao nosso lar com a mesma esperança de todo viajante: fie tornar aos braços de seu amor e ao lugar de seu descanso. No caminho percebi que o amor tinha visitado o coração de nosso Capitão e os sintomas são: desatenção dos fatos normais, cantarolar canções a muito esquecidas e olhar para os amigos com cara de estar vivendo um incrível sonho. Ao chegarmos na região da Praia do Jacaré, um caboclo local nos saiu em desespero.



Caboclo - Senhores eles já se foram, eles já se foram!!



Capitão Adrien - Eles quem?



Caboclo - Os holandeses, todos se foram rapidamente deixando tudo para trás, até suas roupas* Chegou alguns feridos do Recife e falou que as tropas holandesas tinham sido massacradas na região dos Guararapes e a rendição foi assinada. Eles se desesperaram e fugiram nos barcos que chegaram de Recife e os que estavam aqui foram também. Fujam que a cidade de nossa senhora das neves já foi avisada e do recife está vindo uma tropa com mais de oitocentos homens. O coronel Francisco Figueroa está vindo com estes oitocentos homens. Fujam amigos!



Capitão Adrien - Tem Alguém no forte?



Caboclo - Sim senhor, veio uma pequena tropa de oitenta homens da região de nossa senhora das neves. Veio ura nobre dos Lusitanos com eles,acho que é ura capitão senhor.



Van Soares - Estamos com trinta homens senhor e a maioria são nativos Potiguaras inexperiente.




Capitão Adrian - Meus troços e dinheiro estão na minha sala e eu não aceito esta retirada covarde.



Van Soares - Senhor o que vamos fazer?



Capitão Adrien - Vamos pegar o canhão da defesa externa e atacá-los enquanto eles não sabem manipular os canhões do forte. Peguem o canhão com rodas e coloquem carga máxima e vamos retirar as nossas coisas. O coronel Hautjn não devia ter saído e nos deixado assim. Vamos e tomaremos o forte novamente para retirada de meu dinheiro e dividirei convosco. Depois fugiremos se assim fizer necessário. Podemos tomar o forte e chamar os potiguaras para guardá-lo conosco enquanto enviarei carta ao governo Holandês.



Então pegamos o canhão que era utilizado para combate externo e que ficava escondido fora do forte. Arrastamos o pesado canhão pela rua da igreja visando chegar junto ao forte, mas enquanto levávamos o canhão em ritmo acelerado fomos surpreendidos por uma multidão de soldados e índios tabajaras dispostos a lutar. Notamos que nos olhos deles havia medo, mas um nobre branco os guiava. Ele estava vestido com aquelas roupas nobres com colarim até o pescoço.



Capitão Adrien - Não sabemos o que está havendo mas não vamos permitir este domínio repentino, temos que retirar os nossos pertences do forte, vamos , vamos tragam o canhão!



Van Soares- Senhor eles não tomaram posse totalmente do forte, mas possuem um grande número de nativos..São muitos senhor!



Capitão Adrian - tá com medo Van Soares ? Eu morrerei se for preciso, mas tirarei os meus pertences enterrados no forte. Vamos, vamos!
Enquanto o Capitão Adrian e sua tropa avançam rumo a fortaleza de Santa Catarina uma multidão Armada constituída na sua maioria de índios tabajaras com alguns oficiais portugueses saíram ao seu encontro dispostos a lutarem. Possivelmente esta tropa lusitana tenha vindo da cidade de Nossa Senhora das Neves, do Forte de São Francisco assim que souberam da rendição dos holandeses em Recife, mas o Capitão tinha todos os seus pertences enterrados em uma sala no forte e não iria abrir mão de levá-los consigo.



Van Soares - Senhor São muitos!



Cap. Adrian - Atirem neles com o canhão, atirem agora!



Van Soares - Preparem o canhão e fogo!



A turba armada de foices e armas de fogo se aproximavam tendo a frente um lusitano branco como líder. A tropa Holandesa preparou o canhão enquanto as duas tropas se analisam e vagarosamente se aproximavam.



Van Soares - Eu disse: Atirem!



Mas enquanto os soldados acertam a mira o que assustava a tropa adversária o fogo que era colocado na cavidade superior traseira do canhão não fazia com que todo o canhão explodisse, o fogo era colocado, mas o fogo saia pela culatra sem disparar o canhão. O fogo não atingia o interior do canhão, só a culatra explodia. Porém mesmo com a existência deste problema o tamanho do canhão e a possibilidade dele explodir mantinha o inimigo lusitano em macha lenta e cuidadosa, eles vinham do lado norte para o sul os Holandeses do sul para o norte.


Precisaríamos retomar o forte abandonado se quiséssemos recuperar o que nos pertencia. Em nossos corações havia a rebeldia contra a rendição de nosso povo, não queríamos aceitar sem lutar.


Enquanto o imediato do Capitão Adrian gritava com os soldados embaraçados com o canhão o meu grande amor a índia Mercien chegou alvoroçada segurando o meu braço direito me chamando para fugir daquele combate. Ela não sabia falar direito a minha língua, mas em seu idioma tupy eu percebia a sua intenção, A nativa Mercien queria que eu deixasse o combate imediatamente, pois segundo ela a guerra estava perdida.
Van Soares - Não vou Mercien. Eu não sou covarde; não vou abandonar o meu capitão.
Mercien - Vamos, vamos, está perdida a guerra, perdida, vamos, vamos:
Ela insistia que eu abandonasse imediatamente aquele combate e quase em desespero puxava o meu braço na frente de todos. A tensão aumentava e os lusitanos se aproximavam de nossa tropa e com a moral de vencedores no seu semblante seus olhos nos encaravam.




Van Soares - Vá embora Mercien, vá embora por favor! Mercien - Vamos, vamos, tá perdida a guerra, tá perdida.




Van Soares - Vá embora, por favor, depois nós aos encontraremos. Aqui é perigoso, muito perigoso vá agora, não atrapalhe.




Agarrada em meu braço a amável índia parecia desesperada com suas lágrimas caindo sobre o seu rosto lindo.



Ela queria me salvar de toda forma.



Capitão Adrian - Van Soares esta nativa está atrapalhando, mande ela ir embora, aqui está muito perigoso!




Van Soares - Preparem as armas para o confronto!



As armas foram apontadas enquanto alguns soldados ainda tentavam acionar o canhão sobre minhas ordens? O tiro do canhão igualaria o número de combatentes que era muito desigual.



Capitão Lusitano - Holandeses se rendam ao rei Dão João e a família Bragança!
As duas turbas raivosas cruzavam seus olhares e um ao outro insultava com gestos de ameaça apesar da distância. O confronto parecia inevitável, pois a realidade da rendição era terrível. Aqueles homens poderiam nos matar na forca ou nos colocar em navios e nos abandonar em terras ou ilhas desertas. A rendição naquela hora talvez fosse mais perigosa que lutar, os ânimos estavam exaltados e talvez houvesse um sentimento de vingança nos corações daqueles homens.




Mercien - Não, não, vamos, vamos esta guerra não é sua vamos comigo!
Van Soares - Eu não sou covarde, não deixarei o meu capitão.




Os combatentes se preparam e no ar já começava ter um cheiro de morte. A turba raivosa se aproximava a uma distância perigosa e eu não mais ouvia os chamados desesperados de minha amada índia. Todos apontam as suas armas, mas ninguém tem coragem de dar o primeiro tiro e nós continuamos gritando: Atirem com o canhão, atirem! Mas algo estava errado naquela arma de destruir homens. O líder Lusitano retira da cintura a sua arma e aponta para nós e atira. O som daquele tiro parecia o eco do inferno e a fumaça da pólvora demônios em pleno ar. Repentinamente Mercien caiu ao meu lado segurando o meu braço e os tiros estouraram de ambos os lados criando uma cortina infernal de fumaça de pólvora.


Em meio aos sons e a fumaça dos tiros eu socorria Mercien que definhava ao meu lado segurando o meu braço direito.



Van Soares - Mercien por favor, Mercien, Mercien por amor de Deus fale comigo.
Com os seus olhos pretos Mercien olhava profundamente para mim com grande amor refletido em seus olhos. Como se quisesse guardar a última imagem da vida, Mercien gravava cada parte do meu rosto com estimada atenção. Eu chorava e não acreditava no que estava acontecendo.




Van Soares - Mercien por favor , Mercien , Mercien por amor de Deus fale comigo, fale comigo meu amor!




Em meu idioma que ela tinha tanta dificuldade de entender e falar Mercien diz:
Mercien - Van Soares de Goa Hopper eu ... eu... te ... te... amo muito meu amor ... amor!



Van Soares - Mercien não, não Mercien meu Deus porque??



Mercien a minha amada índia morre nos meus braços me chamando de amor, dizendo que me amava no meu próprio idioma. Ela como se quisesse continuar me olhando morreu com os olhos abertos mesmo depois do último suspiro. Enquanto eu segurava o corpo da minha amada em lágrimas as duas turbas armadas se enfrentavam de longe com tiros como se as duas tropas se observassem respeitosamente.



Van Soares – Mercien!!!



O meu grito ecoou mais alto do que os tiros que estavam sendo disparados, a mata, os bichos e as pedras se calaram mediante o meu “berro” de horror e dor. O meu grito segurando a minha amada pareceu assustar até a turba inimiga que olharam uns para os outros. Deitei delicadamente o corpo da minha amada índia cor de canela e puxei como um insano a minha espada e o punhal que recebi de meu pai e em gritos que demonstravam extrema dor e ódio, parti para cima da tropa lusitana cego a tudo e a todos em prol de um objetivo sem preocupar-me com a morte. Vendo os meus companheiros de farda partirem para cima dos portugueses e tabajaras, toda a tropa do Capitão Adrian me seguiu de uma tônica vez sem ser necessário nenhuma ordem. Como o amor o ódio também é contagioso. Partimos ferozes para cima daqueles homens dispostos a morrer ou a matar. Eu só via na minha frente aquele oficial lusitano e os caboclos, soldados e índios que cruzavam a minha frente experimentavam o sabor das minhas navalhas, minhas pernas pareciam correm sem preocupar se haveria vida depois daquela maratona insana.


A ira causa uma loucura e todos os sentidos perdem o controle e a impressão que temos é que tudo em nos está pegando fogo. Os lusitanos não esperavam tamanha reação de todos os Holandeses que estava ali e dos índios potiguaras que viram a filha de Potyassur morrer. A maratona da morte terminou com um incrível tinitar das espadas, facões e foices. Fomos sobre eles como uma onda do mar brava e impiedosa. O oficial lusitanos recua para dentro de sua tropa, mas eu abri caminho a espada e punhal ate chegar perto dele. Ao me aproximar do oficial inimigo ele ergueu outra arma desferindo um tiro em minha direção que não reteve a minha intenção de matá-lo. Senti um cheiro forte de pólvora e sangue queimado, mas saltei sobre aquele homem com a minha espada e punhal desferindo vários golpes nele. As minhas mãos estavam descontroladas e não paravam de ferir aquele que matou o meu amor.





Van Soares - Miserável você matou meu amor, tome, tome a sua recompensa!
Aquele oficial já não tinha vida, mas eu continuava furando o seu corpo com toda a minha força. A minha vista foi escurecendo, escurecendo e os sons das armas foram diminuindo e eu apaguei.



Acordei um bom tempo depois e estava sobre uma maca feita com paus e cipós carregada por soldados que corriam nos mangues depois da praia do Jacaré.
Soldado - Vejam ele retornou. Há , há, Van Soares vocês está vivo! Que bom!
Van Soares - Homens o que foi que houve?



Soldados - Você é um herói, matou o capitão português na frente da tropa dele. Mas você foi ferido no ombro direito e o Capitão Adrian morreu no combate. Perdemos a batalha senhor mas você é um herói, um bravo homem! Não se mexa muito.



Soldados - Vamos, vamos eles estão vindo, não parem.


Van Soarem - Cadê Mercien meu grande amor ?



Soldados - Morreu em seus braços e não tivemos tempo de recolher o corpo.



Van Soares - Eu também morri, falta apenas o meu corpo. A minha alma não mais existe ela morreu com Mercien.



Enquanto os soldados carregavam a maca comigo eu pensava o que eu vivera até aquele dia, eu pensava no dia que saí de Amsterdã rumo as terras dominadas. Pensava também que na guerra não existe vencedores, existe sim aqueles que menos perdem. Quando saí de Amsterdã para as terras dominadas...














RESUMO HISTÓRICO FINAL



LIVRO BAÍA DOS HOLANDESES

JOILSON DE ASSIS

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Depois da última batalha dos Guararapes no Grande Recife todas as forças Holandesas foram vencidas e obrigadas a se retirar em caráter de emergência. Alguns Holandeses se retiraram para o interior dos Estados do nordeste vivendo entre os Nativos, outros fizeram acordos financeiros com os lusitanos, alteraram seus nomes e permaneceram nas terras em que estava sob o domínio da coroa Portuguesa. O mesmo aconteceu com a grande multidão de Judeus que acompanhavam os Holandeses sendo este grupo mais prevenindo. Eles fugiram para o interior, mudaram de nomes para não sem caçados pela inquisição da igreja Católica. Â igreja acompanhada pelos lusitanos tomou muitos prédios e terras daqueles que eram considerados Judeus. Atribui-se a igreja católica a grande força que faz o domínio Holandês cair no Brasil já que ela dominava a língua dos nativos como o tupy dos tabajaras.



A grande força Católica aliada aos lusitanos colocou os nativos e mistos contra os dominadores Holandeses protestantes e radicais. Sem os nativos e a igreja os Portugueses no estado de endividamento que se encontrava não teriam condições para retomar as terras do Brasil. Na verdade o Brasil DECIDIU (Através dos nativos) SER PORTUGUÊS!



Os Holandeses partiram levando os seus sonhos e pesadelos deixando saudades em muitos e mortos em saudosa memória. A força Holandesa na Europa decidiu reagir e em uma ação militar planejada forçou os Lusitanos a negociar os prejuízos que teve. Eles bloquearam o Rio Tejo e forçaram os dominadores Portugueses a .parar com a perseguição ao Holandeses restantes nas terras dominadas e a Pagar uma multa de quatro milhões de cruzados em dezesseis anos . Forçada a ceder, a coroa Lusitana faz um acordo com os Flamengos até para não ter que enfrentar a maior armada do mundo que tinha importantes aliadas.




Com o acordo feito na Europa os Brasileiros foram jogados a própria sorte e sem dinheiro para investimento veio a chamada s A GRANDE DEPRESSÃO. Um momento de incrível estagnação e marasmo que geram revoltas e guerras como a dos mascates. Sem dinheiro o governo Português recruta infratores e prostitutas para as terras do Brasil com a intenção de povoá-lo. Nasce também à era das conquistas no interior do Brasil através dos Bandeirantes e a dizimação de milhares de índios através de exércitos partindo da Bahia rumo ao interior visando terras para a criação de gado. Nasce o tempo da grande carnificina, do genocídio dos nativos do interior do Brasil.
O Brasil passa a prospera com as bênçãos de Deus déca¬das depois com a chegada da família imperial no Rio de Janeiro trazendo grande comitiva de nobres e artistas. A descoberta de ouro em muitas regiões e o café como o ouro negro do Brasil produzindo muitos barões.





Acerca de Van Soares de Soa Hopper





Depois do ultimo combate que ele enfrentou junto ao forte de Satã Catarina os seus soldados o levaram para o meio dos nativos Dzebucuá Cariris das terras de Bodopitá, na planície de Campina Grande. A história se contradiz, alguns dizem que Van Soares voltou em navios de mercadorias como um simples homem a Holanda. Outros acreditam que ele voltou às terras de seu grande amor! Forte Velho, Lucena, Cabedelo, tenha encontrado um tesouro que o Frei Domingues declarara que havia na, restinga, no lugar que o referido frei indicou para o seu sepultamento.


“Na morte há incríveis tesouros” Disse o frei. De posse de uma grande fortuna Van Soares de Goa Hopper comprou as terras aonde havia a cabana de seu amor e parte da ilha das cabras. De sua descendência surgiram os Goeis e Soares brancos que foram grande comerciantes e políticos na região. O sobrenome Hopper foi anulado para não haver uma identificação de sua pessoa. Van Soares viveu toda sua vida no Forte Velho, onde foi a sua cabana se encontra hoje a casa da família Soares que foram se transferindo vagarosamente para a cidade de nossa Senhora das Neves, depois chamada de Parahiba e atualmente João Pessoa. A família Soares deu origem ao ilustre José Eugênio Soares, Jô Soares de grande nome no Brasil e exterior. A família Soares vendeu as terras e as casas aonde havia a cabana da nativa Mercien a família pessoa que até hoje a possui. Na atualidade esta casa está sendo guardada por um morador local sob o olhar de José Elias Pessoa, membro da família e colaborador deste livro.




A memória de todo Holandês que veio a Paraíba!



A Jô Soares este brasileiro ilustre minha



homenagem e dedicação desta obra.




Na Paraíba os índios Potiguaras foram perseguidos e em sua grande parte dizimados. Na ressaca de um grande amor os nativos chamados de POTIGRUARAS não admitiram o domínio Português com entusiasmo, ficaram pobres e resumidos a uma extinção de terras no litoral norte da Paraíba. Permaneceram com eram ate os dias de hoje, como se o tempo não tivesse passado para eles. Continuam habitando nas matas em uma reserva junto a região da Baia da Traição com pouquíssimas evoluções. Muitos se misturaram aos visitantes em Bauyex, Santa Rita, mas os que não se misturaram estão do mesmo jeito que os Holandeses os encontraram a mais de trezentos anos. A grande mistura dos Potiguaras na história talvez tenha sido com os franceses em uma tentativa frustrada de domínio em 1590, mas como povo, o grande amor destes, foram com os Holandeses até os dias de hoje e como viúvas de um grande amor que passou pararam no tempo de sua saudade. Logo eles, que foram OS PRINCIPAIS ALIADOS DOS HOLANDESES NA REGIÃO, tão poucos recursos receberam.





A história mudou e as vozes daqueles que morram desapareceu no tempo. Desapareceu? Não! Elas se interiorizaram em cada partícula da região que já foi chamada Baía dos Holandeses. A pobreza e desequilíbrio financeiro vieram sobre as terras do Brasil enquanto os Holandeses passaram a investir em outras terras e até de beterraba fizeram.







O AUTOR




Joilson de Assis nasceu em 23.06.71 na cidade do Rio de Janeiro, filho de retirantes nordestinos de Campina Cirande para onde voltou ainda criança. Criado na cidade Rainha da Borborema, Campina Grande, em uma vida simples de filho de Oleiro e agricultor. Desde sua meninice ele fazia de sua imaginação super fértil uma companhia até nas brincadeiras de crianças transformando a carroça de burro de seu pai um escritório universal de diversas criaturas espaciais que vinham combater na terra. Bacias d´água se tornavam oceanos e paus guerreiros das galáxias que combatiam ferrenhamente durante o dia todo sob o som das bombas que saiam da boca do estimado escritor.




Na adolescência, Joilson Assis se filiou a igreja evangélica aonde passou a exercer cargos, a viajar pelos sertões e a ter contato direto com a cultura nordestina a qual sempre foi apaixonado. Sempre analítico, Joilson Assis passou a analisar o jeito de falar dos nordestinos, suas histórias, contos e maneira de ver a vida. Agraciado por Deus com uma boa oratória sempre era solicitado para palestras nos lugares mais longínquos dos sertões e das serras. Desde adolescente, o escritor recebeu um dom de Deus muito interessante, os dons de: visão e o discernimento de sonhos os quais eram utilizados na igreja.


Foi colocado como Evangelista, conferencista e aos vinte e quatro anos tornou-se teólogo formado no Instituto Teológico Superior de Missões no curso superior de Teologia e missões. Voltado a humanismo e a cultura. Joilson Assis passa a escrever as histórias que acompanhou nos sertões, livros de teologia, história e teorias comportamentais. Auxiliado por visões ele passa a escrever História e estórias do nordeste, do seu povo e dos mistérios que encontrou em sua jornada. Entre os livros que Joilson Assis escreveu estão: Enigmas de Sonhos e Visões de Quinhentas páginas, Coletânea de pensamentos Filosóficos com mais de cinco mil pensamentos, A teoria do disco Rígido, uma teoria comportamental; o incrível continente Adâmico; Tatú Dudú a história de um tatu nordestino,infantil; Nego Chumbo e Maga Ziza, um romance na cidade de Areia, brejo paraibano.



Aflições de um frei - Frei Lorenço e a história do convento de São Francisco na Paraíba; O diário de Filipe Lorenthz,a história de um naufrago no litoral norte da Paraíba, Dominadores de mentes um livro teórico dentro da área de infectologia; Memórias malditas, um ficção teórica acerca dos chineses na Paraíba; Riacho das Quengas um livro histórico acerca do açude de Bodocongó e de uma quenga chamada Verônica com suas aflições; Aflições de um Garçon Nordestino que reúne vários contos engraçados vividos ou assistidos por alguns garçons de Campina Grande; fantoches de Deus uma refutação total da doutrina Calvinista, um livro Teológico; nas chamas do avivamento um livro Teológico Avivalista; como evitar problemas um livro de auto ajuda baseado na bíblia e na psicologia.




O escritor Joilson Assis vive a buscar história e contos do Nordeste principalmente da Paraíba, seus escritos estão sempre ligados à história, ao amor, ao ódio e ao metafísico. Histórias sonhadas se transformam em livros emocionantes e visões em teorias interessantes. O virtual do escritor é cheio de metáforas e criaturas enigmáticas com ensinos avaliados em alta filosofia. Pesquisador incansável Joilson Assis da Silva escreve por prazer e por amor a cultura que participa. Seus livros são grandes mensagens enigmáticas com muitas teorias inéditas nunca criadas que faz do intelectual nordestino um divulgador da cultura de sua terra.





Valdemir Vieira Sales



Patricia Mniz Sales



Rebeca Diniz Sales



Valdemir David Diniz Sales















ESCRITORJOILSONDEASSIS
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